Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Mês: agosto 2016 Page 1 of 2

Hiato de Bikini #1

A partir de hoje, 29 de Agosto do ano da graça de nosso Senhor de 2016, o Cachorros de Bikini entrará em hiato. O mês de setembro promete ser bom, mas não para a periodicidade das publicações. Diante desse quadro de total imprevisibilidade a melhor solução é me desculpar por não ter criado uma reserva de publicações para um período como esse dar uma pausa, aproveitar pra oxigenar as ideias e começar tudo de novo. Nos vemos no finalzinho de setembro ou quem sabe no comecinho de outubro. É ligeiro, quando alguém notar que eu fui já estarei de volta.

Caretas Olímpicas 2016

    Acho que todo mundo já tá cansado de me ouvir falando sobre como eu gosto dos Jogos Olímpicos. De como tudo é sensacional, épico, maravilhoso e derivados, mas hoje não. A inspiração para esse texto surgiu quando eu vi uma notícia sobre uma das vitórias de Thomaz Bellucci e me deparei com essa foto.

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    A partir desse momento decidi que assim que os Jogos terminassem eu faria um post especial dedicado às caretas dos atletas e como ontem, 25 de Agosto, foi dia da careta…

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    Atleta não é ator, não é artista, não tá ali pra aparecer bonito na tela. Quem vai pra Olimpíada quer competir, ganhar medalha, quebrar recorde, ninguém tá nem aí pra careta que vai fazer… E graças a Deus por isso.

    A magia da câmera lenta e as maravilhas das fotos tiradas aos montes em cada segundo de competição nos permitem ver o real esforço que os atletas, ou a falta dele no caso dos Usain Bolts da vida. As galerias de imagens com caretas estão aos montes por aí, fazendo uma busca ligeira para fazer esse post me deparei com galerias de imagens de jornais, galerias de imagens de portais voltados para mulheres, e até mesmo galerias de imagens em matérias que não tem absolutamente nada a ver com careta. Mas nenhum atleta olímpico na face do planeta conseguiu chamar tanta atenção por suas caretas do que Fu Yuanhui.

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    Fu provavelmente é a atleta chinesa mais espontânea que já colocou os pés numa competição olímpica. Se brincar ela está entre as atletas mais espontâneas de toda a história dos Jogos. Ela fez um sucesso gigantesco na internet durante os primeiros dias de natação e não é de se estranhar que galerias com as imagens dela aparecessem aos montes internet a fora. Fu ganhou o coração do público principalmente por desconstruir um pouco a imagem do atleta asiático fechado e super disciplinado. Não só as caretas, a animação e as reações da atleta chamaram atenção, a nadadora quebrou alguns muitos tabus ao dizer abertamente que seu desempenho na prova de revezamento foi prejudicado por estar menstruada.

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Se não tem careta é por que o cara não tá se esforçando. Esporte sem careta não existe e obviamente o maior evento esportivo do mundo não poderia ser outra coisa se não o maior festival de caretas do mundo. Me arrisco dizer que é o festival com as melhores caretas do mundo… Falta muito pra 2020?

Olimpíada Em Câmera Lenta

Os Jogos Olímpicos de 2016 encerraram no último domingo e, assim como suas edições anteriores, deixou uma quantidade incalculável de imagens impressionantes. Durante os poucos eventos que eu consegui assistir e acompanhando a cobertura dos Jogos nas internets cheguei à conclusão que Olimpíada é uma coisa pra se ver em câmera lenta.

    Como eu disse no dia da abertura, os Jogos por si só são uma das coisas mais incríveis do universo, mas, assim como tudo na vida, a beleza do evento olímpico está no detalhe. A beleza que se esconde na força, na técnica, no salto, na queda, no salto, no suor e na dor. Graças às transmissões podemos ver coisas que só são reveladas pela magia do replay, uma câmera lenta que supera qualquer slow motion do cinema. Detalhes que até um tempo atrás passavam invisíveis diante dos olhos de todos. Cenas que não foram ensaiadas para desfilar vagarosamente na tela do cinema, mas sim detalhes garimpados pelos olhos que miram a alta definição das câmeras.

    E o que dizer dos atletas? Não é de se estranhar que pessoas que eles dessem um jeito de levar para dentro das competições um pouco da sua personalidade. Não foi raro ver imagens de atletas com suas tatuagens, equipamentos personalizados e unhas decoradas. Dentro da rigidez dos regulamentos os competidores conseguiram levar um pouco de suas vidas pra dentro das arenas, ginásios e estádios. Seus desejos, suas motivações e seus sonhos entraram com eles em cada prova. Saber que Nathan Schrimsher competia “Por Você” ou que a arqueira carregava nos braços o desejo de ser “Melhor” e que Lee Eun-ju só queria registrar o momento em que competiu com a vizinha da Coreia do Norte, nos faz enxergar todos aqueles atletas como seres tão humanos quanto qualquer um de nós.

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Pessoas que estão ali vivendo o ponto alto de suas vidas. E não é de surpreender que aqueles que usam o corpo como ferramenta de trabalho registrem em seus corpos algo que suas mentes nunca vão esquecer.

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Pra encerrar convido a todos a acessar a galeria de imagens sensacional que está lá no site do jornal El País ou qualquer outra galeria com registros dos Jogos de 2016, até uma busca no Google Imagens tá valendo, mas não deixe de olhar os últimos dias de competição em câmera lenta. É impossível não se surpreender.

Contos de Segunda #55

    Vocal se mudou para uma casa nova. Na prática não existia a “casa velha” já que ela morava no mesmo apartamento de cinquenta metros quadrados desde sempre e pela primeira vez ela moraria em um lugar onde arrastar os móveis não acordava o bebê do vizinho ou que ouvir música sem fones de ouvido era uma espécie de crime, mas a melhor parte dessa mudança tinha relação com a banda. Finalmente as 4 Ladies teriam um lugar para ensaiar.

O antigo dono da casa era uma espécie de artista plástico e o local do antigo ateliê receberia um revestimento acústico e seria transformado em um estúdio. Custaria um ano de mesada de cada uma das integrantes da banda, seriam cinco anos, mas Baixo tinha uma mesada bem mais gorda do que as amigas. Amigas que não demoraram a chegar. O revestimento acústico só estaria instalado na semana seguinte, mas elas já estavam levando os equipamentos.

— Tu devia trazer tuas coisas sozinha, Bateria — reclamou Guitarra. — Minha guitarra e meu cubo já são muito pesados.

— A culpa não é minha — rosnou Bateria. — E para de reclamar que teu cubo tem rodinhas e tu nem pegasse nada muito pesado.

Guitarra estava com sua guitarra presa nas costas, o amplificador era puxado pela mão esquerda e a direita levava uma das peças menores da bateria.

— Cada uma devia cuidar do seu equipamento — rebateu Guitarra.

— Ela é quinze centimetros mais baixa e pelo menos dez quilos mais leve que a gente, Guitarra, ela ia demorar muito pra levar tudo sozinha — argumentou Baixo, ela levava o baixo nas costas e o bumbo da bateria. — Ainda demos sorte de arrumar uma kombi pra trazer as coisas pra cá.

— Isso mesmo, cala a boca e ajuda — completou Bateria. — Ou pelo menos para de atrapalhar.

— Vocês mal chegaram e já estão brigando? — Perguntou Vocal saindo do portão da frente.

— Gostei da casa, Vocal, parece que o tempo de morar num ovo acabou — elogiou Guitarra.

— Agora o plano de ter um cachorro vai sair do papel? — Perguntou Baixo.

— Só não vai rolar de chamar de Elvis — respondeu Vocal fazendo uma expressão desapontada. — É o nome do cachorro da vizinha.

— Tá, Tá. Casa bonita, muito legal, parabéns pros teus pais, mas vai ali pegar as coisas que o dono da kombi quer ir embora — interrompeu Bateria.

— Já vou, já vou. Tem uma porta lá nos fundos da casa, é só entrar por lá e armar as coisas — instruiu Vocal.

Meia hora depois o equipamento estava ligado. A bateria estava montada e uma gambiarra pouco confiável garantiu a eletricidade para os amplificadores.

— Acho que ninguém vai se incomodar se a gente tocar agora, né? — Perguntou Vocal já sabendo da resposta das amigas.

— A gente carregou tudo isso em uma kombi velha que fedia a ração de cachorro e não tinha os bancos — explicou Guitarra. — Não existe essa dúvida sobre tocar ou não.

— Eu quero dar o meu “oi” pros vizinhos — disse Bateria com uma piscadela. — E muito se engana quem pensa que eu coloquei um short só pra desfilar minhas pernas na rua.

— Vamos tocar a música nova — disse Baixo. — Guitarra, lembra de entrar depois que eu fizer a introdução uma vez, Vocal se liga de entrar depois do solo. Beleza? Bateria, conta quatro.

Uma, duas, três, quatro vezes as baquetas se bateram e a música começou. Rápida e agressiva. Os quatro corações acelerados batiam no ritmo da música, na sintonia perfeita que as quatro só tinham quando estavam juntas. Pelo menos até a poesia do momento ser interrompida. Do nada um cachorro atravessou a janela do antigo ateliê e caiu bem no meio do ensaio.

— O que foi isso? — Gritou Guitarra.

— Foi um cachorro, olha lá — disse bateria apontando para o pobre animal.

— Elvis! — Exclamou Vocal.

O pobre cachorro da vizinha parecia apenas parcialmente consciente. Ele corria em círculos furiosamente, rosnando e latindo. Ele estava quase lembrado do desejo destruidor de rasgar alguém com os dentes quando ele ouviu uma melodia que o fez parar. Baixo estava executando uma linha melódica de uma beleza que deixou até suas companheiras de banda surpresas. Poucos segundos depois Elvis estava paralisado, não demorou muito e ele caiu desacordado. Baixo colocou o seu baixo de lado, pegou o cachorro no colo e disse:

–Vou levar ele em casa e já volto.

Eu Não Me Arrependo de Nada

Hoje estava eu conversando com uma amiga minha. A conversa ficou meio séria e ela falou ligeiramente sobre o impacto que algumas escolhas tiveram na vida dela. Por um instante eu pensei que ela estava se lamentando, mas uma coisa que ela disse me fez mudar radicalmente de ideia. Pra fechar todo o discurso ela disse: “”mas eu não me arrependi”. Imediatamente vieram duas coisas na minha cabeça. A primeira foi esse GIF da galinha que não se arrepende de nada.

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A segunda foi que nem tudo que a gente não fez é motivo de arrependimento.

Pare pra pensar em quantas coisas que você fez e geraram algum tipo de arrependimento. Quantas dessas coisas você se arrependeu de fazer só por que os outros esperavam que você se arrependesse? Não falo de erros, falo de escolhas. Coisas que cabiam apenas a você decidir e o único a sofrer as consequências foi você mesmo. Se você desistiu de fazer alguma coisa ou de seguir algum rumo e a decisão foi sua, não pense em como poderia ter sido ou como seria tomar outro caminho. Saboreie o mérito de segurar as rédeas da sua própria vida. Olhe na cara fria e cruel da realidade e diga:

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Boa parte das nossas inseguranças vem do medo de se arrepender depois. Não digo para sermos inconsequentes, mas naquelas horas que faltar um pouco de coragem, olhe para o abismo e quando der aquele salto de fé na direção do vazio diga:

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Mudar os planos, desistir, aceitar e seguir em frente faz parte da vida. Não deixe ninguém te fazer sentir um falso arrependimento. Lembre que é pra frente que se anda e essas coisas só fazem ocupar um espaço que não é delas. Se você parar pra pensar vai ver que muito do que muita coisa que você passou não teve nada a ver com erro ou acerto. Muitas vezes não existiram escolhas erradas ou certas, apenas escolhas e não foi mais ninguém além de você quem decidiu. Aposto que quando você fizer uma retrospectiva disso vai chegar à mesma conclusão que esse macaco aqui chegou.

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Não tenho muito pra dizer depois disso, só desejo menos arrependimento e um pouco mais de leveza na vida de todo mundo. Esqueçam um pouco essas coisas chatas e aproveitem o passeio… Ou a descida do barranco.

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“Acho Que Tá Limpa”

    Ontem estava eu manufaturando minha refeição noturna quando tive uma iluminação divina. Um daqueles momentos em que você atenta para algo que sempre esteve ali e sempre passou batido. Tudo aconteceu quando eu usei uma faca e joguei no balcão da pia. Pouquíssimo tempo depois precisei de uma faca olhei pro balcão da pia, mais especificamente pra faca que eu acabado de jogar lá, e pensei: “acho que tá limpa”. Naquele exato instante eu atentei para a maravilha de um sentimento que eu já tinha experimentado. Eu degustei o maravilhoso sentimento de simplesmente não ligar pras coisas.

    O nosso mundo atual coloca na cabeça da gente uma série de preocupações. Preocupação com o futuro, com o passado, com o governo, com os árabes refugiados, com o fim do pacote de dados do celular, com a zika, com a hora de acordar, com a hora de dormir, com a hora de acordar, com o que a gente come ou não come e mais um monte de coisa. Como é saboroso o momento de total abstração, de não se importar, de cagar e andar não estar nem aí e nem vir chegando. Como é deliciosa a inconsequência cotidiana que nos dá coragem pra tomar aquele negócio que já fez aniversário na geladeira ou que nos faz ignorar a existência de germes ou bactérias. Que nos motiva a comer aquele lanche no meio da rua que é praticamente um desacato à saúde pública em forma de alimento gorduroso.

    Diversas vezes eu fui classificado como uma pessoa que não liga pras coisas. Várias vezes de fato eu tive atitudes que reforçam essa verdade, mas nunca tinha parado pra pensar no quanto isso é libertador. É provável que a coincidência de um momento desse acontecer em uma época em que várias coisas consomem meu juízo. Não consigo puxar da memória um momento em que os efeitos terapêuticos de conseguir brevemente parar de me importar com tudo.

    Pra encerrar convido você, querido leitor, a se desapegar um pouco das preocupações. Convido a testar os efeitos terapêuticos de se desapegar das nossas próprias preocupações. A respirar fundo e encher os pulmões com o ar das pequenas irresponsabilidades da vida.

Contos de Segunda #54

Elvis detestava o mês de Agosto. Em Agosto ele se sentia estranho, agressivo, impaciente e qualquer coisa incomodava de forma inacreditável. Também era o mês em que nada fazia muito sentido dentro da cabeça dele. Comer coisas que normalmente não eram comestíveis, acordar em locais onde ele não dormiu e agir antes de pensar eram a rotina de Elvis no mês oito do ano.

Elvis era um cachorro e no mês de Agosto ele ficava louco. Mas houve um Agosto em especial em que ele ficou muito mais louco que o normal.

Elvis morava em uma casa. O bairro era tranquilo, distante do centro, cheio de pessoas idosas.  Era. Até uma bela manhã de agosto em que os novos vizinhos chegaram. A família era composta por um homem, uma mulher e a filha do casal. A família parecia normal, Elvis estranhou a maquiagem pesada e as roupas pretas da filha, mas devia ser algo da moda. No meio da tarde chegaram mais três garotas com roupas parecidas. Elvis começou a achar que todas as jovens humanas se vestiam daquele jeito e, aparentemente, elas viviam se mudando, essas também carregavam um monte de caixas de formatos diferentes. Meia hora depois começou.

Elvis nunca tinha ouvido nada tão perturbador. Se ele pudesse definir provavelmente chamaria aquilo de sinfonia do demônio. A raiva crescia, o coração disparou, a saliva se virou em espuma  e um rosnado gutural quase alienígena brotava da garganta. O pobre animal tremia de raiva. Aquilo precisava parar, ele precisava fazer parar. A raiva não deixou o coitado raciocinar o suficiente para encontrar uma forma engenhosa de chegar à casa ao lado. Ao perceber que a sua dona estava abrindo a porta ele saiu em disparada, fez uma curva de noventa graus e, só Deus sabe como, atravessou a cerca viva, penetrando o terreno vizinho. Agora ele precisava achar a fonte do maldito som.

Depois de correr furiosamente algumas vezes ao redor da casa, Elvis descobriu uma pilha de caixas que o levaria até uma janela alta por onde o maldito som vazava como uma erupção do inferno. Ele tomou distância, correu em velocidade máxima, escalou as caixas e voou pela janela. Tudo depois disso é um borrão. As únicas coisas das quais ele lembra é de ser abraçado por braços magricelos e de um som muito agradável. O som grave de um instrumento musical que silenciou as vozes agitadas de jovens humanas. Depois disso ele acordou, estava em casa e não havia nenhuma música tocando.

Mas Que Merda, Hein

No momento em que eu escrevo o início desse texto faz apenas um minuto que a frase do título apareceu na minha cabeça. Mais uma vez eu me pego substituindo um tema pensado há muito tempo. Mais uma vez eu me pego usando um tema que surgiu do nada, mas pela primeira vez na história eu estou substituindo um tema tão em cima da hora.

Estava eu procurando gifs pra ilustrar o post desta sexta-feira. Achei uns bem interessantes, já estava pensando em como desenvolver o assunto e nas piadas ruins que eu faria sobre isso. Foi nesse instante que minha cabeça iluminou. Olhei praquela ideia, olhei pra o que eu estava prestes a escrever, olhei pros GIFs que eu tinha juntado até então. Fiz um dois mais dois e o quatro que saiu foi provavelmente a avaliação mais sincera que eu já fiz do meu trabalho: “mas que merda, hein”.

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Como é maravilhosa a sensação de ver o tamanho da merda que você está prestes a gastar sua energia e tempo em algo que não vai dar resultado e que provavelmente seria abandonado na metade. Imagine o custo operacional, o stress e o desânimo que desistir de um post meio escrito e ter que arrumar alguma coisa menos pior pra postar e terminar o dia com o velho gosto de “é o que tem pra hoje” na boca. Mas não hoje, não hoje, querido leitor. Hoje eu vi a ideia merda ruim em sua totalidade. Eu olhei nos olhos da fera ainda em formação e assassinei a desgraçada sem dó antes que ela pudesse fazer algum mal.

Esse tipo de coisa costuma deixar algo bom. Aprendizado, experiência ou até mesmo um ponto a mais em pensamento crítico ou um sinal de que eu consigo ser imparcial na avaliação do meu próprio trabalho. No meu caso não deixou nada além desse GIF sensacional:

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A reflexão que eu deixo pra você, amado leitor, é justamente sobre o apego que temos às nossas ideias. Não se sinta mal de achar sua ideia uma bosta. Antes você achar uma bosta do que todo mundo achar no seu lugar.

“Tira Foto e Põe No Instagram”

Ontem estava eu conversando pelo Vatezape com um amigo meu da faculdade. Entre um mensagem e outra eu falo que no futuro próximo vou fazer uma viagem a trabalho. Imediatamente ele me diz “tira foto e põe no Instagram”. Imediatamente eu me imaginei fazendo isso:

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Depois a conversa seguiu e eu não vi nada demais nessas palavras, mas depois eu parei pra prestar atenção e percebi que esse meu amigo já tinha chegado à conclusão de que esse era o único jeito de me fazer colocar algum registro dessa viagem na internet.

    Quem me conhece sabe que a minha vida nas redes sociais é totalmente low profile. Eu não faço check in, eu não coloco foto e no meu Instagram tem tudo, menos a minha cara. Não faço isso por qualquer tipo de convicção e nem tenho algo contra as pessoas que fazem isso de forma moderada e consciente. É mais uma questão de falta de vontade do que de qualquer outra coisa. Já que não dá vontade de colocar nada na internet, eu acabo esquecendo de registrar as coisas e de principalmente aparecer nas minhas próprias fotos.

    Diante disso não é de se estranhar que vez ou outra apareça alguém me falando coisas como “tira foto lá”, “tu tem que aparecer nas fotos” ou qualquer equivalente desses. Aparentemente algumas pessoas mais próximas realmente querem ver quando eu faço alguma coisa diferente ou quando eu vou pra algum lugar, até por que qualquer uma das duas coisas acontecem muito raramente e quando acontecem as pessoas que só tem contato comigo esporadicamente sequer ficam sabendo que tal fato aconteceu.

    Talvez minha cabeça ainda esteja no tempo em que as pessoas chegavam pra falar com as outras e tinham um monte de coisa da vida pra contar. Hoje em dia quando algumas pessoas vão me contar alguma coisa sempre rola um “eu te vi falando no Facebook, como foi isso?”, fora as vezes que os assuntos já publicados em redes sociais nem entram na pauta, afinal todo mundo já sabe.

Talvez na minha cabeça as redes sociais sejam melhores pra compartilhar besteiras diversas, marcar amigos em coisas que eu acho interessantes do que pra… Digamos… Socializar. Muito provavelmente se alguém quiser fuçar nos meus perfis internéticos não vai ter muito no que fuçar. Obviamente ainda dá pra me ver sendo marcado em fotos e check ins de amigos, mas é bem provável que tenha mais coisa sobre mim no Cachorros de Bikini do que no meu Facebook. Por isso vou tentar lembrar dos amigos quando eu inventar de fazer alguma coisa que mereça um registro. Não garanto nada, mas vou tentar.

Contos de Segunda #53

Renato tinha um blog. Todas as segundas-feiras estava lá Renato publicando um conto, pelo menos até agora.

O fim de semana foi comprido. Todas as possíveis horas de descanso foram preenchidas com toda a sorte de atividades. “Preciso de outro final de semana”, pensou Renato enquanto se arrastava para a cama na noite de domingo. “Preciso fazer o conto de amanhã”, pensou enquanto os olhos se fechavam no domingo e ainda estava pensando nisso quando os olhos se abriram na segunda. Ele ainda estava cansado.

O dia passou preguiçoso. A cabeça anuviada não se mostrou um terreno fértil para as ideias. Imediatamente Renato se viu tentado a fingir que tinha esquecido da publicação de segunda. Nada de bom sairia de sua cabeça cansada naquela semana. Ele só precisava de uma folga e voltaria na semana que vem com força total. Era um plano fácil de executar, mas que deixava um gosto meio amargo na boca.

Essa seria a primeira vez que haveria uma falha na publicação. Pela primeira vez uma segunda-feira não teria texto novo. E o único motivo seria sua falta de disposição. Envergonhado pela própria fraqueza, Renato sentou de frente pro computador e encarou o editor de texto. A cabeça latejava pela falta de sono, os olhos ardiam pela claridade do monitor, e a luta para se manter acordado era grande demais. Ele resolveu desistir.

Encostou a cabeça no travesseiro e não se deteve muito tempo ruminando as ideias. Dormiu um sono regado à própria derrota pessoal, acordou esquecido de tudo isso. Afinal ele ainda estava cansado. Pensou no que tinha deixado de fazer. Pensou se aquela seria a única vez em que ele deixaria de publicar. Resolveu ver se tinha algum comentário sobre a falta de publicação. Nada no blog e nem no Facebook, aparentemente ele tinha passado incólume. A tentação de abandonar aquela rotina ingrata de publicações bateu forte, mas ele não queria se preocupar com aquilo agora. Ele precisava voltar a dormir.

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