Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Mês: agosto 2016

Jogos Olímpicos 2016

    Agosto de 2016. Pela primeira vez na televisão na história da humanidade o Brasil vai sediar os Jogos Olímpicos. Diante disso nosso assunto de hoje não poderia ser outro além de Pokémon Go da Olimpíada.

    Não preciso dizer que os Jogos são uma das coisas mais incríveis do mundo. Na minha humilde opinião isso nem é por causa da cerimônia da abertura, da quantidade absurda de pessoas envolvidas na organização/realização dos trocentos eventos que acontecem em um período muito curto ou algo relacionado ao tamanho do evento. Eu acho tudo incrível por que eu sempre tento fazer o exercício mental de me colocar na perspectiva de um daqueles atletas.

    Imagine que toda a sua vida foi regida por um único objetivo. Horas de dedicação todos os dias. Durante todos os anos de mais da metade da sua vida. Aí você chega lá. Mesmo praticando um esporte extremamente desconhecido você tem a chance de se transformar em um herói nacional. Você está na elite, vestindo as cores da sua pátria, amada ou não, ao lado de lendas vivas do esporte, perseguindo um lugar entre os imortais do esporte. Toda a sua vida, todo o seu esforço e todos os seus sacrifícios te levaram até ali e você tem poucos dias, na maioria dos casos poucas horas ou até mesmo poucos minutos pra determinar se tudo foi em vão ou não. Imagine o tamanho da ansiedade de um ser humano desse.

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    Então ampliamos o nosso espectro e observamos tudo de um plano um pouco mais amplo e as coisas ficam ainda mais impressionantes. Nos Jogos as coisas mais incríveis que um ser humano pode fazer acontecem. Onde pessoas levam seus corpos ao limite humano e fazem coisas que só dá pra acreditar por que tem replay.

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    Obviamente não só do épico vivem os Jogos, afinal os atletas são pessoas, tão humanas quanto qualquer um de nós. Carrancudos, bem humorados, sérios ou descontraídos, com todos os gritos, choros, risos, caretas, mungangas e cacuetes, são eles que dão personalidade aos Jogos. Deixando uma marca singular, talvez não na história do esporte, mas pelo menos no coração do público.

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Infelizmente esse ano a Olimpíada tem um gosto meio amargo. Consequência do gosto amargo que o Brasil tem de uns tempos pra cá. Só fazendo um exercício mental pesado vai dar pra ver tudo acontecendo sem ficar indignado. Vou tentar imaginar tudo aquilo que eu vou ver na televisão e na internet como se estivesse acontecendo em um lugar bem longe daqui. Como se o Brasil estivesse sediando os Jogos Olímpicos de Marte e os do planeta Terra estivessem acontecendo em universo diferente… É, acho que desse jeito dá certo.

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Eu, Você e Pokémon Go

    Acho que faz quase um ano que foi anunciado o Pokémon Go. Lembro que quando eu vi essa notícia a minha reação foi mais ou menos essa.

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    Lembro de ter pensado “ok, é um Pokémon pra quem não joga Pokémon”. Lembro de ter pensado que ninguém devia ter achado essa história de Pokémon pra celular grandes coisas. Aos poucos percebi que eu estava errado, um comentário aqui, uma notícia ali e não demorou muito pra ter um monte de gente em efervescência falando como ia ser legal, não vou precisar comprar um vídeo game pra jogar Pokémon maravilha da tecnologia e derivados. Foi então que eu notei que muita gente, mas muita gente mesmo queria jogar Pokémon Go.

    Antes de continuar devo abrir um parênteses. Eu me considero um fã dos jogos Pokémon. Já gastei algumas centenas de horas da minha vida jogando Pokémon, ou seja, qualquer palavra desse texto está totalmente desprovida de qualquer tipo de ódio por Pikachu e seus amigos. Sigamos com o tema.

    Pokémon Go é a confirmação da minha teoria de que Pokémon é uma doença. Se o vírus dele te infectar é pra vida toda. Mesmo depois de um, dois, dez, quinze anos sem nem ver um Pikachu na sua frente, basta o mínimo de interação com qualquer coisa relacionada a esses bichos malditos maravilhosos que tudo volta com força. Se não acredita basta dar uma sacada nesse infográfico divulgado esses dias e que eu roubei lá do site Pokémon Blast News.

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    Praticamente metade dos usuários ativos acima dos 13 anos de idade tem entre 18 e 29 anos. Isso quer dizer que metade dos usuários do aplicativo eram crianças no tempo em que a febre do Pokémon pegava mais gente que dengue e zika. Uma geração inteira que teve muito pouco ou nenhum contato com os jogos da série e guardou o sentimento de o desejo de treinar seus próprios pokémons durante a vida inteira. Pessoas que eram órfãs e não sabiam, pessoas que sempre quiseram jogar uma pokébola e ver um “Gotcha!” na tela ou ter o gosto de triunfar em uma batalha difícil contra um líder de ginásio. Milhões e milhões que nunca de fato foram até o Pokémon, mas que estavam de braços abertos quando Pokémon chegou até eles. Aí você me pergunta onde eu fico nessa história toda?

    Fico aqui de boa só observando essa loucura. Qualquer dia eu faço um post só sobre como o mundo enlouqueceu por causa desse negócio, mas existe uma chance muito remota de eu jogar Pokémon Go. A curiosidade que eu tinha está sendo satisfeita pelo que eu converso com as pessoas que estão jogando. O único motivo que eu vejo pra jogar é ter muito mais gente pra batalhar interagir do que no jogo normal, mas ainda assim a novidade que me anima é novo Pokémon que sai agora em Novembro. Pokémon Go pode ser o que for, mas não tem um Sandshrew iglu.

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    Já dizia o filósofo: “Temos Que Pegar”.

Contos de Segunda #52

Aluísio tinha uma relação muito particular com a segunda-feira. Praticamente todas as coisas importantes da vida dele aconteciam no primeiro dia da semana. E dessa vez não poderia ser diferente.

    Era a primeira segunda-feira de Agosto. Agosto era uma espécie de 29 de Fevereiro em doses homeopáticas. Só que no lugar de coisas ruins, eram as coisas improváveis que aconteciam. Aluísio tinha acabado de estacionar o carro no estacionamento do escritório quando o telefone tocou, o número era de Amélia, sua esposa grávida de sete meses, mas a voz do outro lado era do enfermeiro que estava com ela na ambulância. O barulho da sirene e dos gritos da esposa não deixaram Aluísio entender absolutamente nada do que o enfermeiro disse, mas ele não precisava ser um gênio para entender que o bebê ia chegar mais rápido do que o esperado.

    Pulou dentro do carro e virou a chave no contato… Nada. O carro não pegou. Tentou mais uma, duas, três vezes e nada. Sem tempo para uma chupeta na bateria, Aluísio foi pra rua atrás de um táxi. Foi quando lembrou que os taxistas estavam protestando contra os motoristas de um certo aplicativo que estava teoricamente roubando seus passageiros. O jeito foi baixar o maldito aplicativo e chamar um motorista que não estivesse protestando. O tal motorista chegou em dez minutos e antes de ter a chance de oferecer uma água, uma jujuba ou um chocolate, foi metralhado pelo endereço do hospital e uma dúzia de indicações de como chegar lá. Antes que o motorista pudesse puxar qualquer tipo de conversa sobre o tempo, a política ou o Campeonato Brasileiro, Aluísio já tinha avisado a pelo menos vinte parentes por mensagem enquanto ligava para mais meia dúzia.

    Estava tudo correndo bem até que ao virar uma esquina Aluísio deu de cara com o protesto dos taxistas. Antes que o pobre motorista do aplicativo pudesse dar meia volta o carro foi cercado por algumas dezenas de taxistas furiosos. Em poucos segundos Aluísio foi arrancado de dentro do carro e jogado no meio da rua. Com essa manobra exótica o celular de Aluísio decolou e se espatifou no chão. A parte boa disso tudo é que nenhum taxista foi atrás quando ele saiu correndo, a parte ruim é que ainda faltava pagar duas prestações do telefone espatifado.

    Depois de correr por quase um quilômetro, Aluísio chegou no hospital arrependido de todos os seus anos de vida sedentária, mas finalmente estava lá, suado, vermelho e quase tendo uma falência pulmonar. Pronto para testemunhar o nascimento de sua primeira cria. Na contramão do regulamento social vigente, ele e Amélia tinham deixado para saber o sexo da criança no dia do nascimento. Levou alguns minutos para Aluísio localizar a sala de parto, quando ele chegou não pode passar da porta. Ele teve que passar mais meia hora ouvindo toda a sinfonia de gritos que sua esposa estava promovendo dentro da sala, sinfonia essa que foi substituída por outra. Dessa vez os gritos vinham de uma garganta nova em folha. O choro parou, mas depois voltou com força redobrada. Na hora que a enfermeira estava saindo da sala de parto, um exército de parentes invadiu o corredor. Eles chegaram bem a tempo de ver Aluísio desmaiar quando a enfermeira disse:

    “Parabéns, são duas meninas”.

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