Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Mês: novembro 2017

Meio Cagada Essa Liga Aí

Quando os filmes baseados em quadrinhos de super-herói deixaram de ser um projeto de risco e Hollywood percebeu que as capas e as máscaras eram quase garantia de uma bilheteria boa, lá na metade pro fim da primeira década dos anos 2000, um questionamento foi levantado por muitos fãs de quadrinhos: “e o filme da Liga da Justiça?”. A Marvel começou a montar o que culminaria o primeiro filme dos Vingadores e a continuaram perguntando “e o filme da Liga da Justiça?”. Saiu Homem de Aço, o último filme solo do Superman, e mais gente começou a perguntar “cadê o filme da Liga?”. Eis que anunciam o infame Batman vs. Superman como o filme que serviria como um prelúdio pro filme da Liga e não muito tempo depois anunciaram 2017 como o ano em que finalmente veríamos a maior equipe de heróis de todos os tempos na tela grande. Aí veio BvS e todo mundo ficou com um pé atrás, pensaram que tava tudo perdido e que o filme da Liga ia ser um belo pedaço de bolo fecal. Foi aí que veio o filme dela.

O filme da Mulher Maravilha, apesar de não ser a oitava maravilha (trocadilho não intencional) do mundo, deu esperança de pelo menos ver um clima mais parecido com das histórias em quadrinhos do que os filmes que vieram antes. Só que nem tudo na vida são flores e a parada começou a desandar.

Não é de hoje que a Warner Bros. faz o favor de dificultar a vida de quem trabalha com os filmes da DC. Rolou isso em BvS, rolou isso naquela beleza que é o Esquadrão Suicida. Só que dessa vez a coisa foi pior. Por causa de uma tragédia familiar, o visionário diretor Zack Snyder acabou pulando fora da produção e foi substituído por Joss Whedon, também conhecido como o diretor de Vingadores 1 e 2. Se você estava entre as pessoas que pensaram que isso resultaria numa coisa boa, é bem provável que agora você já tenha reconhecido que se enganou.

Liga da Justiça tem uma série de problemas, mas de longe os maiores problemas do filme são por causa de coisas que rolaram fora do filme. Troca de diretor, refilmagem, Super Homem com bigode apagado digitalmente e pra completar ainda reduziram em pelo menos meia hora o tempo do longa, o resultado disso foi um número meio absurdo de cenas que apareceram no trailer e morreram na mesa do editor. O desenvolvimento dos personagens e até o ritmo da história sofreram muito com a redução na duração, sem contar que tem algumas coisas que ficaram meio estranhas de um jeito que eu não sei bem explicar, muito provavelmente por causa da troca do diretor e uma mistureba do que foi filmado antes e depois. A história do filme não é lá essas coisas, como na maioria dos filmes de herói, mas ela seria bem mais legal se o vilão não fosse meio cagado.

Liga da Justiça não só introduziu o Flash, o Ciborgue e o Aquaman no atual  universo cinematográfico da DC, também introduziu os Novos Deuses através da participação do Lobo das Estepes e sua legião de parademônios que queriam destruir a Terra em nome de Darkseid. Infelizmente a motivação do nosso amigo precisa ser deduzida com base em algumas dicas que o filme dá e acaba que a situação lá do cataclisma que o Lobo das Estepes provoca oferece bem mais risco do que ele mesmo.

A caracterização dos personagens foi bem menos problemática do que nos outros filmes. Apesar de não gostar muito do Batema piadista, achar que eles deviam ter puxado mais coisa da Mulher Maravilha de Patty Jenkins pra Mulher Maravilha da Liga e estranhar um pouco o Flash. Temos um Superman sorrindo no meio da porradaria, um Aquaman menos problemático do que eu imaginava e um Ciborgue que só não foi melhor por falta de tempo de tela.

Infelizmente o filme da Liga da Justiça não foi essa Coca-Cola toda. Sem Lanterna Verde e sem Caçador de Marte, essa equipe tá um pouco longe dos meus sonhos pra Liga no cinema, mas acho que podia ter sido bem pior. O futuro da Liga no Cinema me parece promissor o suficiente pra olhar pra frente um pouco mais esperançoso. Acho que na próxima eles conseguem.

Adeus, Aila

Em agosto de 2015 foi publicado aqui um texto que contava sobre uma conversa que tive com uma amiga minha. Nessa conversa a minha amiga falou sobre uma amiga dela, por um acaso era o mesmo nome de uma personagem de um jogo bem famoso. Apresentei a personagem pra minha amiga, ela gostou e disse que faria o favor de apresenta-la à sua xará. Foi a primeira vez que eu ouvi falar de Aila.

Infelizmente nunca tive o prazer de ser apresentado a Aila, mas de certa forma ela se tornou uma espécie de amiga do Cachorros de Bikini. Não sei o quanto ela acompanhou das publicações, mas uma ou outra curtida apareceram ao longo desses mais de dois anos. Infelizmente hoje, exatamente quando o relógio marcava 01:16 eu recebi a mensagem que me fez sair do jejum de publicações e publicar numa segunda-feira algo que não é um conto. A mensagem foi enviada pela mesma amiga que apresentou Aila ao Cachorros de Bikini. Apenas duas palavras que me acertaram com força:

“Aila morreu”.

E o mínimo que devemos a ela é uma justa homenagem.

“Luminosos seres somos nós, não essa rude matéria”, disse uma vez um personagem verde em um filme famosos. Eu posso dizer sem medo de errar que poucos seres tão luminosos quanto Aila enfrentaram uma matéria tão rude. Ela foi traída, ferida e desafiada pelo próprio corpo ao longo de anos. Caiu em armadilhas armadas pela própria carne e dormiu com o inimigo por noites incontáveis. Lutou com mais força e fé do que um exército de fanáticos, enfrentou monstros piores do que qualquer herói mitológico e tempestades mais fortes do que qualquer ilha tropical. Pessoas tidas como melhores teriam desistido bem antes… Eu com certeza teria desistido bem antes… Talvez você tivesse desistido bem antes, mas Aila não fez isso, lutou até o final. Creio que mesmo no final seu espírito ainda estava forte, mas a rude matéria não foi tão forte assim.

“Luminosos seres somos nós, mas apenas recipientes temporários nossos corpos são”, disse em outra ocasião o mesmo personagem verde. Temporário. Não fomos feitos para permanecer, nosso breve tempo neste mundo já está contado e não sabemos bem quanto nos falta. O tempo restante de Aila foi contado várias vezes e em praticamente todas elas as contas estavam erradas. Não sei se passar por uma luta tão longa foi o melhor, mas esse é o pensamento de alguém bem menos determinado e muito menos corajoso. Não conheci a força de Aila, assim como nunca ouvi a forma como ela falaria meu nome ou se de fato nos daríamos bem se houvesse a oportunidade de convivermos. Não estive com ela nas horas ruins e em nenhuma das boas, não tenho nada na memória além do nome e dos relatos resumidos que chegaram até mim falando de sua luta e de sua dor. Mas há outros que não só se lembram, mas que nunca esquecerão.

Meu coração e meus sentimentos estão com aqueles que se lembrarão de Aila e que lembrarão deste dia. Creio que com o fim da longa batalha ela pôde finalmente descansar. Creio que ela está em um lugar onde toda a força que ela teve não será mais necessária. Creio que finalmente ela não precisará mais lutar. Infelizmente nunca pude dar um “oi”, só me resta dar “adeus”.

Adeus, Aila.

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