Não é um blog sobre cachorros e bikinis

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A Cabeça Tá Gasta

    De todas as atividades que eu faço, apenas uma delas é remunerada. Nessa atividade eu preciso usar um nível bem baixo de criatividade, de modo que eu fico arrumando formas de descarregar o tanto de ideias que eu costumo ter. Foi exatamente por isso que eu comecei com este blog e esse é o motivo principal pra jogar coisas e escrever pra outros sites. Só que eu ando exagerando e por causa disso a cabeça tá meio fraca de ideia ultimamente. Aí eu comecei a pensar sobre isso.

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    Cheguei à duas conclusões. A primeira é que não é hoje que sai o post sobre Logan. Foi mal, Wolverine.

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    A segunda é que minha cabeça tá gasta.

    Eu tenho o prazer e o privilégio de ter na minha lista de amigos pessoas que trabalham com criatividade. Designers, músicos, escritores (profissionais ou não) e até atores. Independente de fazer por lazer ou pra pagar as contas, todos eles trabalham tendo ideias e colocando essas ideias no papel. Boa parte, se não a grande maioria, deles exercita a criatividade além do seu ofício principal. É bem provável que eles tenham caído na mesma armadilha que eu: gastam mais ideias do que é possível ter.

Imagine que a sua cabeça é uma conta bancária e as ideias são dinheiro. Periodicamente entra algum dinheiro na sua conta e você vai gastando de acordo com a necessidade. Assim como na conta bancária, se as ideias saem mais do que entram, você começa tirar de onde não tem pra cobrir os gastos. A sua conta vai ficando vermelha, vermelha e vai continuar avermelhando enquanto as ideias não pararem de sair. Obviamente você pensa que isso não é um problema, mas quando você menos espera, você olha pro lado e tá tudo vermelho.

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Você pensa e não vem nada. Você vê um filme e aquilo não traz inspiração nenhuma. Você fica olhando pro teto, pensando no miolo do pote, na morte da bezerra e nada parecido com um “eureka” aparece na sua cabeça. O cérebro fica mais vazio do que cena de faroeste mostrando o deserto, pelo menos no faroeste passa uma bola de mato sendo levada pelo vento.

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Eu tava pensando aqui em como terminar o post, mas lembrei que não era sobre isso que era o post de hoje. Aí comecei a pensar no outro tema e acabou que eu não tive ideia nenhuma, obviamente a preguiça dos fins de tarde de sexta não ajuda nesse sentido. Só me resta desejar que o fim de semana traga um monte de ideias pra todo mundo. Até semana que vem

A Graça de Pensar Estranho

    Não é de hoje que eu escuto coisas do tipo “só tu mesmo pra falar um negócio desses” ou um “oux, bicho, tu é doido?” e até mesmo um “tu não existe”. Normalmente ouço isso depois de falar alguma besteira qualquer que acaba pegando de surpresa o outro participante da conversa. Participante esse que é pego de surpresa por nunca ter ouvido algo igual ou por não esperar que alguém diria isso. ´Não importa o motivo ou a pessoa, mas algo que eu já aceitei é que eu penso de um jeito estranho.

    Já ouvi muitas vezes que eu não sou normal e durante muito tempo pensei que não fosse. Aí eu cresci e percebi que o conceito de normalidade é tão relativo que sair carimbando as pessoas com selo de “NORMAL” ou “ANORMAL” não faz sentido, mas ao ver a reação de tantas pessoas, “normais” e “anormais”, em relação com aquilo que eu falava, cheguei à conclusão de que a minha cabeça funciona de uma forma um pouco diferente de boa parte das pessoas. Posteriormente cheguei à conclusão de que isso é responsável por boa parte da graça da minha vida. A melhor parte disso é que eu não estou sozinho nessa.

    É bem provável que você já tenha chamado um monte de gente de “doido”. Também existem grandes chances de muitas dessas pessoas serem amigos ou colegas seus. E é quase certo que você se diverte muito com a suposta doidice desses seus amigos. Acertei? Pois bem, querida criança leitora, não sei se você já parou pra pensar, mas é quase certo que essa pessoa se diverte tanto quanto você.

    Estranho, abstrato, obtuso, doido, esquisito, maluco são normalmente os adjetivos usados quando as pessoas se referem a essas pessoas que tem umas coisas meio diferentonas dentro da cabeça. Normalmente essas pessoas tem afinidade por exercitar a criatividade ou tem gostos considerados peculiares. Também é possível que essa pessoa disfarce, mesmo que inconscientemente, suas estranhezas, até porque nem todo mundo pensa fora da caixa em todas as áreas da vida ou é um ponto fora de todas as curvas da sociedade, mas no final das contas o indivíduo estranho acaba sendo um “indivíduo” no sentido mais forte da palavra. Não que essa pessoa se sinta especial por isso, afinal na cabeça dele as ideias esquisitas são tão normais quanto qualquer outra, mas dificilmente essa pessoa não se diverte com isso.

    A principal vantagem de olhar pro mundo de um jeito diferente é que esse mundo fica bem mais divertido. Imaginar situações absurdas, ter aquela ideia nada a ver ou olhar pra uma coisa séria e imediatamente pensar numa piada ou apenas se abrir pra coisas que muita gente ignora por simples preconceito. A cabeça de uma pessoa dessas acaba se tornando uma espécie de parque de diversões particular. Um parque com possibilidades ilimitadas que sempre tem um brinquedo novo sendo inaugurado esperando alguém entrar e brincar nele.

    Pra encerrar precisamos responder à seguinte pergunta: como essas pessoas ficam assim? A resposta é mais simples do que parece. A verdade é que todo mundo pode ter ideias estranhas, a cabeça de todo mundo pode funcionar de uma forma mais divertida. Depende de cada um. É só abrir a porta da gaiola e deixar as coisas saírem voando. O resultado vai te surpreender.

Promessas de Bikini para 2017

2017 está com menos de quinze dias de idade e essa época é perfeita para definir as metas  e fazer as clássicas promessas de fim de ano. Em janeiro de 2016 eu fiz um post com as minhas promessas de ano novo para o Cachorros de Bikini e, por incrível que pareça, eu consegui cumprir TODAS as promessas para 2016. É verdade que as promessas eram todas bem simples e algumas delas não saíram 100%, mas quando eu passei a régua e tirei a média o resultado foi positivo. Por isso vou repetir a dose e fazer as promessas para 2017.

A primeira promessa vai ser exatamente a mesma do ano passado, em 2017 eu prometo manter o volume atual de publicações. Isso quer dizer que, durante os períodos regulares de funcionamento do blog, teremos um conto toda segunda e textos sobre temas aleatórios nas quartas e sextas.

A segunda promessa é colocar o Cachorros de Bikini pra funcionar em dispositivos móveis. Se você já abriu nosso site em um celular ou tablet já deve ter notado que a exibição da página fica uma merda meio capenga. Nossa equipe técnica já está trabalhando para mudar essa realidade e esse ano a gente muda pra um layout responsivo.

A terceira promessa tem relação com nossa querida série de contos no início da semana. Uma das promessas do ano passado foi continuar as histórias dos melhores personagens. De fato foi isso que aconteceu, só que aconteceu até demais. A promessa dessa vez é de escrever mais histórias com personagens novos. Inclusive cabe ressaltar que alguns personagens estão ficando com umas cronologias bem grandes, por isso eu vou tentar dar um jeito de bolar uma forma de recapitular os eventos ocorridos anteriormente.

A última promessa é a conclusão de um projeto que deveria ter saído no ano passado, mas por causa de uma infinidade de coisas não deu. Esse ano vai sair um ebook do Cachorros de Bikini. Aí você pergunta: “O que vai ter nesse ebook?”. Por enquanto vou deixar a dúvida no ar, mas espero ter novidades num futuro próximo.

É, acho que tá de boa de promessa esse ano, pelo menos aqui no blog. Esse ano eu vou estabelecer, pela primeira vez na minha vida, metas para a vida pessoal. Já coloquei a cabeça pra funcionar e logo logo a lista vai estar pronta. Ano que vem eu volto com esse assunto pra dizer se deu certo ou não. E você, querida criança leitora? Já fez as promessas de 2017?

Mas Que Merda, Hein

No momento em que eu escrevo o início desse texto faz apenas um minuto que a frase do título apareceu na minha cabeça. Mais uma vez eu me pego substituindo um tema pensado há muito tempo. Mais uma vez eu me pego usando um tema que surgiu do nada, mas pela primeira vez na história eu estou substituindo um tema tão em cima da hora.

Estava eu procurando gifs pra ilustrar o post desta sexta-feira. Achei uns bem interessantes, já estava pensando em como desenvolver o assunto e nas piadas ruins que eu faria sobre isso. Foi nesse instante que minha cabeça iluminou. Olhei praquela ideia, olhei pra o que eu estava prestes a escrever, olhei pros GIFs que eu tinha juntado até então. Fiz um dois mais dois e o quatro que saiu foi provavelmente a avaliação mais sincera que eu já fiz do meu trabalho: “mas que merda, hein”.

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Como é maravilhosa a sensação de ver o tamanho da merda que você está prestes a gastar sua energia e tempo em algo que não vai dar resultado e que provavelmente seria abandonado na metade. Imagine o custo operacional, o stress e o desânimo que desistir de um post meio escrito e ter que arrumar alguma coisa menos pior pra postar e terminar o dia com o velho gosto de “é o que tem pra hoje” na boca. Mas não hoje, não hoje, querido leitor. Hoje eu vi a ideia merda ruim em sua totalidade. Eu olhei nos olhos da fera ainda em formação e assassinei a desgraçada sem dó antes que ela pudesse fazer algum mal.

Esse tipo de coisa costuma deixar algo bom. Aprendizado, experiência ou até mesmo um ponto a mais em pensamento crítico ou um sinal de que eu consigo ser imparcial na avaliação do meu próprio trabalho. No meu caso não deixou nada além desse GIF sensacional:

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A reflexão que eu deixo pra você, amado leitor, é justamente sobre o apego que temos às nossas ideias. Não se sinta mal de achar sua ideia uma bosta. Antes você achar uma bosta do que todo mundo achar no seu lugar.

Contos de Segunda #53

Renato tinha um blog. Todas as segundas-feiras estava lá Renato publicando um conto, pelo menos até agora.

O fim de semana foi comprido. Todas as possíveis horas de descanso foram preenchidas com toda a sorte de atividades. “Preciso de outro final de semana”, pensou Renato enquanto se arrastava para a cama na noite de domingo. “Preciso fazer o conto de amanhã”, pensou enquanto os olhos se fechavam no domingo e ainda estava pensando nisso quando os olhos se abriram na segunda. Ele ainda estava cansado.

O dia passou preguiçoso. A cabeça anuviada não se mostrou um terreno fértil para as ideias. Imediatamente Renato se viu tentado a fingir que tinha esquecido da publicação de segunda. Nada de bom sairia de sua cabeça cansada naquela semana. Ele só precisava de uma folga e voltaria na semana que vem com força total. Era um plano fácil de executar, mas que deixava um gosto meio amargo na boca.

Essa seria a primeira vez que haveria uma falha na publicação. Pela primeira vez uma segunda-feira não teria texto novo. E o único motivo seria sua falta de disposição. Envergonhado pela própria fraqueza, Renato sentou de frente pro computador e encarou o editor de texto. A cabeça latejava pela falta de sono, os olhos ardiam pela claridade do monitor, e a luta para se manter acordado era grande demais. Ele resolveu desistir.

Encostou a cabeça no travesseiro e não se deteve muito tempo ruminando as ideias. Dormiu um sono regado à própria derrota pessoal, acordou esquecido de tudo isso. Afinal ele ainda estava cansado. Pensou no que tinha deixado de fazer. Pensou se aquela seria a única vez em que ele deixaria de publicar. Resolveu ver se tinha algum comentário sobre a falta de publicação. Nada no blog e nem no Facebook, aparentemente ele tinha passado incólume. A tentação de abandonar aquela rotina ingrata de publicações bateu forte, mas ele não queria se preocupar com aquilo agora. Ele precisava voltar a dormir.

Nota 5,0… Parabéns!

Posso estar enganado, mas eu tenho certeza de que todo mundo que gosta de escrever começou essa paixão nas aulas de redação. Comigo não foi diferente, até o segundo ano do ensino médio redação era uma das minhas matérias preferidas, desde aquele tempo eu dava umas viajadas e fazia minhas primeiras experimentações. Minhas notas me estimulavam a fazer isso e na minha cabeça juvenil eu era um excelente aluno de redação. Na minha cabeça juvenil eu me via praticamente como um escritor profissional, mas isso durou até exatamente o segundo ano do ensino médio. Meu terceiro ano provou que a vida não era essa maravilha toda, tanto que quando eu penso em redação apenas o ano de 2007 vem à mente. Inclusive foi a pedido de um dos amigos que testemunhou esse suplício que farei provavelmente o relato mais sincero de toda a história do Cachorros de Bikini.

    Nove anos atrás, no ano da graça de nosso Senhor de 2007, eu tinha 16 pra 17 anos, estava concluindo o ensino médio e o fim do mundo já estava marcado pra depois do vestibular. Naquele tempo eu era um bom aluno e tirava boas notas, eu tinha tudo pra acreditar que o terceiro ano seria cheio de notas boas que nem os anos anteriores. Eu estava redondamente enganado. Apesar de passar o ano me lascando um pouco e tendo um desempenho inferior ao dos anos passados, o resultado no geral foi positivo. Eu conseguia conviver com os resultados médios ou negativos na maioria das matérias, na verdade praticamente em todas exceto uma. No terceiro ano do ensino médio eu tirei todas as notas vermelhas em redação da minha vida e isso foi pra mim uma espécie de passeio no inferno.

    Eu estava confiante que toda a experiência em redação acumulada ao longo dos anos me garantiria mais um ano tranquilo no campo da escrita curricular obrigatória, mas eu acabei dando de cara numa barreira. A barreira em questão tinha os cabelos bem curtos, os olhos claros, normalmente usava batom vermelho, atendia pelo nome de Edvânea e também era conhecida como a professora de redação, português e literatura. De longe uma das melhores professoras eu tive na vida, a mesma que nunca me deu uma nota maior que 5,0 em redação.

    Edvânea foi o adversário que eu nunca consegui superar. Eu digo adversário, não por que ela me dava 5,0 de propósito, mas por que ela me desafiava. Ela soltava os leões no coliseu e depois de me ver suar, lutar, sangrar e matar as feras, colocava o polegar pra baixo, fazia a caneta dançar sobre o fruto do meu trabalho e me entregava o simbolo incontestável da minha retumbante derrota. Vermelho, sempre em vermelho. Vermelho como sangue, vermelho do batom, vermelho da tinta da caneta, vermelho da minha nota. O mesmo vermelho que gritava pra todo mundo ouvir o tamanho da minha incompetência, que atestava a fraqueza das palavras derramadas sobre o papel. Em 2007 vermelho era a cor da minha vergonha.

    Sim, vergonha. Era isso que eu sentia sempre que recebia a nota de redação. Sempre que eu via os mesmos amigos que me reconheciam como um ótimo aluno de redação com notas muito maiores que as minhas. Lembro de forçar minha criatividade até o limite, de tentar ao máximo ousar dentro das fórmulas das redações dos vestibulares. Obviamente nada disso interessava muito, ou quem sabe eu não estivesse fazendo as coisas tão bem quanto pensava, e o resultado quase sempre era o mesmo: nota 5,0. Talvez você esteja pensando que 5,0 não é uma nota tão vermelha assim, mas vale lembrar que Edvânea nunca dava menos que 5,0… Quase nunca, já que em uma certa ocasião, beirando o desespero de conseguir uma nota decente, li errado o tema da redação, escrevi uma parada totalmente nada a ver e tirei um maravilhoso 2,5. Gosto de pensar nessa nota como o único mérito que minhas redações tiveram naquele ano, com a pior nota que foi dada nas quatro turmas de terceiro ano de 2007 no Colégio da Polícia Militar de Pernambuco.

    Quando eu paro pra pensar nesse pedaço da minha vida escolar só consigo encará-lo como um grande exercício de humildade. Foi em 2007 que toda a minha vaidade em relação ao que escrevo foi evaporada. Foi quando eu aprendi que aquilo que eu achava do meu próprio trabalho não servia pra muita coisa. Bom ou ruim é o leitor quem diz e isso me faz lembrar que na última redação que eu fiz deixei um recado. Pedi gentilmente que aquele 5,0 fosse dado com uma caneta azul, é uma pena que a última redação era uma prova final e eu nunca vi aquela “nota azul”. Lembro que na última vez em que nos vimos ela me garantiu que meu pedido foi atendido. Foi no teatro da UFPE, na colação de grau das turmas do terceiro ano e não por um acaso Edvânea usava um vestido vermelho. Vermelho como as poltronas do teatro, vermelho como a cor da tinta da caneta, vermelho como o batom, vermelho cor de 5,0.

A Magia da Discussão Aleatória

Essa semana estava eu conversando com uns amigos pelo vatezape. Não faço a menor ideia do que estávamos debatendo no momento, mas em certo ponto da conversa, um dos presentes no chat coloca essa imagem.

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Um questionamento completamente inesperado e tão absurdo quanto legitimamente intrigante. Afinal, como seria a calça de um cachorro? Eu escolhi a opção 2 e pensei q todos os demais concordariam comigo e a vida seguiria, mas não foi isso que aconteceu. Um dos presentes discordou e o que começou como uma simples piada nonsense de internet, acabou virando uma extensa discussão sobre vestuário humano adaptado para cachorros. Naquele momento eu percebi algo sublime, tive um lampejo de percepção e notei o que estava realmente acontecendo. Estávamos lá argumentando seriamente sobre um assunto totalmente fora da realidade e que não teria nenhuma aplicação prática na nossa vida. Uma genuína discussão aleatória, uma das coisas mais maravilhosas da comunicação humana.

O debate é algo inerente ao ser humano. Tudo pode gerar uma discussão, seja ela acalorada ou não. Mas a magia mesmo está no debate sobre temas absurdos, lógicas por trás de obras fictícias, especulações sobre coisas que não tem como ser comprovadas ou que abordam um ponto de vista totalmente descabido sobre algum fato perfeitamente comum. Diante do cenário atual dos ambientes de interação, reais ou virtuais, uma discussão sem propósito nem fundamento é uma ilha de tranquilidade no meio de um mar revolto. É aí que fica a magia do negócio.

Por isso eu digo, caro leitor. Sempre que puder entre num debate sem sentido como esse. Levante temas aleatórios ou fatos absurdos só pra ajudar a promover o debate. Argumente, discuta, ouça e respeite a opinião dos outros, será um excelente treino pra quando o debate for sobre algo sério. Mas o motivo principal pra promover uma discussão aleatória é justamente eclipsar as discussões sérias. “Tá maluco, Filipe? Vou ficar me ludibriando com calça de cachorro enquanto o país tá pegando fogo?”, a resposta é não. Obviamente eu não estou pedindo pra você, querido leitor, esquecer das questões importantes da vida, nem pra parar de discuti-las com seus amiguinhos. Estou pedindo pra deixar elas de lado as vezes e simplesmente aproveitar as maravilhas dos absurdos da nossa vida. Não precisamos levar tudo tão a sério. 

Escrever Sobre Qualquer Coisa

    Há uns anos atrás, por indicação de um amigo, eu li o maravilhoso Para Ler Como Um Escritor de Francine Prose. Dentre as várias coisas comentadas nesse livro, está a obra de um russo chamado Anton Tchekhov. Esse cara que era médico, dramaturgo e escritor, morreu aos 44 anos de idade vítima de tuberculose e deixou mais ou menos 600 contos escritos. Só pra ter uma ideia do tanto que é isso, é só imaginar que em um ano eu vou chegar na marca de, mais ou menos, 50 contos publicados no Cachorros de Bikini. Contos minúsculos comparados com o tamanho dos contos que esses escritores contistas costumam escrever. Mas de todas as coisas relatadas sobre Tchekhov no livro, a mais impressionante, na minha humilde opinião, é sobre o método de escrita do autor.

    Uma vez nosso compadre russo foi questionado sobre qual era seu método de composição. Ele pegou um cinzeiro da mesa e respondeu “este é meu método de composição, amanhã vou escrever um conto chamado ‘O Cinzeiro’”. Eu nunca li Tchekhov, mas foi só ler isso que comecei a admirar o cara. Até hoje eu penso em como eu gostaria de criar universos como Neil Gaiman, ter uma narrativa tão boa quanto Raphael Draccon ou falar do cotidiano tão bem quanto Xico Sá, mas depois de ler a resposta de Tchekhov meus anseios como escritor ficaram um pouco mais modestos. Atualmente meu maior objetivo é conseguir escrever sobre qualquer coisa.

    Tchekhov não só, segundo ele mesmo, conseguia se inspirar em praticamente tudo. Ele usava essa inspiração pra produzir boa literatura. Fico pensando em como seria fantástico sempre ter sobre o que escrever. Como seria incrível fazer uma boa história inspirado apenas por um copo de plástico, um carregador de celular ou um pedaço de bolo. E também penso no tanto de habilidade que você precisa ter pra conseguir fazer isso e ainda sair uma coisa boa.

    Desde o começo do Cachorros esse foi o maior desafio. Conseguir escrever sobre qualquer coisa é um sonho ainda distante, mas acho que estou fazendo minha parte. Os assuntos aleatórios continuam saindo da cabeça e passando pro papel. Um exemplo disso é que, em plena sexta-feira antes do carnaval, eu estou aqui falando de um russo que conseguia escrever sobre tudo. Até mesmo um misero cinzeiro.

Promessas de Bikini para 2016

2016 acabou de começar e claro que todos estão renovando suas promessas de ano novo. Já que o Cachorros de Bikini foi uma promessa de ano novo que eu cumpri com um ano de atraso, nada mais justo do que fazer uma lista de promessas para esse ano. Começando pelas mais fáceis.

    Primeiramente eu prometo continuar o volume de publicações atual, com pouco ou nenhum atraso. Isso quer dizer que todas as segundas, quartas e sextas teremos coisa nova aqui no Cachorros.

    Em segundo lugar eu prometo que esse ano eu tomo vergonha na cara e faço uma página no Facebook. O Cachorros precisa entrar nas redes sociais e eu já tô enrolando muito pra fazer isso, previsão de antes do fim de 2016 do primeiro semestre desse ano.

    Em terceiro lugar eu prometo continuar as histórias dos melhores personagens da série Contos de Segunda. Pessoas como Jorge, Cristina, Erick, Aluísio, Fernanda e Maurício vão continuar suas aventuras de início de semana em 2016. Não sei dizer quando ou com que frequência, mas esses carinhas ainda vão render boas histórias.

    Por último eu prometo que chegaremos a 2017. Não sei se vai ser difícil ou não, mas essa é a promessa que eu mais quero cumprir.

Vamos Falar Sério?

“Eu vou falar algo sério?”, essa é uma pergunta que eu me fiz assim que comecei a pensar no que seria o Cachorros de Bikini. Essa é uma pergunta que eu tenho me feito nesses últimos dias. Antes de responder tal questionamento prefiro explicar qual foi a origem dele.

A internet acabou proporcionando algo nunca antes visto na história desse país: todo mundo ganhou voz. Em uma era em que o textão toma conta de quase todas as redes sociais, por motivos óbvios o Twitter está fora dessa onda, e o mimimi se alastra como uma praga, ainda existem pessoas que usam a internet de forma racional para falar com seriedade sobre assuntos realmente relevantes. Para a minha sorte eu conheço algumas dessas pessoas. Pessoas que eu chamo de “amigos” e que, para minha sorte, também usam essa palavra quando se referem a mim. Em boa parte das vezes eu os encho de razão e assino em baixo daquilo que é declamado no meu feed. Nessas horas eu penso “talvez eu devesse expor minha opinião sincera sobre um assunto realmente relevante, afinal eu consigo falar sobre coisas sérias”. Logo depois eu paro e penso “será que eu devo mesmo?”.

Quando escolhi o nome “Cachorros de Bikini” o que eu tinha em mente era, em primeiro lugar, falar sobre coisas conhecidas de todos, mas de um jeito um pouco diferente do comum. Se eu consigo ou não fazer isso é outra história, mas a ideia sempre foi essa. Em segundo lugar eu sempre pensei nessas páginas azuladas como uma espécie de refúgio, um lugar onde o leitor pudesse desligar da vida real por um ou dois minutos. Um lugar onde o banal e o irrelevante podiam ser enxergados como coisas que realmente fazem a diferença na nossa vida, pelo menos por um ou dois minutos. Por isso quando eu estou tentando ter uma ideia para um texto novo a pergunta sempre volta. “Eu vou falar algo sério?”.

A resposta é sempre a mesma: Não. Quem me conhece há mais tempo sabe bem, quando eu começo a ficar sério em algum texto rola uma velha tesourada e alguma coisa acaba sendo censurada. Eu poderia falar algo sério e relevante? Talvez, mas não aqui dentro, aqui é não é lugar pra isso. Ser crítico e ácido é algo que eu até consigo, mas eu deixo pra ser assim fora daqui, caso contrário aquelas frases que aparecem junto com o título do blog seriam mentira. Aqui dentro temos “Coisas bestas da vida tratadas com o cuidado que elas merecem”, “Reflexões rasas sobre coisas profundas e reflexões profundas sobre coisas rasas”, por isso o Cachorros de Bikini se compromete a continuar “Sem nenhum compromisso de mudar a sua vida”. Caso você, caro leitor, queira ver opiniões balizadas sobre questões sérias e importantes, eu posso até indicar algumas pessoas muito mais competentes nesse campo do que eu pra você seguir, mas não espere isso de mim, pelo menos não aqui dentro.

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