Não é um blog sobre cachorros e bikinis

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Olimpíada Em Câmera Lenta

Os Jogos Olímpicos de 2016 encerraram no último domingo e, assim como suas edições anteriores, deixou uma quantidade incalculável de imagens impressionantes. Durante os poucos eventos que eu consegui assistir e acompanhando a cobertura dos Jogos nas internets cheguei à conclusão que Olimpíada é uma coisa pra se ver em câmera lenta.

    Como eu disse no dia da abertura, os Jogos por si só são uma das coisas mais incríveis do universo, mas, assim como tudo na vida, a beleza do evento olímpico está no detalhe. A beleza que se esconde na força, na técnica, no salto, na queda, no salto, no suor e na dor. Graças às transmissões podemos ver coisas que só são reveladas pela magia do replay, uma câmera lenta que supera qualquer slow motion do cinema. Detalhes que até um tempo atrás passavam invisíveis diante dos olhos de todos. Cenas que não foram ensaiadas para desfilar vagarosamente na tela do cinema, mas sim detalhes garimpados pelos olhos que miram a alta definição das câmeras.

    E o que dizer dos atletas? Não é de se estranhar que pessoas que eles dessem um jeito de levar para dentro das competições um pouco da sua personalidade. Não foi raro ver imagens de atletas com suas tatuagens, equipamentos personalizados e unhas decoradas. Dentro da rigidez dos regulamentos os competidores conseguiram levar um pouco de suas vidas pra dentro das arenas, ginásios e estádios. Seus desejos, suas motivações e seus sonhos entraram com eles em cada prova. Saber que Nathan Schrimsher competia “Por Você” ou que a arqueira carregava nos braços o desejo de ser “Melhor” e que Lee Eun-ju só queria registrar o momento em que competiu com a vizinha da Coreia do Norte, nos faz enxergar todos aqueles atletas como seres tão humanos quanto qualquer um de nós.

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Pessoas que estão ali vivendo o ponto alto de suas vidas. E não é de surpreender que aqueles que usam o corpo como ferramenta de trabalho registrem em seus corpos algo que suas mentes nunca vão esquecer.

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Pra encerrar convido a todos a acessar a galeria de imagens sensacional que está lá no site do jornal El País ou qualquer outra galeria com registros dos Jogos de 2016, até uma busca no Google Imagens tá valendo, mas não deixe de olhar os últimos dias de competição em câmera lenta. É impossível não se surpreender.

“Tira Foto e Põe No Instagram”

Ontem estava eu conversando pelo Vatezape com um amigo meu da faculdade. Entre um mensagem e outra eu falo que no futuro próximo vou fazer uma viagem a trabalho. Imediatamente ele me diz “tira foto e põe no Instagram”. Imediatamente eu me imaginei fazendo isso:

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Depois a conversa seguiu e eu não vi nada demais nessas palavras, mas depois eu parei pra prestar atenção e percebi que esse meu amigo já tinha chegado à conclusão de que esse era o único jeito de me fazer colocar algum registro dessa viagem na internet.

    Quem me conhece sabe que a minha vida nas redes sociais é totalmente low profile. Eu não faço check in, eu não coloco foto e no meu Instagram tem tudo, menos a minha cara. Não faço isso por qualquer tipo de convicção e nem tenho algo contra as pessoas que fazem isso de forma moderada e consciente. É mais uma questão de falta de vontade do que de qualquer outra coisa. Já que não dá vontade de colocar nada na internet, eu acabo esquecendo de registrar as coisas e de principalmente aparecer nas minhas próprias fotos.

    Diante disso não é de se estranhar que vez ou outra apareça alguém me falando coisas como “tira foto lá”, “tu tem que aparecer nas fotos” ou qualquer equivalente desses. Aparentemente algumas pessoas mais próximas realmente querem ver quando eu faço alguma coisa diferente ou quando eu vou pra algum lugar, até por que qualquer uma das duas coisas acontecem muito raramente e quando acontecem as pessoas que só tem contato comigo esporadicamente sequer ficam sabendo que tal fato aconteceu.

    Talvez minha cabeça ainda esteja no tempo em que as pessoas chegavam pra falar com as outras e tinham um monte de coisa da vida pra contar. Hoje em dia quando algumas pessoas vão me contar alguma coisa sempre rola um “eu te vi falando no Facebook, como foi isso?”, fora as vezes que os assuntos já publicados em redes sociais nem entram na pauta, afinal todo mundo já sabe.

Talvez na minha cabeça as redes sociais sejam melhores pra compartilhar besteiras diversas, marcar amigos em coisas que eu acho interessantes do que pra… Digamos… Socializar. Muito provavelmente se alguém quiser fuçar nos meus perfis internéticos não vai ter muito no que fuçar. Obviamente ainda dá pra me ver sendo marcado em fotos e check ins de amigos, mas é bem provável que tenha mais coisa sobre mim no Cachorros de Bikini do que no meu Facebook. Por isso vou tentar lembrar dos amigos quando eu inventar de fazer alguma coisa que mereça um registro. Não garanto nada, mas vou tentar.

Incoerência

Quem tem idade pra se lembrar de como era a vida antes da internet ser o que é hoje viu uma série de hábitos que surgiram em função do avanço da tecnologia. Talvez uma das mudanças que mais influenciaram o comportamento das pessoas nas redes sociais foi o aparecimento da fotografia digital.

Se você está vivo a tempo suficiente pra lembrar do filme fotográfico e do termo “revelar foto”, provavelmente presenciou a mudança proporcionada pelo aparecimento das câmeras digitais. Ver como uma foto ficou sem precisar esperar uma versão física dela foi algo que maravilhou todo mundo na época, mas um detalhe acabou mudando a vida de muitas pessoas para sempre: agora era possível tirar infinitas fotos. Com o custo de revelação eliminado e a possibilidade de armazenar as fotos digitalmente, sem ocupar espaço físico, as pessoas adquiriram o curioso habito de tirar fotos que não tinham a menor intenção de guardar um momento para o futuro. A fotografia digital espalhou pelo mundo o habito de tirar fotos que não servem pra muita coisa. A maior representante dessa categoria fotográfica, sem sombra de duvida, é a auto foto, também conhecida pela alcunha irritante de selfie.

Antes que você, amigo leitor, pense que eu vou tecer uma crítica furiosa sobre as pessoas que fazem seus próprios retratos, peço mais algumas linhas para deixar claro o assunto desse texto. Eu não tenho problemas com pessoas que tiram fotos delas mesmas, também não tenho nada contra as pessoas que publicam essas fotos em suas redes sociais. O fato que me deixa com a cabeça levemente desgraçada não são as fotos, são as legendas.

Eu não sei como funciona esse lance de legenda de foto. Na verdade não sei como funciona esse lance de colocar uma foto sua com uma legenda que não tem ligação alguma com a foto.Eu sou de um tempo que a legenda servia pra ilustrar aquilo que estava na imagem, mas hoje não é raro olhar pro meu feed e ver uma foto, que poderia ser tranquilamente publicada sem legenda, junto de um texto que podia muito bem ter sido publicado sem foto alguma. Algum tipo de aura misteriosa envolve as redes sociais que faz com que as pessoas compartilhem a busca dos seus sonhos, perseverança diante das dificuldades, alegria de viver, fé em Deus e derivados juntamente com uma foto que não ilustra nenhum tipo de busca pelos sonhos, perseverança ou fé em Deus. A alegria de viver escapa, afinal é muito difícil alguém tirar uma foto todo triste. Lembrando que essa mesma foto poderia ser utilizada em qualquer uma das temáticas listadas anteriormente sem prejudicar a falta de conexão entre a imagem e o texto.

Caso alguém que esteja lendo isso aqui esteja ofendido com o que acabei de falar peço desculpas, não é nada pessoal. Se existe alguma lógica ou significado por trás dessa parada, infelizmente eu não consigo entender, inclusive prefiro continuar na ignorância. Não julgo nem condeno quem faz esse tipo de coisa, não me considero melhor do que os outros por não fazer, só acho que não tem problema em publicar uma foto sem legenda ou uma legenda sem foto. Já que elas não fazem parte uma da outra, não tem problema elas aparecerem separadas.

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