Não é um blog sobre cachorros e bikinis

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Quando a Quarentena Acabar…

Outro dia estava com a cabeça desocupada e acabei lembrando dessa música aqui:

Imediatamente fiz uma versão adaptada para os tempos de hoje do verso de abertura da música. “Quando a quarentena acabar…”, cantarolei eu na minha cabeça que, a partir daquele momento, não estaria tão desocupada assim. Desde então um pensamento recorrente toma conta da minha cabeça. O alívio da falta de ansiedade pelos dias presentes me manteve superficialmente tranquilo até então, mas o encontro constante dos últimos dias tem sido com aquilo que, até então, eu não sabia que perturbava o meu sono. As minhas ansiedades estão depois do fim.

Antes de começar a discorrer com mais detalhes sobre o assunto gostaria de dizer que eu não estou pessimista. Eu acredito que essa crise vai acabar, que covid-19 vai ser só mais uma das inumeras doenças com as quais a gente convive todos os dias, que qualquer dano social e econômico vai ser razoavelmente superado e que apenas o prejuízo humano, como em qualquer outra crise, vai ser irreparável. Sei que o caminho até o fim de tudo pode ser ainda muito longo, ou nem tanto, quem sabe até um pouco maior, mas a espera faz parte da minha vida há tempo suficiente pra me munir da paciência necessária em uma situação dessas… Todas essas palavras não parecem as de alguém preocupado com o que está para acontecer. De fato essas não são, mas as próximas talvez.

Fico pensando no dia em que poderemos dizer que tudo isso acabou. Quando olharemos os destroços do que foi destruído e as ruínas recém nascidas daquilo que acabou de ser abandonado e permanecerá abandonado dali em diante. Penso em todas as mudanças que estão crescendo em seus casulos, esperando o dia de abrir as asas na direção do céu de um mundo que, em vários níveis e proporções, não será o mesmo. Penso no quanto estaremos traumatizados, ou não, depois de tudo isso. Se todas as quedas de braço, as trocas de acusações, as discussões inflamadas, as decisões tomadas e as atitudes adotadas terão valido de alguma coisa.

O futuro aguarda por todos. Vítimas, fatais ou não, filhos e filhas, esposas e maridos, mães e pais, viúvas, viúvos e órfãos da quarentena. Por aqueles que pararam suas vidas e pelos que, feliz ou infelizmente, não tiveram esse privilégio. Por aqueles que contarão essa história toda como um resumo das manchetes dos jornais ou como um relato de guerra. O futuro aguarda por todos que sobreviveram. Ao vírus, ao medo, ao trabalho e à falta dele, à fila do banco, ao calendário, à espera, ao tédio, ao isolamento, à falta de rotina ou ao excesso dela, à solidão, à depressão. À morte batendo na porta ou apenas espiando pela janela. O futuro virá e tenho a inabalável esperança que poucos de nós não estarão aqui para vê-lo, mas, se pensarmos bem, sempre foi assim. As coisas que virão, virão para todos, o quanto delas virá para cada um é uma pergunta que não nos cabe responder.

Espero não ter deixado você, pessoa leitora preocupado ou temeroso. Nunca foi a minha intenção. Os tempos que vivemos já faziam isso bem antes de qualquer novo vírus Made in China. Não gosto muito de falar sério por aqui, mas algumas coisas mais leves só saem da nossa cabeça quando as mais pesadas saem primeiro. Um aperto sem mão, um abraço sem braço e um beijo de longe sem encostar a mão na boca pra todos vocês e até uma próxima com as palavras mais leves que eu puder escrever.

Star Wars Episódio IX: Não Vai Ter Mais Skywalker

Quatro anos. Parece que foi um dia desses, mas faz pouco mais de quatro anos que eu escrevi sobre Star Wars pela primeira vez nessas mesmas páginas azuladas. O ano era 2015, eu tinha acabado de ver o Episódio VII, primeiro filme da (mais) nova trilogia de Star Wars. Dando uma lida rápida na publicação daquele dia 23 de dezembro, consegui reviver parte daquele sentimento. De toda a expectativa e de toda esperança que eu tinha nos filmes novos. Aí veio 2017 e com ele o Episódio VIII que foi por uma direção meio… Inesperada. Mais uma vez expectativas foram criadas só que, ao contrário de antes, daquela vez eu não sabia o que esperar da última parte dessa trilogia. Não demorou tanto assim e chegamos ao fatídico 19 de dezembro do recém falecido ano de 2019, quando finalmente estreou:

Star Wars Episódio IX: A Ascensão Skywalker. Um título que gerou tantas ou mais teorias quanto Os Últimos Jedi do filme anterior. Ninguém sabia de que Skywalker estavam falando e nem que ascensão poderia ser essa. Até então a única certeza era que a galera responsável pela história do filme acabou trazendo de volta uma das piores coisas do antigo Universo Expandido: o Imperador.

Vilão maior das duas trilogias anteriores, o Imperador teria originalmente encontrado seu fim no Episódio VI: O Retorno de Jedi (o filme tem quase quarenta anos, isso não é um spoiler), mas histórias posteriores, nenhuma delas em formato de filme ou especial de fim de ano, acabaram trazendo ele de volta dos mortos usando alguma desculpa mirabolante. Histórias que tinham perdido a validade quando a Disney resolveu reformular o cânon e eliminou todo o antigo Universo Expandido. Eliminou só pra poder dar aquela peneirada e trazer de volta qualquer coisa que interessar. Não sei por que seria interessante tirar da cartola a revelação de que na verdade o vilão dos primeiros seis filmes na verdade era o vilão por trás das tretas de todos os nove filmes. Essa foi uma das primeiras coisas reveladas sobre o Episódio IX e uma das poucas coisas que eu fiquei sabendo antes de entrar no cinema. O resto era tudo especulação.

Eis que chegou o dia de ir pro cinema. Eu sento na poltrona. As luzes se apagam. Sobe a música tema e entram as letras amarelas.

Respiro fundo e me ajeito no meu assento e… Foi só isso. Por algum motivo que não sei explicar, eu estava lá vendo um Star Wars que não me fazia sentir como se eu estivesse vendo Star Wars. Provavelmente essa é a melhor forma de definir minha experiência com o filme: não tinha gosto de Star Wars. Não consigo dizer o que estava faltando. Não sei se foi o ritmo, alguma coisa no visual ou na forma como a história começou, mas alguma coisa não estava lá e quando essa coisa começou a aparecer um pouco já foi tão perto do fim que nem fazia lá tanta diferença.

Sem entrar muito no enredo do filme dá pra resumir boa parte do que eu desgosto dele em uma imagem:

Não faço parte daqueles que acham que Os Últimos Jedi é um filme perfeito e irretocável, mas quando o último filme, de uma série de três, estabelece que boa parte do que aconteceu no filme anterior não é lá muito importante. Não faz muito bem pro conjunto.

Mesmo não parecendo, tem algumas coisas realmente boas nesse filme… Só que elas ficam mais por conta de alguns personagens. Kylo Ren segue em uma escalada rumo à redenção como personagem, abandonando de vez aquela caricatura pintada no primeiro filme. C-3PO faz uma das suas melhores participações de toda a franquia, assim como Chewbacca que segue se superando a cada filme. Os conflitos de Rey ganham um pouco mais de corpo, apesar de terem dado uns três passos pra trás e avançado numa direção meio esquisita, o que faz ela tomar umas decisões meio questionáveis… Se o roteiro ajudasse um pouquinho mais ela estaria bem melhor nesse filme. Na verdade todo mundo estaria melhor nesse filme se o roteiro ajudasse um pouquinho mais.

Chegamos ao fim, da trilogia, da saga e do texto. O Episódio IX não só encerra a sua própria trilogia, ele encerra uma saga inteira. Se a Disney estiver falando a verdade, não vai ter mais nenhum Skywalker dando pinta de Jedi nos futuros filmes da franquia. Não se sabe bem o que vai acontecer com Star Wars além das séries prometidas pro serviço de streaming da Disney e das datas marcadas a partir de 2022 para novos filmes. Parece muito tempo, mas se levarmos em conta que o tempo entre trilogias nunca foi inferior a dez anos, dá pra dizer que a gente não vai esperar tanto assim.

 

Retrospectiva 2018

2018 já respira por aparelhos e deve ir pra vala na próxima segunda. Justamente por isso eu resolvi bater a poeira do teclado e fingir que eu não tô devendo a retrospectiva de 2017 fazer uma breve recapitulação do ano que tá tão no fim que os próximos dias já tão dentro da margem de erro.

Esse ano foi um ano muito doido. O nível da loucura dos anos anteriores não só está sendo mantido como novos patamares são alcançados todos os dias. 2018 foi o ano das fake news, das internet sem freio, das brigas por causa de política tomando conta de todos os redutos da internet.

Peguei essa lá no Angulo de Vista

Qualquer notícia, publicação, compartilhamento e hashtag gerava todo tipo de comentário maluco e briga sem sentido. Isso nos leva pra um dos fatos mais marcantes de 2018: a prisão do ex-presidente Lula. Tudo isso rolou depois de alguns meses de novela, de um monte de manchete de jornal e do nosso compadre dos nove dedos ter se transformado num novo paradoxo quântico.

E a prisão de Lula gerou o quê? Briga. Coisa que se repetiu em vários momentos de 2018 por motivos variados, a maioria deles estava dentro do tópico de política. Isso me leva a um segundo evento que marcou 2018: a Copa do Mundo da FIFA.

Pela imagem dali de cima já deu pra ver que a nossa seleção terminou o torneio sem nem relar os dedos na taça, que foi pra casa junto com os franceses. Além disso os nossos amigos croatas que, apesar de perderem na final, conseguiram um resultado inédito e comemoraram como se fosse o título de campeão do mundo. Basta ver essa imagem  da presidente da Croácia feliz da vida entregando as medalhas pros jogadores debaixo de um toró pra ter uma ideia da alegria dos croatas.

E depois da Copa teve o quê? Eleição. E o povo tava como? Tava com o sangue nos olhos. Amizades foram desfeitas, relacionamentos acabaram, irmão se virou contra irmão, pai contra filho e nos grupos de família tinha tudo menos mensagem de bom dia. A porteira das fake news foi aberta e finalmente a internet, na verdade o Whatsapp, mostrou o seu poder de espalhar informação. E o Facebook? O Facebook virou uma terra de ninguém tão grande que nem a Mulher Maravilha topa entrar lá (fica aí a referência pra quem pegou).

Mas nem só de briga se fez a eleição desse ano. Junto com todas as coisas anteriormente listadas temos o cara que realmente surpreendeu durante o pleito eleitoral. Não sabe quem é?

Cabo Daciolo é um dos memes do ano, um dos melhores memes do ano. Com toda a sua narrativa sobre revelações divinas, perseguição dos Iluminati e comentários de um nível altíssimo de acidez, nosso compadre Daciolo conseguiu uma quantidade de votos que ninguém esperava que ele teria, superando grandes nomes da política nacional que tinham muito mais tempo de televisão e gastaram infinitamente mais grana.

Falando em votação, não podemos esquecer do cara que venceu o pleito eleitoral. Bolsonaro, o cara mais controverso já eleito desde a redemocratização desta terra verde e amarela. Digo controverso por causa de todo o barulho que ele gerou, contra e a favor dele, sem nem começar a governar nada. Mas não é hoje que a gente vai falar dele por aqui, na verdade nem sei se um dia a gente vai. Já falaram tanto dele em 2018 que eu não só não tenho muito o que dizer como também tô meio farto desse assunto.

Em 2018 também rolou o incêndio do Museu Nacional que, não só escancarou o descaso com que os nossos museus, e por que não dizer nossa História, são tratados, mas também gerou aquele prejuízo sem tamanho pro patrimônio histórico da humanidade. Também não podemos esquecer daquele que deve ser o último casamento real pelas próximas décadas. O principe Harry seguiu o exemplo do pai e do irmão e casou com uma plebeia. Obviamente a plebeia da vez, a atriz Meghan Markle, não é nenhuma pobre lascada e tem tudo pra virar uma versão mais bronzeada de Lady Di.

Como em todos os anos, muitos nomes de peso deixaram o mundo nos últimos doze meses. Na TV tivemos a partida de dois ícones do entretenimento infantil: Simon Shelton Barnes, o Tinky Winky dos Teletubbies, e Stefán Karl Stefánsson, o  vilão Robbie Rotten de Lazy Town. Além deles tivemos o falecimento de Gil Gomes, Graça Araújo, um dos principais nomes do jornalismo pernambucano, e de um dos caras mais criativos que já trabalhou na produção de um desenho animado, Stephen Hillenburg, o criador de Bob Esponja. Por aqui também nos despedimos do cara que provavelmente mais fez o papel de Jesus no mundo, José Pimentel. No mundo da música perdemos Aretha Franklin, Carlos Eduardo Miranda, um dos maiores produtores musicais e um dos jurados mais icônicos da televisão brasileira, Joe Jackson, pai de Michael Jackson e uma das figuras mais controversas da história da música americana, e por último, mas não menos importante, temos Mr. Catra.

A galera que gosta de quadrinhos lamentou a partida da dupla que criou o amigão da vizinhança. Steve Ditko e Stan Lee, apesar de há muito separados, partiram no mesmo ano para a eternidade. Os dois juntos criaram um dos super-heróis mais queridos do público, o Homem-Aranha e Stan Lee junto com vários outros artistas criou o resto do universo Marvel e de quebra deu aquela revolucionada no mercado de quadrinhos americano. De uns tempos pra cá ele só vinha revolucionando o mundo das participações especiais em filmes com personagens Marvel

Em 2018 também demos adeus a Stephen Hawking, um dos poucos físicos famosos que também era famoso fora do meio da física. Billy Graham, um dos maiores nomes do protestantismo norte americano e ex-conselheiro de um monte de presidente dos Estados Unidos. Fechando a lista temos a vereadora Marielle Franco.

Esse ano que passou foi um ano meio esquisito. Não consigo dizer que de fato foi um ano ruim, já que dentre as desgraças que saltam aos nossos olhos sempre estão as pequenas alegrias, os momentos preciosos e as conquistas que só tem valor pra quem foi lá e fez. Os sorrisos entre lágrimas, o mal previsível e o bem inesperado ou só a satisfação de ver o tempo passar por nós sem nada nos fazer.

Não dá pra saber o que 2019 vai ser, mas dá pra começar a imaginar… E pra compor a trilha sonora desse momento de reflexão eu deixo vocês com o hit supremo do ano de 2018.

Feliz ano novo e até 2019.

 

Playlist de Bikini #3

Das coisas que eu fiz no ano passado, sem sombra de dúvida, uma das que me deu mais satisfação foi montar uma playlist só com artistas independentes pra comemorar a independência do Brasil. Não é difícil imaginar que eu repetiria a dose assim que possível, mas eis que esbarro em uma dificuldade primordial: gastei minhas melhores escolhas no ano passado. Então eu fiz o que qualquer ser humano na minha situação faria.

Pedi ajuda aos amigos.

Amigos com quem eu converso  sempre, amigos com quem eu converso pouco e amigos com quem nunca mais eu conversei. Todos atenderam prontamente ao chamado, nem que fosse só pra ficar na promessa. O mais interessante de tudo isso foi perceber como todas as recomendações foram feitas com cuidado, por que não dizer com amor. Cada faixa ouvida me fez sentir como se eu estivesse brincando com os brinquedos de outra pessoa, me fez ver o dono da indicação dentro das letras e das melodias. Foi como sentar pra conversar com todos esses amigos ao mesmo tempo.

Pra finalizar o falatório, preciso dizer que todas as músicas presentes nesta lista são escolhas duplamente pessoais. Já que, além das minhas próprias escolhas, eu fiz uma seleção das recomendações dos amigos, justamente por isso temos músicas suficientes pra que até os que desgostarem mais possam aproveitar pelo menos umas dez músicas.

Assim como de costume, nossa lista tá lá no Spotify.

No Deezer

Se você não se utiliza dos serviços acima, a lista está disponível, com algumas alterações, no YouTube.

Independência ou morte, crianças!

Eu, Você e Esse Trânsito Maldito

    Esta semana não foi raro parar para avaliar minha vida no caminho para o trabalho ou para casa. Na verdade eu estava analisando minha vida em dois momentos específicos. Digo isso pelo simples fato de ter passado essa semana por dois dos maiores engarrafamentos que eu já encarei nos meus quase três anos como motorista.

    Se existir uma lista dos maiores vilões para os seres que habitam ou circulam diariamente pelas cidades grandes, é bem provável que o trânsito esteja no topo da lista para a maioria das pessoas. Se quando você é criança os monstros que aparecem quando a luz apaga, o velho do saco, o bicho papão ou aquela velha estranha que vive na sua rua são as coisas que mais te metem medo, quando você é adulto essa função de encher o seu coração de pavor pode muito bem ser ocupada pelo trânsito. A diferença é que, ao contrário dos monstros que teoricamente vinham pra te pegar, é você que vai pegar o trânsito.

    Não sei você, mas quando eu falo ou penso em alguma frase que tem a expressão “pegar trânsito”, a minha alma se enche de medo ou de tristeza. Quando a frase envolve alguma forma de pensamento preventivo, o medo toma conta, afinal a incerteza faz isso com a gente. Quando o trânsito ruim se torna uma certeza, ou uma sentença, o mundo perde a cor e todas aquelas músicas de bad que você já ouviu na vida começam a fazer muito sentido. Mas nada é maior do que a aleatoriedade do trânsito.

    Basta você fazer o seu caminho de casa para o trabalho/escola/curso/faculdade de segunda à sexta pra memorizar quais os pontos de engarrafamento, mas também é bem possível que você tenha experimentado passar por alguns pontos onde tanto faz o trânsito estar uma beleza como estar uma desgraça. Imagine que toda vez que você sai de casa você joga um dado e torce pra tirar um número alto o suficiente pra te livrar do trânsito.

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Mas tudo que foi comentado até agora acontece antes ou depois do engarrafamento, justamente onde a desgraça verdadeira do trânsito habita. O engarrafamento é o ponto máximo do trânsito, pode ser só uma lentidão momentânea, uma lentidão sem fim ou você pode simplesmente ver a mudança na cor dos sinais algumas várias vezes antes de ter a oportunidade de andar um palmo que seja. Buzinas motivadas pela revolta e/ou pela falta de educação aparecem aqui e ali, um ou outro carro acaba cheirando a bunda de outro que freou muito repentinamente e sempre vai aparecer uma ambulância ou viatura da polícia pra testar a capacidade dos motoristas de livrar espaço na via. Claro que também temos os motoqueiros que fazem questão de tirar aquele fino no seu retrovisor e de desafiar as leis da física e a anatomia de suas motocicletas. Mas nenhuma dessas coisas mede tão bem o tamanho da desgraça quanto o volume do comércio no engarrafamento.

Água e pipoca no sinal é (pelo menos na região metropolitana do Hellcife) o que mais tem, frutas você encontra em alguns pontos da cidade e as flanelas são bem comuns, mas de acordo com o nível de paralisia da via as coisas mudam um pouco. A primeira coisa que muda é a distância do vendedor pro sinal/semáforo/farol. Quando você vê aquele vendedor de pipoca de sempre uns trezentos metros antes de onde ele normalmente fica pode apostar sem medo que o trânsito tá uma derrota. Outro indicativo é o aparecimento de coisas que não são vendidas normalmente, como por exemplo um restaurante que fica em uma das avenidas com trânsito mais potencialmente cabuloso do Recife e que, nos dias de trânsito mais pesado, coloca os funcionários pra vender galeto no engarrafamento. Recentemente uma galera que vende bolo de rolo a cinco reais se instalou na mesma avenida onde a galera vende galeto. Em outro ponto da cidade, segundo relatos de um amigo meu, outro restaurante vende pizza, isso mesmo, pizza para aqueles enganchados no trânsito. Não duvido que logo estaremos no patamar angolano, onde eu vi gente vendendo até cachorro no meio do trânsito.

Trânsito é uma bosta. Um engarrafamento do bom, daquele que quase triplica o tempo do nosso trajeto, tem o poder de drenar todas as nossas alegrias e esgotar as nossas mentes. Para minimizar isso eu recomendo uma carona que não seja mimizenta, até porque nenhum motorista precisa de alguém pra aumentar o nível de derrota daquela situação, ou alguma coisa que ocupe o tempo gerando o mínimo de entretenimento. Um conhecido meu começou a ouvir audiolivros, eu costumo ouvir podcasts, outros se aproveitam do rádio ou da televisão de suas centrais de mídia. Eu não recomendo muito ouvir música porque é uma maneira simples de você marcar o tamanho da demora que aquilo tudo está te causando, além de achar que nunca é muito legal colocar trilha sonora na desgraça. Mas a maior recomendação que eu dou é uma coisa que eu tento fazer sempre e em algumas vezes eu tenho sucesso: tente não esquentar a cabeça com coisas que fogem do seu controle. Até semana que vem

Está Aberta a Temporada de Bombardeio

No início da semana a revista Entertainment Weekly fez um certo barulho na internet publicando uma série de imagens exclusivas do próximo Star Wars. Imediatamente eu senti um cheiro de 2015 no ar. Imediatamente eu soube que a temporada dos bombardeios estava aberta.

Em 2015 estava todo mundo comentando como os trailers de Star Wars Episódio VII não revelavam nada de concreto sobre o filme e de como todo mundo que faz trailer devia aprender com Star Wars. Não lembro exatamente quando começou, mas em algum ponto do ano o pessoal do marketing do filme começou a bombardear a internet com todo tipo de teaser, tv spot, featurette, trailer ou seja lá que nome você pode dar praquele tanto de coisa que foi disparado na cara do público. Isso sem contar os pôsteres, fotos e derivados. Apesar de simplesmente ignorar a imensa maioria do material de divulgação, eu me senti exatamente como esse Destroyer imperial na Batalha de Scarif.

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Foi então que eu me lembrei que não só de Star Wars viverá o nerd neste fim de 2017. Em outubro temos Blade Runner 2049, em novembro temos Thor: Ragnarok e Linga da Gutiça Liga da Justiça e só em dezembro chega o Star Wars Episódio VIII. Nada me tira da cabeça que a galera que trabalha no marketing desses filmes logo vai estar assim:

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E se os estúdios sonharem que o público não tá confiando muito na qualidade desses filmes, aí a coisa fica ainda mais louca. Até porque se as pessoas estão em dúvida sobre suas expectativas, nada mais justo do que abrir a estação e embarcar todo mundo no trem no hype.

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Caso você não esteja familiarizado com a expressão, deixe-me explicar. Muitas vezes as pessoas ficam muito ansiosas e empolgadas por causa de alguma coisa que está pra sair. Já no anuncio os fãs já começam a especular, depois saem as prévias, os teasers e os trailers. Fotos da produção, confirmações de elenco e mais e mais prévias. Toda essa expectativa, ansiedade e fantasia em cima da coisa que ainda não chegou recebe o nome de hype. Só que não é todo mundo que vai na onda, algumas pessoas são mais cautelosas e preferem manter um pé atrás. Por isso convencionou-se falar do hype como um trem, você embarca se quiser. Isso seria algo mais simples se não houvesse tanta safadeza por parte dos nossos brothers dos grandes estúdios.

Infelizmente a gente tá careca de saber que nossos amigos marqueteiros nem sempre tem um material legal na mão ou nem sempre sacam bem qual é a do filme e até mesmo acham que o filme não tem atrativos suficientes pra chamar o público. O resultado disso é que muitos filmes são vendidos errado, outros tantos perdem aquele momento impactante por causa das cenas que já saíram nos trailers e deixaram de ser surpresa e aqueles que tem TODAS as suas cenas boas mostradas antes pro público.

Seja você um passageiro do trem do hype, um daqueles que só vai ficar esperando na estação pelo próximo trem passar ou a pessoa que vai levar mais bomba que aquele pobre Star Destroyer o que interessa é que o fim do ano está chegando, os últimos blockbusters de 2017 já estão logo ali e a disputa será feroz. Se prepare que lá vem bomba.

Não Quis Peidar Na Casa da Namorada e Morreu

Ontem estava eu em minha residência quando minha mãe me perguntou se eu sabia do caso de um jovem mexicano que segurou o peido até morrer. Estarrecido por um evento tão trágico, peculiar, mas ainda assim trágico, fui olhar nas internets e me deparei com manchetes desse calibre:

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Curiosamente essa notícia só foi veiculada por sites de notícia menores e no Facebook, provavelmente por gente que compartilhou as notícias desses mesmos sites. Se você quiser saber mais sobre essa história e ainda de quebra ver alguns motivos para não segurar a flatulência, clique NESSE LINK AQUI.

O ocorrido foi o seguinte: nosso amigo mexicano, identificado apenas como Jorge M., foi visitar sua namorada perto da hora do almoço. Não sei se ele já tinha essa intenção, mas acabou sendo convidado para almoçar com a namorada e a sogra. Segundo relatos a refeição em questão exigiu bastante das capacidades digestivas do pobre Jorge e seu corpo começou a produzir uma quantidade inesperada de gases. Como o espaço disponível nos intestinos é limitado, o gás pediu pra ser liberado e foi nesse momento que Jorge teve a péssima ideia de não deixar o gás sair. Não sei se o namoro dele era recente ou se ele nunca tinha ido pra casa da namorada, mas o jovem mexicano não quis passar a vergonha de liberar os gases na casa da sua amada e sacrificou o próprio bem estar em nome da reputação. Até aí tudo bem, dá pra entender os motivos do sujeito, mas o tempo passou e perto das oito da noite Jorge, que ainda estava na casa da namorada, caiu no chão com dores abdominais fortíssimas. Foi levado ao hospital, mas não resistiu à uma parada muito louca que deu no intestino dele por causa do acúmulo de gases e morreu.

Vamos pensar um pouco. O cara foi almoçar na casa da namorada, ficou com vergonha de peidar e segurou a onda, não conseguiu um momento livre de testemunhas para liberar os flatos, manteve sua vontade inabalável até o momento em que seu corpo desistiu e entrou em colapso, quase oito horas depois. Olha…

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Esse ser humano tá de parabéns. Ele não só fez uma coisa complicada, ele provocou o colapso do próprio intestino e MORREU pra não passar a vergonha de peidar na frente da namorada. Ele não conseguiu dar uma chegadinha no banheiro? Não conseguiu inventar uma desculpa pra voltar pra casa mais cedo e sair peidando pela rua? E que peido nefasto é esse? O cara tinha comido alguma coisa morta? Alguma coisa viva que morreu e apodreceu dentro dele? Ele tinha alguma doença que transformava o peido dele numa nuvem de veneno mortal? Ou será que ele tinha apenas o costume de segurar o gás e essa foi a gota que transbordou o copo? Impossível responder, mas o resultado tá aí e com ele uma valiosa lição pra todos nós.

Passar vergonha é uma bosta. Vergonha é uma sensação terrível e muita gente prefere uma topada com o dedinho na quina da cama do que passar um pouco de vergonha. Ninguém quer se queimar com a galera por causa de uma besteira, mas até que ponto estamos dispostos a suportar qualquer tipo de sofrimento para evitar a vergonha? Jorge M. era só um carinha mexicano que não queria peidar e acabou morrendo por causa disso. Não quero nem pensar quanta gente tá morrendo por ter vergonha de fazer coisas que são tão naturais quanto respirar.

Playlist de Bikini #1

Na última quarta-feira eu publiquei um texto por aqui e coloquei uma playlist pra dar uma complementada no bagulho. Isso acabou me dando a ideia pra uma nova linha de publicação para o Cachorros de Bikini. Este é o primeiro post da série, ainda sem periodicidade definida, Playlist de Bikini, onde eu vou publicar playlists temáticas porque de vez em quando dá preguiça de escrever e fazer playlist é mais fácil  com temas diversos e provavelmente bem limitados porque eu não sou uma pessoa entendida das coisas.

A playlist de hoje tem um tema, digamos, doméstico. Fiz uma lista só com músicas que inspiraram personagens, histórias ou apareceram de alguma forma na nossa série semanal de contos.

A lista está disponível lá no Spotify

E no Deezer

Se você não se utiliza de Spotify ou de Deezer, pode ouvir a playlist lá no Youtube.

 

O Inverno Chegou… Mas Tá Quase Acabando

    Estava eu pensando sobre o que escrever nesta sexta-feira gloriosa quando a internet me lembrou disso aqui:

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    Daqui a dois dias vai ao ar o primeiro episódio da sétima temporada de Game of Thrones e eu acabei lembrando que eu nunca parei pra fazer um post sobre a adaptação televisiva das Crônicas de Gelo e Fogo. Justamente por não ter assistido a adaptação televisiva das Crônicas de Gelo e Fogo eu vou parar pra comentar um pouco sobre o que acontece com o planeta Terra quando uma temporada nova do GoT(inho) começa a passar.

    Antes de mais nada devemos lembrar que o sucesso de Game of Thrones, apesar de grande desde o início, veio numa crescente ao longo desses últimos seis anos até atingir o nível de loucura que a gente vê atualmente. Trama cheia de reviravoltas, personagens carismáticos, uma quantidade (muito) acima da média de personagens morrendo de forma inesperada, aquela dose de sacanagem com gente pelada que sempre alavanca a audiência, além de jogar tudo isso dentro daquela temática de fantasia medieval que todo mundo gosta. Não é por acaso que GoT bate todos os anos os recordes de pirataria e vídeos com as reações das pessoas às principais cenas da série tomam conta do YouTube.

Inclusive eu costumo dizer que Game of Thrones é a série que os fãs adoram esperar, quando tá passando a galera fica louca esperando pelo próximo episódio e quando a temporada acaba fica todo mundo louco esperando a temporada seguinte. Depois de analisarmos esse contexto, digamos, cultural vamos pro ponto principal desta postagem.

Se você é tão macaco velho quanto eu, já deve ter notado que Game of Thrones não multiplicou o número de fãs ao longo dos anos, mas sim o seu número de futuras viúvas. Por que eu digo isso? Só porque já foi anunciado que a temporada do ano que vem será a última da série.

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    Exatamente, amiguinhos. 2018 vai ter o final de Game of Thrones. Os motivos pra isso são vários, incluindo os custos de produção e o material fonte das primeiras cinco temporadas e mais umas paradas da sexta estar esgotado. Trocando em miúdos o que rolou foi o seguinte, pegaram os livros pra fazer a série, quatro quando a série começou e mais um que saiu algum tempo depois. A série foi andando, o material foi sendo adaptado e chegou um momento que os livros acabaram. Aí você me pergunta “como assim acabaram?” uma pergunta com uma resposta bem simples. Se você for olhar a data de publicação do primeiro livro, vai ver que a galera tá disputando o Trono de Ferro faz um tempão. Foram lançados cinco livros ao longo de quinze anos (entre 1996 e 2011) e faz uns três anos que tão dizendo que o sexto livro tá pra sair. Como levou apenas um terço do tempo pra série chegar no ponto onde os livros estão atualmente e como na televisão normalmente não rola de dar uma pausa na série e voltar uns cinco anos depois, a galera resolveu se virar e encaminhar a história pro final, seguindo mais ou menos as diretrizes do autor dos livros. Ainda bem que eles resolveram não estender demais a parada pra não correr o risco de cagar tudo mais do que eles já cagaram.

    E eis que nos adiantamos pro fatídico ano de 2018. Já consigo sentir a perturbação gerada pelos gritos de lamento de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Eu tô calculando uma comoção parecida com aquela que rolou quando terminou Lost, inclusive com a mesma proporção de gente reclamando do final. Eu não tô ligando muito pra o que pode acontecer na TV, afinal eu só ligo pros livros mesmo e se nos livros a parada sair boa pra mim tá tudo certo, mas eu sou grato por tudo aquilo que apareceu por causa da série, seja camisa, caneca, boneco, jogo,  meme ou até um monte de gente que tá muito longe de ser nerd desesperado pra assistir uma série de fantasia medieval. Mas eu já tô falando demais e o assunto acabou. O assunto, mas o inverno…

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    Esse ainda demora um bocadinho pra terminar.

O Homem-Aranha que (Ainda) Não Está no Cinema

Ontem estreou  o mais novo filme do amigão da vizinhança, Homem-Aranha: De Volta Ao Lar. Aí você pode pensar “não aguento mais filme do Homaranha, Filipe, já vai no terceiro Homaranha. Pra quê isso?”. Bem, seria só mais um filme do Homem-Aranha se, em 2016, não tivesse acontecido isso aqui:

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O nosso amigo aracnídeo foi integrado ao universo cinematográfico da Marvel e, muito provavelmente, vão fazer uma caracterização mais legal do Aranha no cinema. Só que não é por isso que eu resolvi escrever esta publicação. Hoje o Cachorros de Bikini vai fazer um serviço de utilidade pública e apresentar para você, ser humano que não acompanha a publicação de quadrinhos da Marvel, um Homem-Aranha que pode aparecer no cinema em algum ponto do futuro: Miles Morales, o Homem-Aranha do (extinto) Universo Ultimate.

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Miles foi criado em 2011 para atender uma única necessidade: o Homem-Aranha precisava voltar a dialogar com seus leitores. Pra entender melhor como essa necessidade surgiu precisamos antes voltar um pouco mais no tempo. Em 1962 Peter Parker,o Homem-Aranha, nasceu e se tornou o personagem mais popular da Marvel porque os leitores se identificavam muito com ele. Aí os anos passaram, ele ficou mais velho, casou, descasou, casou de novo, arrumou emprego, terminou a faculdade e se afastou um pouco dos leitores. Aí a Marvel lançou, no início dos anos 2000, o Universo Ultimate, uma versão mais moderna do seu universo regular onde havia mais espaço pra criar novas interpretações dos personagens. O Homem-Aranha voltou a ser adolescente e teve sua origem atualizada. Depois disso foi o mundo real que começou a mudar. Os dados demográficos dos Estados Unidos começaram a mostrar que a ´proporção de “americanos padrão” da população tinha diminuído muito e proporção de americanos negros, hispânicos e de outras etnias variadas estava crescendo. Por consequência o público não era mais o mesmo. Peter Parker não estava mais dialogando tanto com todo mundo. Era hora de alguém novo entrar em cena. Foi por isso que o Peter Parker Ultimate morreu. Foi assim que Miles Morales nasceu para assumir o manto do Homem-Aranha.

Se você não tem familiaridade com o mercado de quadrinhos, pode até pensar que ninguém ligou muito pra esse Aranha novo. Um personagem novo, criado em uma linha editorial secundária pra substituir um personagem já consolidado. Só que, ao contrário do que pode parecer inicialmente, Miles foi um sucesso instantâneo. O público não só abraçou o novo Homem-Aranha, como também tornou o título dele o mais vendido da linha Ultimate. O sucesso do personagem foi tanto que, quando a linha Ultimate acabou, Miles foi o ÚNICO herói daquele universo incorporado ao universo regular, chegando a participar dos Vingadores. Ele se tornou tão querido pelo público que foi só sair a notícia sobre um filme do Homem-Aranha feito pela Marvel Studios que imediatamente começaram os pedidos para que Miles Morales fosse parar na tela grande.

Não preciso dizer que a estreia de Miles no cinema não aconteceu. Temos um novo Peter Parker e parece que ele vai passar um bom tempo nesse papel. Aí você pode pensar que o sonho morreu, só que isso não é bem verdade. Primeiro porque pra ter um novo Homem-Aranha é necessário ter o primeiro, já que Miles é um personagem de legado, segundo porque o cara que manda na Marvel do cinema, Kevin Feige, disse que nosso amigo Morales não só existe no universo do cinema como já tem dica disso no filme novo. AimeuDeusdocéuquefelicidade.

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Por hoje é só, crianças. Nos vemos na semana que vem.

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