Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Mês: julho 2015

Deixa Terminar

Na semana passada eu publiquei um texto falando sobre o final de uma série que eu gosto muito e sentimento que o fim das coisas desperta (caso não tenha lido clique aqui). Mas um dia desses recebi uma noticia que me fez refletir: Naruto acabou, mas voltou. Não sei exatamente se a volta foi definitiva ou se foi ligeira pra matar a saudade. A questão verdadeira aqui é a seguinte: não estão deixando as coisas terminarem. Mas o maior exemplo disso nem é Naruto, ele não chegou nem aos pés de Toy Story.

Quando saiu Toy Story 3 eu me preparei pra dar adeus a uma coisa que fez parte da minha infância. Lá em 1995 eu fui pro cinema pela primeira vez e o filme em cartaz era Toy Story. Nem preciso dizer que eu me apaixonei pelo filme, e pela Pixar, naquele momento. Foi todo esse amor que eu levei pra sala de cinema alguns anos depois, quando fui ver o ultimo Toy Story. No fim do filme eu e boa parte da galera estávamos aos prantos. Não só pelo desfecho emocionante de um filme carregado de emoção, mas também daquela ser a despedida de personagens que permearam minha infância e moldaram meu caráter infantil. Aí pegam e anunciam que vai ter um Toy Story 4.

A primeira coisa que eu pensei foi “e eu chorei aquilo tudo pra NADA?”. A segunda coisa foi “tão de sacanagem” “eles não querem largar o osso mesmo”. Dizem por aí que em time que tá ganhando não se mexe, mas de uns tempos pra cá a galera tá levando isso bem a sério. Não sei se é por medo de arriscar ou por puro comodismo, mas nunca antes se reciclou tanta ideia quanto hoje em dia. O retorno garantido deixou a possibilidade de fazer algo novo em segundo plano. A zona de conforto criativa se tornou confortável demais, pior pras ideias novas, que estão cada vez mais sem espaço.

Pra finalizar eu digo que se é pra terminar que termine, deixem que faça falta e dê saudade. Deixem que as coisas novas venham e conquistem seus próprios lugares dentro dos nossos corações. Não parem de procurar a fórmula do ouro só por que conseguiram fazer o chumbo ficar brilhante.

Contos de Segunda #5

O despertador tocou de novo. Era o terceiro alarme. Foi quando Marcelo acordou. Ele sabia que estava atrasado, também sabia que só pessoas desempregadas podem fazer festa até tarde no domingo de noite sem sofrer nenhum prejuízo. Mas Marcelo não estava nem aí. Pela primeira vez na história seu time do coração levantou a taça de campeão da segunda divisão do campeonato estadual. Isso merecia uma comemoração. Mas comemorar tanto quanto Marcelo comemorou era um pouco de exagero. Principalmente por que aquela era a sua segunda semana no novo estágio.

Ele caminhou até o espelho, olhou atentamente para o reflexo e se sentiu reprovado no teste do espelho. Sua semelhança atual com um paciente terminal de seriado médico o fez desistir totalmente de aparecer no escritório. Mas a pergunta era: como faltar sem queimar o filme?

A primeira opção era o bom e velho atestado médico, mas Marcelo tinha “RESSACA” escrito na testa e a segunda era um dia difícil pra conseguir atestados do jeito tradicional.

Marcelo tinha um amigo médico. Normalmente ele não ajudava com atestados fraudulentos, mas ele também estava feliz com o título de campeão da segunda divisão do estadual. Talvez ele abrisse uma exceção. Talvez, se ele não estivesse tão acabado quanto Marcelo, a diferença entre os dois é que o médico não precisava acordar cedo, tanto é que não acordou. Na quinta ligação o atestado médico foi riscado da lista de soluções possíveis. A segunda opção era que alguma catástrofe urbana estivesse acontecendo no caminho até o estágio. Depois de uma rápida busca em sites de notícia a possibilidade de ter um protesto, acidente ou greve interrompendo o transito foi descartada. O jeito era chegar lá e tentar convencer os outros de que a ressaca, a falta de sono e a cara de de desastre eram um tipo novo de virose.

Marcelo se arrumou o melhor que pôde, meteu os óculos escuros no rosto, respirou fundo e partiu. Durante todo o caminho ele rezou para todos os deuses e santos que ele conhecia. Refletiu sobre como o fanatismo pelo seu time estava atrapalhando sua vida e que não seria uma boa idéia adicionar um estágio de uma semana ao currículo. Mas ao descer do ônibus a primeira coisa que ele viu foi o cordão de isolamento dos bombeiros. O prédio onde ele trabalhava estava sendo evacuado. Segundo o corpo de bombeiros uma máquina de fotocópias explodiu ao tentar ser operada por um dos coordenadores da empresa. Testemunhas afirmam que o estagiário que fazia as cópias estava atrasado, o que levou a uma operação errada da máquina, resultando no acidente. Ninguém ficou ferido, fato que fez Marcelo permitir que um sorriso brotasse em seus lábios. Diante daquela situação ele só podia dar meia volta e partir pra casa.

 

Hoje é Dia de Rock

3 de Julho. Por algum motivo, que eu não faço ideia qual seja, é comemorado o Dia Mundial do Rock. Diante da falta de ideias dessa data tão peculiar resolvi discorrer sobre a minha relação com esse tal de rock n’ roll e aproveitar a chance de deixar algumas opiniões pessoais sobre esse tema tão cativante.

Eu comecei a consumir musica de fato na adolescência. Como aqui em casa não se tinha o habito de ouvir musica, principalmente por falta de um aparelho de som, meus contatos iniciais foram através da Mtv. Graças à Music Television brasileira eu conheci muitos dos artistas que eu escuto até hoje. Quando começou a ter computador aqui em casa as mp3 começaram a aparecer também, foi quando eu comecei a ouvir o que eu via na Mtv e o que chegava aqui através dos meus primos. Praticamente tudo que chegava era rock e claro que, como um bom adolescente que era, eu elegi o rock como o melhor estilo musical e automaticamente todo o resto virou um monte de cocô.

Naquele tempo minha visão de música era muito limitada. Tanto que eu desprezava tudo que não era rock. O rock era o melhor, a verdade absoluta, a forma mais sensacional de musica no nível de pensar que quem gosta de rock não pode gostar disso ou daquilo. Só depois dos 18 que eu comecei a expandir um pouco mais meus horizontes. Como disse uma vez um famoso youtuber brasileiro vesgo: Chega uma hora que você tem que diminuir o nível de rock na sua vida. Não sei se era exatamente isso, mas era mais ou menos assim, e foi o que aconteceu comigo.

Hoje em dia boa parte do que eu escuto tem pouca ou nenhuma relação com rock. Aumentar a quantidade de música e diminuir o volume de rock foi uma coisa muito boa no fim das contas, mas nem por isso eu deixei de lado o bom e velho rock n’ roll. Descobri umas paradas antigas e visito regularmente uns lances alternativos. Ouvi coisa que estão lá nas raízes e outras que beberam da mesma fonte, mas que seguiram por outra vertente. Devido a essas viagens musicais meus amigos falam que eu escuto coisas muito estranhas que ninguém conhece. Apesar disso eu quero recomendar pra essa data tão festiva uma parada que todo mundo conhece. Pra hoje eu recomendo aquela música com o solo de guitarra que te arrepia, aquela que te dá vontade de cantar bem alto, com uma bateria que faz o coração bater mais forte e com um baixo marcante que faz a alegria dos seus ouvidos. Eu não preciso dizer qual música é, você sabe exatamente de qual eu estou falando. Aumenta o volume e deixa o som rolar que hoje é dia de rock, bebê.

Acabou

Acabou. Foi um dia desses. Não foi sem aviso, nem foi antes da hora, mas chegou ao fim. Depois de tanto tempo acabou. Não que fosse uma coisa muito importante na minha vida, mas fazia parte. Sentirei falta? É provável. Mas talvez o sentimento de que nunca mais aquilo será uma novidade é que me deixe um pouco triste, mas fazer o quê? Acabou. Nesse momento, nobre leitor, a pergunta que surge em sua cabeça deve ser “O que foi que acabou?”.

Um dia desses chegou ao fim uma das séries de maior sucesso de seu gênero, referência cultural pra toda uma geração. Antes de ouvir a resposta peço a você, caro leitor, que abandone esse texto apenas depois da conclusão do meu raciocínio. De acordo? Ótimo, então já posso dizer que, um dia desses, Naruto acabou.

Antes de descarregar ofensas contra mim deixe que eu me explique.

Não sinto nada pelo fim da série em si. Falo sério. Apesar de me considerar um fã não foi isso que me motivou a escrever essa pequena reflexão. Mas sim o que eu pensei depois do fim da história do ninja galego de cabelo espetado. O que eu sinto é aquilo que todos nós sentimos quando algo simples e aparentemente banal, como uma série de TV, de histórias em quadrinhos, filme ou novela, que faz parte de nossas vidas durante muito tempo acaba. A sensação de que as coisas estão mudando. E atire a primeira pedra aquele que se sente plenamente confortável com o sentimento de mudança. Não é culpa sua, fomos programados assim.

Pensar que nunca mais vou parar uns minutos pra debater sobre os últimos capítulos com algum amigo, ou ouvir alguma novidade que me faz correr atrás do que eu ainda não li tem um gosto meio amargo. Amarga a boca quando eu penso que um dos elos que eu ainda tinha com os meus tempos de adolescência virou passado, e hoje habita apenas na lembrança, junto com os meus 16 anos. De que a próxima vez que eu conversar sobre isso com alguém vou utilizar apenas verbos no passado. De que no máximo eu vou poder reler o que eu já li. Menos uma coisa na lista do que faz tempo que eu leio/assisto/acompanho. E isso amarga

Talvez pareça exagero da minha parte, mas quem nunca se sentiu assim? Quem nunca sentiu falta ao fim de uma série de filmes ou de livros, novela ou seriado de TV? Quem nunca pensou em como teria que arrumar outra coisa pra discutir com os amigos ou com os colegas de trabalho que compartilham o mesmo gosto pelo assunto?

No final todos esperam curiosos pelo fim, mas não querem romper os laços e deixar aquilo pra trás. Não vou cair no absurdo de dizer que minha vida nunca mais vai ser a mesma depois disso, mas sempre vai ser estranho pensar que acabou.

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