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São As Águas de Março Fechando O Verão

O carnaval acabou, Março já tá na metade e a gente já viveu quase 25% de 2017 e, assim como em outros anos, tem chovido para caramba. Afinal são as águas de março fechando o verão.

Sem título

Mesmo a chuva de março rolando praticamente todo ano, eu nunca tinha parado pra fazer a associação dessas famosas águas pluviais do mês três com o final de alguma coisa. Não sou um admirador do trabalho de Elis, a Regina, e de Tom Jobã, mas acabei pensando neles e nas citações que fizeram à famosa composição do nosso amigo Tommy. Prestando atenção na chuva e no calendário acabei vendo que março é um moço peculiar dentro do calendário. E não é só por causa das águas que fecham o verão.

Começa que Março é o primeiro mês pra valer do ano. Janeiro tem muita gente de férias, fevereiro tem carnaval e, mesmo quando não tem folia, continua lá com seus 28 dias. Abril vem logo depois, abre a temporada de feriados nacionais e normalmente traz consigo a primeira data comercial do calendário, a Páscoa. Peço perdão para aqueles que, assim como eu, comemoram a Páscoa pelo seu significado para os cristãos, mas as lojas só querem mesmo saber de vender chocolate. Aí você me pergunta: “E março, Filipe? Tá ali em cima dizendo que o texto é de março, cadê março? Quero meu dinheiro de volta”. Aí eu digo: tô chegando lá.

Março é tipo julho e agosto. Feriado, se tiver, é só estadual ou municipal. Os três são considerados meses longos e normalmente não figuram entre os primeiros lugares no ranking geral de meses preferidos do ano. Só que, ao contrário dos seus outros amigos, março tem uma coisa que o torna praticamente um mês coringa: em março pode ter carnaval, pode ter Páscoa e pode não ter nada. Ainda assim ele permanece com aquele mesmo jeito de março. Tá ligado/ligada jeito de março? Então, é esse mesmo.

Em março pode ter carnaval, mas nem por isso fevereiro deixa de ter a cara de “mês do carnaval”. Quando o carnaval cai em março, automaticamente nossa cabeça é transportada por cinco ou seis dias de volta pra fevereiro. Tanto que, quando o carnaval cai em fevereiro, a gente quase não ouve “esse ano o carnaval cai em fevereiro”, mas quando a festa da carne cai em março o aviso começa no ano anterior quando o carnaval termina. É que nem quando sua mãe fica te lembrando de um negócio o tempo todo pra não ter risco de você esquecer e fazer no dia errado. A mesma coisa rola com a páscoa, mas como a quantidade de festa e dias de folga é menor, não precisa desses alertas todos.

É março e tem chovido. Esse ano as águas de março vieram logo depois do carnaval, logo no começo do mês, pra deixar bem claro que aquela moleza do começo do ano acabou. É de março que a expectativa pelo milho do São João começa, principalmente praquela galera mais velha que cresceu, assim como eu, ouvindo que se chover no dia de São José o ano vai ser bom de milho. Enquanto o dia de São José não chega, as águas de março vão fechando o verão.  

(Não) Carnaval 2017

    Algumas regiões do Brasil são praticamente sinônimo de carnaval. Em algumas outras a festa existe, mas não é tão famosa, e em outras localidades o carnaval praticamente inexiste. Inclusive são essas cidades que costumam receber as pessoas que querem fugir do carnaval. Como eu dificilmente saio de casa no carnaval e moro em um dos estados que são sinônimo de carnaval, o carnaval acaba chegando em mim. Seja pela música alta dos vizinhos, pela troça que você encontra na rua quando vai comprar pão, as notícias no jornal ou pelo desvio do trânsito por causa do bloco que vai passar. O carnaval chega, pelo menos chegava. Digo isso porque em 2017 o carnaval parece mais que não chegou por aqui.

    Os meus vizinhos devem ter sido abduzidos, porque nesses últimos dias eu não ouvi música nenhuma. Saí uma ou outra vez e não vi nenhuma troça, bloco ou similar na rua. Vi uma ou outra notícia na televisão, mas dei tão pouca atenção que parecia mais que tudo aquilo estava acontecendo em outro lugar. Nem as pessoas conhecidas falaram muito sobre carnaval. As fotos que apareceram nas redes sociais pareciam mais deslocadas no tempo. Acho que nunca antes na vida eu estive tão longe dos festejos carnavalescos. Não me lembro se houve um carnaval com a vizinhança tão silenciosa. Nunca estive tão próximo da sensação de morar em um lugar onde o carnaval não existe.

    “Ah, Filipe, mas que besteira. Em um monte de lugar não tem carnaval e não vejo ninguém fazendo espanto por causa disso”. De fato isso é uma besteira, mas tem dois motivos pra eu fazer espanto com isso. O primeiro é o fato de que eu só escrevo sobre besteiras. Se eu não falar das besteiras, eu não vou falar de nada. O segundo motivo é o meu endereço. Eu moro em Pernambuco e aqui o carnaval começa oficialmente depois da virada do ano, isso quando a virada de ano já não é em clima de carnaval ou quando as atividades carnavalescas não começam depois do São João. Ou seja, aqui é carnaval até quando não é pra ser. Tanto que ninguém se admira com essa vibe carnavalesca quase permanente. Exatamente por isso que eu tô achando tudo tão estranho. Na verdade estava, porque o carnaval acabou de acabar.

    As cinzas da quarta-feira já estão indo embora e com elas mais um carnaval. Ano que vem ele vem um pouco mais cedo, dia 10 ele já começa. Se bem que na velocidade em que 2017 tá passando, quando a gente se der conta já vai ser carnaval de novo. Feliz ano novo, 2017 começa pra valer agora.

Oscar (Carnavalesco) 2017

No próximo domingo, conhecido internacionalmente nos países que usam o calendário cristão regular como 26 de fevereiro, acontece a cerimônia da entrega do Oscar, o prêmio mais famoso, e talvez um dos menos justos, prêmios do cinema mundial. Por uma questão de calendário lunar, esse ano a cerimônia acontece no domingo de carnaval.

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Isso quer dizer que, enquanto a galera estiver batendo palma pros ganhadores do careca dourado, muita gente vai estar pulando atrás do trio, cantando o enredo da escola de samba, fazendo uma resistência reacionária na defesa das marchinhas politicamente incorretas, seguindo a orquestra no desfile de uma agremiação mais velha que a minha vó ou simplesmente gritando “É Troinhaaaaa” “Olindaaaaa, quero cantaaaaar…”. Isso quer dizer que em Terra Brasilis o Oscar será eclipsado pela festa da carne e pelo feriado convenientemente prolongado. Os jornais, principalmente nos estados em que a festa é maior, e a TV vão cagar baldes para os vencedores e desconfio que nem transmissão deve rolar na TV aberta. Já que o mesmo canal que transmite a cerimônia é o que transmite o desfile das escolas de samba.

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Mas como o Cachorros de Bikini é um blog que não adere às festas de Momo, só ao feriado, ainda vamos fazer o nosso post sobre o Oscar desse ano.

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Esse ano quem tá querendo levar tudo é LaLaLaLaLaLaLa La La Land. Com 14 indicações o musical tem toda cara de que vai ser o bicho papão desse ano, mas tem uma galera correndo por fora que talvez surpreenda. E eu sinceramente espero que a surpresa venha do filme do filme de ET mais legal que eu assisti na minha vida. Tudo bem que eu não assisti tantos filmes de ET na minha vida, mas com certeza Amy Adams e Os ET A Chegada é um dos melhores de ET de todos os tempos. A jornada de Amy Adams pra falar com os ET’s está concorrendo a Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Design de Produção, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Montagem, Melhor Fotografia, Melhor Filme e Melhor Direção. Junto com Estrelas Além do Tempo A chegada tem grandes chances de fazer que nem Mad Max no ano passado e sair tirando o doce da boca de um monte de concorrente mais favorito.

Na categoria Star Wars Desse Ano temos Rogue One concorrendo em algumas categorias técnicas, mas esse ano o páreo de Melhores Efeitos Visuais e Melhor Mixagem de Som tá bem difícil e a minha torcida pra primeira categoria é pra Kuro e As Cordas Mágicas, também conhecido como o primeiro filme de animação a concorrer na categoria de Efeitos Visuais desde O Estranho Mundo de Jack em 1994.

Nesse último ano eu assisti pouquíssimos filmes que estão entre os indicados. Tudo bem que eu nunca vejo muitos dos indicados, mas esse ano foi um dos que eu vi menos. Mas como esse post e a minha torcida são sempre baseados em coisa nenhuma, a credibilidade continua a mesma do ano passado. Bom carnaval pra você e nos vemos depois do Oscar.

Eu, Você e Os Hits do Verão

    Verão. A única estação que, ao contrário do inverno, acontece mais ou menos do mesmo jeito em todo o país. O frio é seletivo, mas o calor é para todos e, assim como ele, as coisas de verão costumam se alastrar de forma bem uniforme por toda Terra Brasilis. Dentre todas as coisas de verão a que mais costuma afetar a vida das pessoas é o hit do verão.

Ao longo de todo o ano algumas músicas chegam ao topo das paradas de sucesso, mas os hits de verão não são iguais aos outros hits. Como o nome já diz, essas músicas costumam explodir em uma época muito específica do ano. O hit de verão costuma aparecer lá pra dezembro, bem a tempo de embalar as festas de fim de ano. Ele também não precisa ser lançado necessariamente no verão. Imaginemos essas músicas como uma espécie bomba relógio programada pra explodir quando a galera começa a ir pra praia. Normalmente isso se dá pela posição geográfica do dono do hit e pela velocidade em que o sucesso da música cresce. Isso acontece de forma bem orgânica e não depende tanto dos veículos tradicionais de mídia para tanto, principalmente quando a música tem conteúdo explícito. É uma coisa que acaba passando de pessoa pra pessoa, coisa que hoje é até mais fácil por causa da internet. Mas até aí nada difere muito o hit do verão de um hit comum. É quando chegamos na hora de falar sobre as duas características que tornam o hit de verão tão peculiar.

A primeira delas é que o hit do verão normalmente é eleito o hit do verão. Não é muito incomum você ver as pessoas dizendo que tal música é “a música do verão” ou o “hit do verão” ou, dependendo da música, “a música do carnaval”. Os termos variam, mas de fato algum desses títulos é atribuído à música coroando o sucesso da mesma. Mas devemos lembrar que esse título tem um efeito adverso: a música ganha um prazo de validade. É exatamente essa a segunda característica.

Os hits de verão costumam ficar vivos enquanto o período de veraneio está em vigência. Isso não acontece exatamente na mesma época todo ano, até porque no Brasil o período mais, digamos, contente do verão acaba junto com o carnaval. Que é quando o ano de fato começa. Sacou a diferença? Agora que terminamos as características gerais do hit de verão eu posso falar das coisas que nem todo mundo vai concordar.

A única característica do hit de verão que faz diferença na minha vida é: a música de verão é a música mais chata do ano. Seu vizinho deu uma festa? Vai tocar o hit do verão. Passou um cara com o som alto na sua rua? Vai estar tocando o hit do verão. Você foi pra praia? Lá vai ter alguém com um som ligado no hit do verão. Foi brincar o carnaval? Vai ouvir o hit do verão. O hit desse ano não é música de carnaval? Vai ter alguém que fez uma versão carnavalesca do hit do verão. Não importa. A certeza é que a música vai tocar, você vai acabar ouvindo algumas inúmeras vezes e vai ficar de saco cheio.

Esse ano o hit do verão, creio eu, ainda não foi de fato definido. Minha aposta pra esse ano é o maravilhoso e arrojado “Deu Onda”, principalmente por contar com uma versão que pode ser cantada pelas crianças e outra para os maiores de 18 anos. Além de inspirar uma série de memes, piadinhas e derivados internets afora. De todo jeito o carnaval ainda tá longe e ainda vai tocar muita coisa até lá. Boa sorte pra todos nós.

Relaxa, É Carnaval

Carnaval. Festa da Carne. Quatro (ou cinco) dias de festa, alegria, álcool, música, sol no quengo, suor, calor humano, fantasias variadas, músicas que tocam todo ano, hits feitos de chiclete vindos da Bahia, amores que acabam na quarta-feira, outros que vão durar mais alguns muitos carnavais, muita, mas muita “NOTA…DEZ” e todo tipo de sacanagem lúdica e recreativa.

Apesar de não gostar da folia, é impossível ficar totalmente isolado dessa atmosfera. Diante disso resolvi que o texto dessa quarta-feira(de cinzas) seria sobre o carnaval, mas o que falar dessa festa que eu nem de longe vejo? Realmente de festa eu não entendo, mas uma coisa que eu ainda consigo fazer é observar as pessoas. E no carnaval, assim como em outras épocas do ano, as pessoas adquirem um comportamento muito curioso. Não existe época em que as pessoas são mais tolerantes do que no carnaval.

Pode parecer besteira, mas se você parar pra reparar “É Carnaval” não é só uma frase, é quase um sentimento. Nessa história de “É Carnaval”, o folião não se queixa do sol, nem do calor da fantasia. Não liga pro aperto, é solidário com o folião desconhecido que tá passando aperto. E aperto é o que não falta durante o reinado de Momo. Atrás do trio, da orquestra ou seja lá do que for, o espaço é disputado no nível do metrô em hora de pico. Mas no carnaval quem está se apertando não queria estar em outro lugar.

As piadas fazem mais graça, a música parece melhor e aquela fantasia que talvez não tivesse graça nenhuma faz você morrer de rir. Machistas nível “Orgulho de Ser Hétero”  se vestem de mulher e moças que passam 360 e poucos dias do ano falando mal do tamanho da roupa das piriguetes, mas reservam esses quatro dias pra se vestir pior do que elas. Isso sem contar que coisas que normalmente incomodariam muito, acabam sendo quase ignoradas no carnaval. Andar um tempão pra poder pegar um ônibus ou metrô, improvisar banheiro e até cerveja quente acabam sendo parte do que é se aventurar no carnaval.

Mas hoje é quarta-feira e acabou-se o carnaval. Fim da folga para todos, seja folião ou não. Vou aproveitar a deixa para desejar um feliz ano novo para todos. Afinal, todo mundo sabe que 2016 só começa pra valer a partir de amanhã… Mas amanhã já é quinta… Melhor deixar pra segunda.

Contos de Segunda #33

Aderbal desapareceu. Carnaval, segunda-feira. Os planos de viajar foram frustrados por uma série de infortúnios e imprevistos. Mas nenhum dos imprevistos era maior do que a visita da sobrinha. O irmão de Aderbal morava em um cidade onde a diferença entre o carnaval e o dia de finados era o tamanho do feriado. Não seria estranho que em algum momento Adriana, sobrinha de Aderbal, resolvesse passar o carnaval em um canto onde ele de fato existe.

    Ela chegou no sábado de manhã, mas Aderbal só precisaria se preocupar com ela a partir da segunda. O combinado era encontrá-la perto do centro, onde ficava o apartamento de um dos amigos da moça. Como algumas ruas estavam fechadas, Aderbal precisou estacionar um pouco longe. Ele estava com o nome da rua, Adriana ficou de confirmar o prédio assim que o tio chegasse à rua… E teria confirmado caso atendesse o celular. Diante disso Aderbal resolveu voltar para o carro. Chegando lá ele percebeu que um bloco estava se concentrando exatamente na rua onde o carro estava estacionado. O porta estandarte do bloco tinha caído e quebrado o braço. Os demais presentes estavam tentando resolver quem tomaria seu lugar. Com medo de não conseguir sair com o carro por causa do bloco, Aderbal se ofereceu para levar o estandarte do bloco, talvez assim eles saíssem de lá mais rápido.

    O final do percurso do bloco era um encontro de blocos. Aparentemente todas as agremiações da redondeza se encontravam na segunda-feira de carnaval. Ao perceber que aquilo demoraria mais do que o previsto, Aderbal resolveu ligar para Adriana ou para casa. Ao colocar a mão no bolso não encontrou nada. O celular havia sido furtado. Ele estava pronto para pedir o celular de alguém quando alguém espirrou um spray de espuma no seu rosto. Imediatamente começou uma reação alérgica que fez o rosto e a língua do pobre homem ficarem inchados, ninguém conseguia entender o que ele estava falando.

    Ainda na metade do encontro de blocos outra pessoa resolveu assumir o estandarte. Aderbal voltou correndo para o carro. Quando ele tentou destravar as portas, o controle do alarme entrou em curto e o veículo começou a apitar. Isso ocorreu justamente quando uma viatura da polícia militar passava pela área. Os policiais não acreditaram na história de Aderbal, pelo menos na parte que eles conseguiram entender. O inchaço do rosto o deixara muito diferente das fotos que estavam nos documentos. Os policiais chegaram à conclusão de que aqueles documentos e aquelas chaves haviam sido roubados e o suspeito seria levado à delegacia.

    Adriana não conseguiu uma carona. Ao chegar de táxi na casa dos tios informou a família sobre o sumiço de Aderbal. Resolveram esperar mais algumas horas até que ele aparecesse. Tal fato só ocorreria na metade da madrugada. Quando o rosto de Aderbal finalmente voltou a ter alguma semelhança com as fotos dos documentos. Para tentar minimizar os transtornos, os policiais deixaram Aderbal em casa. Mas a família toda tinha resolvido ir procurá-lo nos hospitais, delegacias e no IML. Infelizmente ele precisava esperar alguém voltar antes de entrar em casa. As chaves ficaram no carro.

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