Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Tag: Festa

E o Tema da Festa Foi… Evaristo Costa

Ontem estava eu vagabundando por um portal de notícias local quando me deparo com a seguinte manchete:

EVARISTO

Antes de comentar a notícia é preciso dar uma contextualizada ligeira. Graças ao advento das redes sociais nós, pessoas transeuntes comuns, conseguimos interagir com pessoas que são menos transeuntes do que a gente. Todo tipo de famoso possível e imaginável está nas redes sociais e até os que não são tão famosos assim tem lá os seus milhares de seguidores. Graças a isso a relação fã/ídolo passou para um nível totalmente diferente, principalmente porque alguns desses famosos costumam interagir bastante com os seus seguidores. Alguns deles interagem de uma forma tão, digamos, interessante que esses famosos chamam mais atenção por sua postura nas redes sociais do que pelo seu trabalho em si.

Um dos maiores exemplos disso é um dos apresentadores de telejornal mais amado do Brasil. O âncora do Jornal Hoje, Evaristo Costa. Caso você não esteja familiarizado com as atividades internéticas dele, aqui vão algumas amostras de como esse ser humano é zueiro na internet.

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Microondas
Aí essa semana aí chegaram pro nosso amigo Evaristo e disse que ia rolar uma festa que o tema era “Evaristo Costa”. Pra evitar que dissessem por aí “se não tem foto, não aconteceu” um cara mandou pro nosso amigo Evaristo uma foto tirada nessa festa.

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Achando muita graça e, provavelmente, acreditando que o sucesso da festa não tinha sido essas coisas, Evaristo postou a foto de um cara que foi nessa festa e soltou a pergunta de um milhão de dólares:

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Obviamente ele recebeu uma enxurrada de fotos com pessoas, digamos, interagindo de diversas formas com a forma bidimensional do apresentador do Jornal Hoje. As melhores foram reunidas pelo próprio Evaristo naquele que já é o melhor mosaico de fotos de 2017:

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Como se não bastasse, nosso compadre jornalista, ao postar essa foto no Facebook, colocou a seguinte legenda:

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Na moral, deixa eu parar aqui pra aplaudir esse mito brasileiro.

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Pena que eu já tô velho e não dá mais tempo de ser Evaristo Costa quando eu crescer, mas ainda assim eu posso bater palmas pra esse cara. Imagine você, cara criança leitora, um apresentador de telejornal que atingiu o nível de awesomeness tão elevado ao ponto de virar tema de uma festa. Fátima Bernardes teve festa? William Bonner teve festa? Alexandre Garcia teve festa? Marcelo Resende teve festa? Nem o Papa tem festa, mas e Evaristo? Sim, ele teve e no dia que eu chegar no nível de Evaristo e virar tema de festa eu me aposento da existência terrena. Porque depois disso não vai ter nada mais pra conquistar na vida.

Seria legal se a publicação de hoje terminasse no parágrafo anterior, mas infelizmente devemos falar do final da história. Dando uma olhada na publicação de Evaristo no Facebook vi que o final dessa história não foi muito feliz.

Evaristo 02

Descanse em paz Evaristo 2D, nunca te esqueceremos.

 

Contos de Segunda #69

Jorge e Cristina são os protagonistas do nosso especial de ano novo, mas a história de hoje é uma continuação direta dos eventos de Contos de Segunda #66.

— Fábio vai mesmo arrumar os ingressos?

    — Vai. Hoje mesmo ele deve deixar comigo.

    Cristina e Luciana estavam resolvendo os planos para a virada de ano. Cristina estava um pouco tensa, os planos foram deixados para o último momento, já que Fábio, namorado de Luciana e guitarrista, estava esperando aparecer algum convite para tocar em uma festa de Reveillon e possivelmente conseguir levar as duas amigas de graça. Dois dias atrás Fábio recebeu a confirmação, mas Cristina não estava nem um pouco crédula e já tinha preparado o psicológico para uma virada de ano assistindo duas queimas de fogos.  Das cidades dentro e fora do horário de verão.

    — Pena que não vai ter ingresso pra Roberta — lamentou Luciana.

    — Roberta viajou — replicou Cristina. — Adiantou uns dias das férias, colocou o cachorro na mala do carro e partiu pra casa da família no interior.

    — E eu aqui preocupada com ela — Luciana fez uma pausa para olhar a mensagem de Fábio no celular. — Tudo certo. Hoje de noite eu pego os ingressos.

    Dois dias depois Cristina estava diante do espelho, toda de branco, conferindo a maquiagem antes de Luciana aparecer com o carro. Depois de contemplar o reflexo por alguns segundos, Cristina chegou à conclusão de que estava realmente bem bonita. Ela nem lembrava qual foi a última vez em que tinha se sentido daquele jeito, tanto que imediatamente começou a vislumbrar a possibilidade de aparecer algum fulano interessante que estivesse igualmente interessado… E a possibilidade de aparecer alguns fulanos não tão interessantes assim. Repassou mentalmente o repertório de foras e as bebidas que seriam evitadas por deixarem o jogo mais fácil para os fulanos menos interessantes.

    — Uau — disse Luciana quando Cristina entrou no carro. — Por favor, moça, você poderia sentar no banco de trás? Minha amiga vem aí e ela gosta de andar no banco da frente.

    — Nossa, Luciana. Demorou muito pra pensar nessa piada?

    — Que mulher azeda, meu Deus — respondeu Luciana. — Mudando um pouco de assunto. Fábio disse que vai entrar no palco logo depois dos fogos. Vou ficar na contagem regressiva atrás do palco com ele, quando ele for tocar a gente se encontra. Antes de chamarem ele a gente fica no bar.

    — Não tô com muita vontade de ficar de vela hoje, Luciana. Depois que a gente definir o ponto de encontro eu deixo vocês sozinhos.

    Foi exatamente o que aconteceu. Depois de cumprimentar Fábio, Cristina pegou uma bebida colorida e foi circular pelo evento. Uma multidão vestida de branco estava na frente do palco. Infelizmente a banda da vez tinha um repertório baseado em sertanejo universitário e forró estilizado. Baseado nas piores músicas possíveis de forró e sertanejo. Já que assistir esse show estava fora de questão, ela resolveu arrumar um bom lugar para ver os fogos. Depois de muito procurar, Cristina encontrou um mirante em cima do bar. Dali a visão do palco era péssima, mas a visão do céu estava ótima. Aparentemente as outras pessoas da festa estavam pouco interessadas em ver o céu, deixando a varanda só para Cristina e mais um ou dois casais. Com um pouco de esforço Cristina localizou Luciana e Fábio. O namoro dos dois ainda era uma surpresa e, do jeito que ia, o casamento não tardaria a chegar. Sem dúvida uma das apostas de Cristina para o ano novo. E aparentemente não tinha só ela fazendo apostas de ano novo. Várias pessoas fugiram do branco e estavam usando cores que chamam dinheiro, saúde, amor… Menos uma pessoa que estava usando uma camiseta marrom.

    — Que tipo de mané vira o ano usando marrom? — Questionou ela num tom irônico. O tal fulano vestido de marrom acabou olhando de volta para ela. — Jorge? Só me faltava essa.

    Jorge aparentemente não reconheceu Cristina. Ele estava mais preocupado em manter a conversa com uma moça de cabelo loiro comprido e jeito de musa fitness. Para Cristina a cena era mais uma surpresa do que um incômodo. Na cabeça dela Jorge era incapaz de sustentar uma conversa interessante por muito tempo. Riu sem querer dos próprios pensamentos. Lembrou do incidente do elevador, do jantar desastroso no dia dos namorados e de como tudo estava mais tranquilo agora que Jorge não trabalhava mais com ela. Tranquilo demais. Cristina sentia falta de um rival. Ninguém conseguia oferecer tanto desafio quanto Jorge.

    Ela olhou para o relógio. O ano terminaria em dez minutos. O céu estava sem nuvens e a lua crescente abria um sorriso fino no céu. Infelizmente todas as estrelas estavam cegas pelas luzes. A bebida acabou, ela pegou outra com um garçom errante que passava por ali. Olhou novamente para Jorge e notou que a conversa com a loira fitness não estava indo muito bem. Entre um gole e outro da bebida Jorge ficou fora de vista. Mais cinco minutos e o ano daria adeus. Luciana e Fábio já deviam estar atrás do palco esperando o ano novo chegar.

    — Não imaginei que te veria por aqui — disse uma voz familiar.

    — Não imaginei que existisse gente que vira o ano de marrom.

    Jorge estava parado do lado dela. Ele segurava um copo com alguma bebida transparente e olhava direto para a Lua.

    — Nunca gostei muito dessas coisas de cor de roupa no ano novo. Algumas pessoas ficam realmente incomodadas quando você diz isso ou quando você não acredita em horóscopo.

    — Foi por causa disso que a tua amiga galega desistiu de conversar contigo?

    — Mais ou menos — disse ele sem jeito. — Ela disse que eu tinha que prestar atenção nela e não na moça que estava no mirante. Claro que ela usou alguns termos menos brandos, mas é melhor não repetir exatamente o que ela me falou.

    Cristina corou de leve. As palavras de Jorge a pegaram de surpresa.

    — Mal sabe ela do que se livrou.

    — Concordo. Hoje eu não estou muito pra interagir com desconhecidos. Se Fábio não precisasse de uma ajuda com o equipamento eu nem estaria aqui.

    Começou a contagem regressiva.

    — Hora de fazer um pedido de ano novo, Jorge.

    — Pedido? Nem sei se tem alguma coisa pra pedir. Acho que vou pedir alguém pra arengar contigo no escritório.

    — Acho válido. Não tem ninguém naquele escritório que dê uma briga boa.

    — Claro que tem. É só saber bater que aparece alguém pra bater de volta.

    Os gritos interromperam a conversa. Os fogos iluminaram o céu. Por dez minutos todos contemplaram o céu em silêncio.

    — Vou lá encontrar com Luciana — disse ela olhando para o celular. — Foi bom te ver, Jorge.

    — Vai ver Fábio tocar?

    — Acho que não. Luciana me adiantou o set list do show e a gente não gostou muito. E você?

    — Acho que vou ficar por aqui pro caso de vocês ficarem com vontade de conversar com alguém conhecido.

    — Volta pra tua galega, Jorge. Se depender da gente, o teu começo de ano vai ser bem solitário.

    A frase mal terminou e Cristina saiu andando. Depois de dois passos ela ouviu a resposta de Jorge.

    — Feliz ano novo, Cristina

    Ela não se incomodou em parar, muito menos em desejar o mesmo.

Sério Que Já É Natal?

Primeiramente fora Temer preciso dizer que esse texto está algumas semanas atrasado. É bem provável que ele tivesse bem mais efeito se fosse lançado pelo menos uns quinze dias antes, mas como eu tinha algumas outras inutilidades pra usar de tema acabado de sair de um hiato de um mês e não tive essa ideia antes tinha outros temas mais importantes pra falar esse daqui acabou ficando pra depois.

Estamos em outubro, também conhecido como décimo mês do ano, e todo mundo sabe que daqui a dois meses estaremos celebrando o Natal. Também é sabido que no Natal as pessoas usam enfeites diversos que fazem alusão à coisas que o comercial da Coca-Cola e os filmes da Sessão da Tarde ensinaram que fazem parte do Natal. Até aí tudo normal, pelo menos até eu reparar que estamos em outubro e já tem enfeite de Natal no meio da rua desde o começo do mês.

Sério isso? Sério que já tem enfeite de Natal por aí? A primeira parcela do décimo terceiro nem caiu na conta e já tem pisca-pisca? As crianças nem enjoaram de brincar com os presentes do dia 12 e já tem guirlanda pendurada? As confraternizações ainda nem foram marcadas, a maldição do amigo secreto não retornou e já tem árvore de Natal por aí?

Do jeito que as coisas vão o Natal vai acabar que nem os modelos novos de carro. Em Abril já tem modelo de carro saindo como modelo do ano que vem. Se continuar nesse ritmo o que vai definir a data é se a páscoa cai em março ou abril. Convenhamos que ficaria estranho colocar os enfeites da festa que celebra o nascimento de Jesus antes de relembrar a morte e comemorar a ressurreição dele. Caso contrário seria uma versão do Tarantino pro nosso calendário.

É bem possível que tudo isso seja pressa pra terminar o ano. 2016 tá um ano meio cabuloso e já tem gente querendo pular pra 2018. Se não dá pra pular tanto assim o que resta é dar a dica pra ver se 2016 entende a indireta e termina antes do tempo. Vai ver que estão sem lugar pra guardar os enfeites e assim que podem já tão colocando os penduricalhos na rua pra otimizar o espaço. Foi assim que o boneco que efeita o escritório que eu trabalho passou quase cinco anos comemorando todos os feriados, inclusive o Natal.

Depois de tanto conjecturar não chego a uma conclusão. Não sou especialista em ciclos comemorativos ou conheço a lógica por trás das decisões dos donos das lojas e demais estabelecimentos comerciais. Só acho que a gente já vive rápido demais, não precisa apressar ainda mais as coisas.

Aniversário de Bikini #1

3 de Junho de 2015. Naquela quarta-feira eu coloquei um sonho no ar. Foi naquele dia que a primeira postagem do Cachorros de Bikini foi publicada. O tempo foi passando, mais coisa foi sendo publicada e eu já estava achando uma pena não publicar um texto exatamente no dia do aniversário do blog. Aí eu olho no calendário e, graças à magia cabalística do ano bissexto, o 3 de Junho de 2016 caiu na sexta-feira…

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É engraçado pensar em como ter um blog mudou a minha vida. A responsabilidade de publicar alguma coisa três vezes na semana e a decisão de levar um projeto tão descompromissado com o máximo de seriedade acabaram transformando a minha rotina. A exemplo daqueles que vivem pra chegar na sexta-feira, os meus sete dias semanais se transformaram em três. Não é raro passar o fim de semana pensando no conto de segunda ou a terça-feira inteira pensando no texto de quarta. Preocupação com postagem que tá quase atrasando, tensão por um tema promissor estar virando um texto ruim e todos os malabarismos que eu fiz pra salvar esses textos. Tudo isso feito com a maior satisfação do mundo. Mas esse texto tá ficando muito sério. Hoje é dia de festa. Dia dos nossos queridos cachorros apagarem as velinhas e caírem com tudo pra cima do bolo.

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Um ano atrás eu escrevi “Bem Vindo ao Cachorros de Bikini”. 366 dias, 134 posts e dois hiatos depois eu me sinto exatamente do mesmo jeito. Eu ainda espero que ao entrar você deixe as coisas sérias da vida na porta e desfrute de um momento repleto das banalidades cotidianas e das coisas mais irrelevantes da vida. Ainda estamos longe de ser o melhor blog do universo, mas já somos o melhor blog com nome de caninos em roupas de banho que publica toda segunda, quarta e sexta e não tem o menor compromisso de falar sério ou de mudar a vida de ninguém. Parabéns, Cachorros de Bikini. Muitas felicidades, muitos anos de vida e todas aquelas coisas clichê que todo mundo deseja nos aniversários. Apague a vela e faça um desejo, mas não conte a ninguém ou não vai se realizar.

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“Eu Vou Celebrar Um Casamento”

A frase que dá título ao texto de hoje apareceu no meu feed do Facebook no início dessa semana. Ela foi escrita por uma grande amiga minha que está pulando num pé só de tanta felicidade. O motivo já dá pra adivinhar, ela vai celebrar um casamento. Ela não é (até onde eu sei) juíza de paz, não é sacerdotisa  e (ainda) não é representante de nenhum tipo de religião. Ela foi convidada pelos noivos apenas por ser uma amiga do casal e principal responsável pela união dos dois, pelo menos foi o que ela disse. Diante da peculiaridade do fato, fico pensando como é passar por uma experiência tão singular.

    Imagine que um casal de amigos te chamou pra ser padrinho ou madrinha. Agora multiplique isso por cem. Provavelmente essa é a sensação de ser convidado pra celebrar um casamento. Somos acostumados a testemunhar as uniões, eu mesmo fui testemunha de um casamento ano passado e fui lá assinar o livro amarradão, mas uma porcentagem ínfima da população vai a um casamento pra promover, diante de Deus e dos homens, a união entre duas pessoas que, pelo menos até aquele momento, desejam passar o resto dos dias juntos. Juntar as escovas de dente, apesar de não ser muito recomendado pelos dentistas, ter aquela velha conversa de alcova, acordar com o mesmo alguém do lado até que a morte os separe. E tudo isso só vai acontecer por que você estava lá diante dos noivos, padrinhos, madrinhas, família, amigos e da divindade preferida pelos noivos pra fazer uma das perguntas mais conhecidas da humanidade. “Você aceita (insira o nome do noivo ou noiva) como seu/sua legítimo/legítima esposo/esposa?”.

    Eu sei que nunca vai acontecer comigo. Mesmo se convidar amigos pra celebrar uniões fosse uma prática comum, eu não sou uma boa opção pra exercer essa função, mas nem por isso eu deixo de imaginar como seria. A sensação de ficar na frente de toda aquela gente, e principalmente na frente dos noivos. Quem já parou pra observar essa dupla já deve ter notado que, pelo menos naquele momento, eles estão explodindo de felicidade. Talvez a seriedade da cerimônia limite um pouco essa manifestação, mas quem celebra o casamento não tem risco de pegar um lugar ruim pra assistir a cerimônia. Quem celebra o casamento não precisa torcer pra não acabar sentando atrás de uma pessoa com dois metros de altura. Quem celebra está lá, diante dos noivos. Duas almas prontas pra atingir o último patamar na escala de evolução dos relacionamentos. Uma felicidade que transborda por todos os lados. Que escorre como lágrimas, que ilumina os sorrisos e faz as mãos se segurarem com uma firmeza nervosa. Mas principalmente uma felicidade que transborda no olhar. E é para o celebrante da cerimônia que os olhos estão voltados. Olhos de quem só quer dizer o “SIM” e dar o fora dali. Os noivos podem ser o centro das atenções pros convidados, mas se você celebra o casamento, você que é o centro das atenções… Pelo menos pros noivos.

Relaxa, É Carnaval

Carnaval. Festa da Carne. Quatro (ou cinco) dias de festa, alegria, álcool, música, sol no quengo, suor, calor humano, fantasias variadas, músicas que tocam todo ano, hits feitos de chiclete vindos da Bahia, amores que acabam na quarta-feira, outros que vão durar mais alguns muitos carnavais, muita, mas muita “NOTA…DEZ” e todo tipo de sacanagem lúdica e recreativa.

Apesar de não gostar da folia, é impossível ficar totalmente isolado dessa atmosfera. Diante disso resolvi que o texto dessa quarta-feira(de cinzas) seria sobre o carnaval, mas o que falar dessa festa que eu nem de longe vejo? Realmente de festa eu não entendo, mas uma coisa que eu ainda consigo fazer é observar as pessoas. E no carnaval, assim como em outras épocas do ano, as pessoas adquirem um comportamento muito curioso. Não existe época em que as pessoas são mais tolerantes do que no carnaval.

Pode parecer besteira, mas se você parar pra reparar “É Carnaval” não é só uma frase, é quase um sentimento. Nessa história de “É Carnaval”, o folião não se queixa do sol, nem do calor da fantasia. Não liga pro aperto, é solidário com o folião desconhecido que tá passando aperto. E aperto é o que não falta durante o reinado de Momo. Atrás do trio, da orquestra ou seja lá do que for, o espaço é disputado no nível do metrô em hora de pico. Mas no carnaval quem está se apertando não queria estar em outro lugar.

As piadas fazem mais graça, a música parece melhor e aquela fantasia que talvez não tivesse graça nenhuma faz você morrer de rir. Machistas nível “Orgulho de Ser Hétero”  se vestem de mulher e moças que passam 360 e poucos dias do ano falando mal do tamanho da roupa das piriguetes, mas reservam esses quatro dias pra se vestir pior do que elas. Isso sem contar que coisas que normalmente incomodariam muito, acabam sendo quase ignoradas no carnaval. Andar um tempão pra poder pegar um ônibus ou metrô, improvisar banheiro e até cerveja quente acabam sendo parte do que é se aventurar no carnaval.

Mas hoje é quarta-feira e acabou-se o carnaval. Fim da folga para todos, seja folião ou não. Vou aproveitar a deixa para desejar um feliz ano novo para todos. Afinal, todo mundo sabe que 2016 só começa pra valer a partir de amanhã… Mas amanhã já é quinta… Melhor deixar pra segunda.

É Natal

    25 de Dezembro, também conhecido como Natal é uma das datas mais importantes do nosso calendário. Nesse dia celebramos o aniversário de Jesus, nosso chapa de longa data que ninguém sabe exatamente em que parte do ano nasceu. Celebramos também toda aquela parada de esperança, amor e união que veio junto com o nosso caro messias. Porém o Natal acaba tendo um gosto diferente pra cada um.

    Para alguns o Natal é a desculpa perfeita para reunir todos os parentes, ou pelo menos a maior parte deles. Para outros é a desculpa pra comprar uma tonelada de presentes, caros ou não. Obviamente não podemos esquecer daqueles que aproveitam pra comprar toda sorte de itens de vestuário com o tão esperado décimo terceiro. E tem aqueles que não fazem nada disso e só esperam chegar o pseudo aniversário de Jesus pra poder comer e beber até passar mal, ganhar um ou outro presente dos amigos e parentes mais altruístas e curtir a ressaca do dia 25 sem pressa nem culpa. Outros aproveitam pra replicar a mensagem de amor e união, mesmo quando elas mesmas passam o ano todo sem fazer a menor questão de amar ou se unir com ninguém. E não podemos esquecer das crianças, que são as mais envolvidas pela magia dessa data tão festiva… Ou são simplesmente os que ganham os melhores presentes.

    Natal é tradição. É habito e ritual. Natal é a data onde todos fazem a mesma coisa de todo ano. Sempre existe um ou outro ano em que rola uma exceção, mas sempre voltamos para a configuração padrão e quando menos esperamos estamos lá fazendo charada pra dizer qual tia é a nossa amiga secreta, reclamando do parente que fica perguntando do seu namorado, ou se você e sua noiva marcaram o casamento e de como o filho de fulana é fuleiro por não ter aparecido naquele dia tão especial. Por que se não tivesse nada disso não seria Natal.

    Pra fechar esse texto vou deixar uma musiquinha que combina bem com essa época. E com essa pequena canção o Cachorros de Bikini deseja a todos um feliz Natal.

Dia de (Re)Finados

Todo ano é assim, novembro mal começa e já rola feriado. Ao contrário dos demais dias de folga do ano, o primeiro feriado de novembro carrega uma vibe um pouco diferente. Convenhamos que esse feriado em específico tem um ar meio mórbido, afinal ele acaba sendo mais uma data para lembrar do que para celebrar. Talvez seja desnecessário dizer, mas eu estou falando do Dia de Finados.

Não é exclusividade do nosso país ter uma data para lembrar daqueles que já foram. A forma como esse dia é celebrado vária um pouco de país pra país, mas com certeza o feriado fúnebre mais famoso do mundo é o Dia de Los Muertos, uma das maiores festas do México. Quando eu lembro dessa festa duas coisas vêm imediatamente na minha cabeça: a primeira é a Calavera Catrina, sempre retratada como uma morta bastante elegante, e a segunda é como a morte pode ser encarada sob uma perspectiva tão diferente da nossa.

Celebrar os mortos é algo que faz parte do povo mexicano desde antes da chegada dos conquistadores espanhóis. Os antigos Astecas e Maias tinham um ponto de vista em relação à morte bem diferente da nossa. Eles acreditavam que encontrar com seus deuses era uma honra e privilégio, inclusive cabe lembrar dos sacrifícios humanos que eles faziam e que ser escolhido para ser sacrificado era motivo de orgulho. Infelizmente a morte não é encarada de forma tão simples por nós. A perda de uma pessoa querida normalmente é algo pouco agradável e isso é perfeitamente reconhecível, mas sempre fico pensando em como seriam as coisas caso pensássemos diferentes.

Imagino como seria se os enterros fossem sempre grandes festas, com os falecidos em trajes de gala em um evento tão grande quanto um casamento, transformando a celebração fúnebre em algo mais refinado. Como seria legal se os funerais vikings virassem moda e todos os pertences fossem queimados junto com seu dono. Não que eu acredite que alguma dessas coisas possam ser usadas pelo defunto na vida eterna, mas o fogo em grandes proporções normalmente tem um efeito estético bastante interessante. Mesmo que não tivesse nada disso seria bom se, quando víssemos alguém partir, nos lembrássemos menos da falta que essa pessoa vai fazer e mais da diferença que ela fez.

Contos de Segunda #12

Sono. Era o que Jorge sentia quando buscou a irmã no aeroporto às duas horas da manhã do sábado. Depois de uma série de problemas com a bagagem ele ainda sentia sono às oito da manhã, hora em que sua tia deveria estar chegando na rodoviária. Porém um acidente envolvendo duas motos, um caminhão cheio de melancias e uma viatura do Corpo de Bombeiros só deixou a pobre senhora chegar ao seu destino às dez. Jorge continuava com sono.

Sono este que persistiu ao longo de todo o sábado, enquanto Jorge ajudava o pai a comprar toda a comida e bebida que seria consumida no domingo. Os pais de Jorge completariam trinta e cinco anos de casados, a festa seria boa, parentes de todos os lados fizeram questão de aparecer. Parentes como os quatro primos de Jorge que chegaram às onze da noite, duas horas depois de dois tios e uma tia. Todos eles foram buscados por Jorge, que caiu na cama à meia-noite e acordou as cinco para começar a encher quatrocentos e noventa e oito balões de hélio.

Depois de encarar uma maratona de domingo com todos aqueles parentes, que comiam, bebiam e faziam muito barulho, Jorge só conseguia pensar no quanto estava com sono, em como estaria com sono no trabalho na segunda-feira e de como aquilo já parecia tão ruim dentro da sua pobre cabeça. E seria bem ruim, caso o despertador tivesse sido ouvido. Se Jorge tivesse conseguido chegar no escritório antes da hora do almoço, se a reunião dos chefes não tivesse durado a manhã toda ou se a simulação de incêndio não tivesse acontecido vinte minutos atrás. Apesar de tudo isso, ainda havia um problema que continuava sem solução. Jorge ainda estava com sono.

São João

Essa semana foi comemorado o dia de São João. Eu não sou devoto de santo nenhum, também não sou uma pessoa que gosta de festa, mas ainda assim o São João é uma das minhas datas preferidas do calendário.

Não sei se eu já comentei por aqui, mas eu moro em Pernambuco, e por aqui tem duas festas que são levadas muito a sério: o Carnaval e o São João. Como não tá na época o papo sobre o Carnaval vai ficar pra uma próxima vez, voltemos ao tema de hoje. Por aqui 24 de Junho é feriado, tem festa praticamente o mês todo no interior e toca forró ininterruptamente durante 30 dias. Mas não é nada disso que me faz gostar do São João. O que realmente mexe com meu coração acontece no dia anterior. O dia 23 é o dia que vale.

Não sei se todo mundo sabe, mas é na véspera dos dias dos 3 santos juninos que são acesas as fogueiras, e é São João que ganha no quesito numero de fogueiras acesas.  Durante mais de 20 anos da minha vida eu vi meu avô fazer fogueira na véspera de São João e na véspera de São Pedro, como todos os Pedros das antigas faziam. Durante esse mesmo tempo eu vi minha mãe e minha avó produzirem maravilhas da culinária junina, inclusive a pamonha que minha mãe faz é bem apreciada pelos demais familiares, apesar da minha preferência ser do pé-de-moleque. Mas isso ainda não é o que eu gosto mesmo do São João. Pra mim São João tem gosto de infância.

Dia 23 tem gosto de soltar bomba debaixo de lata de leite, de ficar surdo com o som dos foguetes subindo, de olhar pro céu pra ver rojão estourar e ter um susto violento com o pipoco de um espirro de bode. Tem gosto de acender fogueira pontualmente às 6 da tarde, de assar milho e salsichão na brasa. De responder satisfeito com um “Sim” quando meu avô perguntava “Pegou a fogueira?”.

Esse ano o São João foi meio mirrado. Como meu avô arengou com o cara que vendia lenha, esse ano não teve fogueira. Pouca gente da família apareceu e choveu tanto que foi impossível soltar os fogos de artifício. Mesmo assim a chuva não tirou do ar o cheiro da pólvora e da fumaça. O bolo de milho ainda tinha um gosto espetacular e ainda tive uns 2 sustos por causa das bombas. Dia 23 ainda teve gosto de São João, e enquanto tiver sempre vai ser uma data boa pra mim.

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