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Eu, Você e Os Personagens Definitivos

Semana passada rolou a estreia do filme novo do Homem-Aranha. Já vi um monte de gente internet a fora dizendo não só que o filme é espetacular, mas também que nosso compadre Tom Holland é o Peter Parker definitivo. Peguei essa última afirmação e comecei a matutar. Não foi a primeira vez que eu ouvi sobre as versão definitiva de determinado personagem. Quando você consome conteúdo relacionado com cinema e (principalmente) histórias em quadrinhos, onde um personagem pode, ao longo de sua existência, passar por uma infinidade de roteiristas, diretores e produtores, é bem normal ouvir que a versão de tal diretor é a melhor ou que tal roteirista fez a versão que vale de tal personagem. Aí eu chego e pergunto: o que faz da interpretação que um autor dá a um personagem uma versão definitiva?

Superman, Homem-Aranha, Batman, Coringa, Hulk, James Bond, Sherlock Holmes, Rei Arthur, Hércules, Robin Hood, Mad Max, Jesus (sim, ele mesmo), Hannibal Lecter, Zorro e mais uma porrada de personagens tiveram várias versões em várias mídias diferentes. Se você parar pra pensar é bem possível que você tenha suas versões preferidos de cada um deles, assim como eu tenho as minhas, mas por que ela é a sua versão preferida?

Antes de nos direcionarmos ao questionamento de fato, vamos primeiro definir aqui o que é uma boa versão de um personagem. Primeiro devemos lembrar que cada personagem tem a sua versão original, nela estão estabelecidas as principais características do personagem, normalmente atendendo às demandas e preferências do público alvo daquele material. Nesse esquema que foi definido, por exemplo, que o Superman era o último filho de um planeta que explodiu, que Robin Hood roubava dos ricos pra dar aos pobres e que o James Bond era um espião super elegante que pegava todas as mulheres que estivessem dando sopa. Quando rola uma mudança muito drástica em algum desses conceitos base duas coisas podem acontecer: o personagem pode ficar totalmente descaracterizado ou o público pode ficar bem insatisfeito. Depois de garantir que os fundamentos estão lá chega a hora de começar a pensar na interpretação que vai ser dada ao personagem. É aí que chegamos ao cerne do papo das versões definitivas.

Para alguns a versão definitiva se aproveita dos conceitos clássicos e os eleva a um novo patamar, para outros a versão definitiva pode ser um olhar único sobre aquele personagem ou uma reimaginação do personagem para tempos mais modernos e até mesmo a abordagem de um aspecto nunca antes ou pouco explorado. O que importa é que o personagem pareça original mesmo para aqueles que o conhecem bem e, acima de tudo e qualquer coisa, a tal da versão definitiva precisa ser cativante.

Por mais técnica que possa parecer, a escolha da versão definitiva de um personagem é uma decisão emocional. Antes de pensarmos em versões de personagens devemos lembrar que um bom personagem consegue cativar o público. Ele pode ser um personagem secundário, um vilão ou um capanga, mas um bom personagem sempre será cativante e muitas vezes esse carisma acaba superando todos os outros fatores listados acima. Inclusive vale lembrar que muita versão tida como definitiva de alguns personagens não são assim tão definitivas. Vide lá o Coringa do nosso amigo do Heath Ledger.

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Antes de me xingar permita que eu me justifique. Nosso amigo falecido fez um trabalho ótimo como palhaço do crime, bem acima do esperado dele e o melhor que ele poderia fazer tendo um Batema bem qualquer coisa pra contracenar com ele. A questão é que ele não faz a melhor versão do personagem, a mais crua e impactante talvez, mas ainda assim não é a melhor, do cinema talvez, mas não dá pra dizer que é o melhor de todas as mídias, seria uma injustiça muito grande com Mark Hamil, que fez a voz do Coringa em tudo por uns vinte anos, e com a inacreditável versão do Coringa no Batman da Feira da Fruta. Creio que isso pode ser aplicado a vários outros personagens, mas em vez de falarmos mais disso vamos para uma rápida conclusão

De fato existe uma versão definitiva? Claro que existe, pelo menos até a próxima aparecer.

O Homem-Aranha que (Ainda) Não Está no Cinema

Ontem estreou  o mais novo filme do amigão da vizinhança, Homem-Aranha: De Volta Ao Lar. Aí você pode pensar “não aguento mais filme do Homaranha, Filipe, já vai no terceiro Homaranha. Pra quê isso?”. Bem, seria só mais um filme do Homem-Aranha se, em 2016, não tivesse acontecido isso aqui:

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O nosso amigo aracnídeo foi integrado ao universo cinematográfico da Marvel e, muito provavelmente, vão fazer uma caracterização mais legal do Aranha no cinema. Só que não é por isso que eu resolvi escrever esta publicação. Hoje o Cachorros de Bikini vai fazer um serviço de utilidade pública e apresentar para você, ser humano que não acompanha a publicação de quadrinhos da Marvel, um Homem-Aranha que pode aparecer no cinema em algum ponto do futuro: Miles Morales, o Homem-Aranha do (extinto) Universo Ultimate.

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Miles foi criado em 2011 para atender uma única necessidade: o Homem-Aranha precisava voltar a dialogar com seus leitores. Pra entender melhor como essa necessidade surgiu precisamos antes voltar um pouco mais no tempo. Em 1962 Peter Parker,o Homem-Aranha, nasceu e se tornou o personagem mais popular da Marvel porque os leitores se identificavam muito com ele. Aí os anos passaram, ele ficou mais velho, casou, descasou, casou de novo, arrumou emprego, terminou a faculdade e se afastou um pouco dos leitores. Aí a Marvel lançou, no início dos anos 2000, o Universo Ultimate, uma versão mais moderna do seu universo regular onde havia mais espaço pra criar novas interpretações dos personagens. O Homem-Aranha voltou a ser adolescente e teve sua origem atualizada. Depois disso foi o mundo real que começou a mudar. Os dados demográficos dos Estados Unidos começaram a mostrar que a ´proporção de “americanos padrão” da população tinha diminuído muito e proporção de americanos negros, hispânicos e de outras etnias variadas estava crescendo. Por consequência o público não era mais o mesmo. Peter Parker não estava mais dialogando tanto com todo mundo. Era hora de alguém novo entrar em cena. Foi por isso que o Peter Parker Ultimate morreu. Foi assim que Miles Morales nasceu para assumir o manto do Homem-Aranha.

Se você não tem familiaridade com o mercado de quadrinhos, pode até pensar que ninguém ligou muito pra esse Aranha novo. Um personagem novo, criado em uma linha editorial secundária pra substituir um personagem já consolidado. Só que, ao contrário do que pode parecer inicialmente, Miles foi um sucesso instantâneo. O público não só abraçou o novo Homem-Aranha, como também tornou o título dele o mais vendido da linha Ultimate. O sucesso do personagem foi tanto que, quando a linha Ultimate acabou, Miles foi o ÚNICO herói daquele universo incorporado ao universo regular, chegando a participar dos Vingadores. Ele se tornou tão querido pelo público que foi só sair a notícia sobre um filme do Homem-Aranha feito pela Marvel Studios que imediatamente começaram os pedidos para que Miles Morales fosse parar na tela grande.

Não preciso dizer que a estreia de Miles no cinema não aconteceu. Temos um novo Peter Parker e parece que ele vai passar um bom tempo nesse papel. Aí você pode pensar que o sonho morreu, só que isso não é bem verdade. Primeiro porque pra ter um novo Homem-Aranha é necessário ter o primeiro, já que Miles é um personagem de legado, segundo porque o cara que manda na Marvel do cinema, Kevin Feige, disse que nosso amigo Morales não só existe no universo do cinema como já tem dica disso no filme novo. AimeuDeusdocéuquefelicidade.

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Por hoje é só, crianças. Nos vemos na semana que vem.

Meio Cagado Esse Vilão Aí

Na semana passada eu comentei ligeiramente sobre os finais cagados de alguns filmes que eu vi recentemente. Um dos motivos apontados como determinantes para a qualidade dos finais foi justamente a qualidade dos vilões e hoje eu vou dar um destaque maior pra essa galera que nós detestamos tanto odiar: os vilões bosta.

    O vilão é, por definição, o opositor principal do mocinho da história. Essa relação de oposição costuma ser um dos maiores atrativos da história, nos fazendo esperar ansiosamente por cada confronto entre o herói e o vilão, tornando todo o filme apenas um prelúdio para o embate final entre o bem e o mal. Só que tem vez que isso não rola e tudo acaba sendo meio decepcionante por uma série de motivos, alguns deles serão debatidos a seguir.

O primeiro motivo é justamente o fato de alguns vilões não fazerem nada. Sabe aquele bandido que aparece, faz pose, diz umas linhas de diálogo legais, mas acaba entrando e saindo do filme meio sem fazer nada? É exatamente disso que eu tô falando. Um exemplo bom desse tipo de vilão é o Pierce de Logan.

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O cara tem uns equipamentos legais, uns capangas mal encarados e uma aura bem ameaçadora. Só que ele não faz muita coisa além de soltar graça do Hugh Jackman durante o filme todo, além de ter um final que joga na cara do espectador que o nível de periculosidade dele é bem baixo.

Outro vilão que eu considero bem fraco é aquele vilão extremamente bidimensional. O cara não tem motivações e normalmente os objetivos dele estão mais pra uma desculpa do que pra uma justificativa, isso quando a desculpa existe. Normalmente todas as questões relativas ao seu propósito e conduta podem ser respondidas com um “Porque sim”. Pode incluir aí praticamente todos os vilões genéricos de filmes de ação e alguns dos filmes com vilões que querem conquistar/destruir o mundo. Menção honrosa pra nossa amiga Magia do Esquadrão Suicida

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    O próximo vilão da lista dos marromeno é o vilão marqueteiro. Ele sabe vender o peixe dele, deixa todo mundo com medo, faz todas as ameaças do mundo e no final não entrega nada disso. Em algumas ocasiões isso é proposital, como foi o Mandarin de Homem de Ferro 3, mas nem sempre isso funciona muito bem. Os exemplos que me vêm à mente são justamente o Diretor Krennic, de Rogue One, e Santino D’Antonio e seus amigos lá do John Wick 2.

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Por último eu quero destacar aqui um vilão que, na minha humilde opinião, é uma mistura de todos os tipos de vilão citados anteriormente. Provavelmente o vilão que mais me decepcionou na vida, nosso amigo Tom Ridle, que prefere ser chamado pela alcunha de Lord Voldemort.

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Nosso amigo sem venta é um vilão até bem construído. Sua origem e motivações iniciais são bem explorados, e porque não dizer esmiuçadas, ao longo de pelo menos uns dois ou três dos sete livros da série Harry Potter. Só que é justamente o que tem depois disso que complica a parada. Voldemort, pelo menos inicialmente, funciona quase como uma versão mais moderna do Sauron de Senhor dos Anéis. Ele foi, teoricamente, destruído e começa a arquitetar o seu retorno. Nesse período da história ele funciona como uma sombra que paira sobre o protagonista e praticamente tudo de ruim que acontece é através dos seus seguidores. Nessa época ele é um vilão até de boa, aquele lance do mal oculto e da ameaça constante realmente funciona bem. Aí o cara volta e… Assim… Né? Tudo que o cara faz parece meio gratuito, aquela grandeza toda que era pra ele ter praticamente só existe no imaginário popular e no máximo morre alguém por culpa dele. Mas a parada que mais me incomoda é justamente a obsessão que ele tem pelo Harry Potter. Isso até que faria sentido, já que boa parte dos vilões tem relação com a origem do herói e tem todo o lance do elo que existe entre os dois e tal. Só que acaba ficando uma parada meio qualquer coisa quando paro pra pensar que Harry Potter é um dos protagonistas mais incapazes que eu conheço. Desde o começo ele é colocado no posto de escolhido que vai derrotar o mal supremo, mas ao longo dos livros ele não desenvolve nenhuma capacidade ou habilidade que pode ameaçar o Voldemort. Inclusive ele se livra da maioria dos rolos por causa da ajuda da galera dele. Tudo bem que Voldemort não é o melhor vilão do mundo, mas ele seria bem melhor se o herói da história oferecesse um desafio melhorzinho ou se ele tratasse seu inimigo como o adversário fraco que ele é.

Por fim eu só tenho uma coisa a dizer: tem um carinha que também mexe com cobra, é inimigo de um órfão que tem uma origem trágica, é obcecado pela imortalidade e também deixa pedaços dele espalhados por aí pra poder ressuscitar em caso de óbito inesperado. E ele dá de dez a zero no Voldemort… E em boa parte dos vilões que eu vejo por aí.

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Até a próxima.

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