Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Categoria: Crônicas e Similares Page 3 of 21

Não Vejo Esses Filmes de Capeta

    Na semana passada estreou nos cinemas brasileiros a aguardada sequência daquele filme com a boneca do capiroto. Estou falando de Anabelle 2, que na verdade se passa antes do primeiro filme que também vem antes do filme onde Anabelle, a boneca dos infernos, parece primeiro… É, também achei confuso, mas em vez de falar do filme, vou aproveitar pra falar sobre a minha relação com aqueles filmes que eu classifico como “filmes de capeta”.

    Quando eu era pequeno meu pai sempre contava uma história sobre um tio dele gostava muito de filmes de terror e de como isso acabou atraindo umas paradas muito estranhas que aconteceram na casa dele. Por essa razão eu cresci em um ambiente que desestimulava qualquer contato com filmes que tivessem as temáticas mais recorrentes nas obras de terror. Somado a isso, temos o fato de eu ser cagão desde criança, o que contribuiu ainda mais pra me afastar dessas coisas de terror. Mas eis que em um belo dia tudo mudou e, no período de um ano, eu assisti mais filmes de terror do que em todo o resto da minha vida. O que aconteceu pra mudar tudo? Simples, eu comecei a namorar.

    “Eita, Filipe, o que tem isso a ver com filmes de capeta?”. A resposta é bem simples, a moça com quem eu namorava na época era uma amante de toda espécie de filme de capeta e em vários momentos acabei usando esses filmes malditos pra conseguir assistir os filmes que eu queria acompanhado da minha lady da época. Inclusive foi nessa época que eu fui assistir o primeiro filme solo da boneca maldita capetosa dos infernos.

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    A primeira coisa que eu descobri foi: quanto menos acostumado em assistir filmes de terror, pior vai ser pra você. As pessoas que gostam muito de filme de terror normalmente conseguem passar bem pelos sustos e não tem tanto medo quanto uma pessoa que nunca vê essas paradas. Levar susto, dar grito no meio do cinema e assistir minutos inteiros do filme sem olhar pra tela foram coisas que eu fiz quando fui assistir esse filme desgraçado da boneca, justamente por não ser resistente à todas essas estratégias que os diretores usam pra te fazer saltar da cadeira e sujar as calças. A segunda coisa que eu descobri foi que, em sua grande maioria, esses filmes de terror são filmes bem ruins.

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    Tirando os capetas, os sustos e todas as famílias felizes que têm suas vidas desgraçadas ao longo da história, não sobra muita coisa. A explicação mirabolante que dão pra origem do bicho ou do fenômeno em questão costuma ser bem melhor que os diálogos e do que o enredo em si. Pelo menos os atores costumam estar bem comprometidos com a parada, ao contrário de outros filmes tão ruins quanto, os atores de filme de terror precisam ser competentes o suficiente pra passar todo o terror que a cena pede.

    “Ai, Filipe, tu fala isso porque tu tem medinho desses filmes”. Óbvio que eu tenho medo dessas películas malditas. Não gosto desse tipo de filme e nunca vou gostar, até porque o costume de ver acaba gerando os filtros que você precisa ter pra assistir essa parada e achar legal, se eu não vejo não tem como criar costume. Eu sou cagão, sou cagão mesmo e sou muito mais feliz não assistindo a essas coisas. Acho que o único filme de terror que eu gosto é Alien – O Oitavo Passageiro, que é bem mais de boa do que todos esses negócios de capeta que passam por aí. Talvez até tivesse mais alguma coisa pra falar, mas não consigo pensar em terminar de escrever esse negócio pra apagar o gif da boneca que eu baixei pra inserir no post. Até a próxima.

Eu, Você e Esse Trânsito Maldito

    Esta semana não foi raro parar para avaliar minha vida no caminho para o trabalho ou para casa. Na verdade eu estava analisando minha vida em dois momentos específicos. Digo isso pelo simples fato de ter passado essa semana por dois dos maiores engarrafamentos que eu já encarei nos meus quase três anos como motorista.

    Se existir uma lista dos maiores vilões para os seres que habitam ou circulam diariamente pelas cidades grandes, é bem provável que o trânsito esteja no topo da lista para a maioria das pessoas. Se quando você é criança os monstros que aparecem quando a luz apaga, o velho do saco, o bicho papão ou aquela velha estranha que vive na sua rua são as coisas que mais te metem medo, quando você é adulto essa função de encher o seu coração de pavor pode muito bem ser ocupada pelo trânsito. A diferença é que, ao contrário dos monstros que teoricamente vinham pra te pegar, é você que vai pegar o trânsito.

    Não sei você, mas quando eu falo ou penso em alguma frase que tem a expressão “pegar trânsito”, a minha alma se enche de medo ou de tristeza. Quando a frase envolve alguma forma de pensamento preventivo, o medo toma conta, afinal a incerteza faz isso com a gente. Quando o trânsito ruim se torna uma certeza, ou uma sentença, o mundo perde a cor e todas aquelas músicas de bad que você já ouviu na vida começam a fazer muito sentido. Mas nada é maior do que a aleatoriedade do trânsito.

    Basta você fazer o seu caminho de casa para o trabalho/escola/curso/faculdade de segunda à sexta pra memorizar quais os pontos de engarrafamento, mas também é bem possível que você tenha experimentado passar por alguns pontos onde tanto faz o trânsito estar uma beleza como estar uma desgraça. Imagine que toda vez que você sai de casa você joga um dado e torce pra tirar um número alto o suficiente pra te livrar do trânsito.

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Mas tudo que foi comentado até agora acontece antes ou depois do engarrafamento, justamente onde a desgraça verdadeira do trânsito habita. O engarrafamento é o ponto máximo do trânsito, pode ser só uma lentidão momentânea, uma lentidão sem fim ou você pode simplesmente ver a mudança na cor dos sinais algumas várias vezes antes de ter a oportunidade de andar um palmo que seja. Buzinas motivadas pela revolta e/ou pela falta de educação aparecem aqui e ali, um ou outro carro acaba cheirando a bunda de outro que freou muito repentinamente e sempre vai aparecer uma ambulância ou viatura da polícia pra testar a capacidade dos motoristas de livrar espaço na via. Claro que também temos os motoqueiros que fazem questão de tirar aquele fino no seu retrovisor e de desafiar as leis da física e a anatomia de suas motocicletas. Mas nenhuma dessas coisas mede tão bem o tamanho da desgraça quanto o volume do comércio no engarrafamento.

Água e pipoca no sinal é (pelo menos na região metropolitana do Hellcife) o que mais tem, frutas você encontra em alguns pontos da cidade e as flanelas são bem comuns, mas de acordo com o nível de paralisia da via as coisas mudam um pouco. A primeira coisa que muda é a distância do vendedor pro sinal/semáforo/farol. Quando você vê aquele vendedor de pipoca de sempre uns trezentos metros antes de onde ele normalmente fica pode apostar sem medo que o trânsito tá uma derrota. Outro indicativo é o aparecimento de coisas que não são vendidas normalmente, como por exemplo um restaurante que fica em uma das avenidas com trânsito mais potencialmente cabuloso do Recife e que, nos dias de trânsito mais pesado, coloca os funcionários pra vender galeto no engarrafamento. Recentemente uma galera que vende bolo de rolo a cinco reais se instalou na mesma avenida onde a galera vende galeto. Em outro ponto da cidade, segundo relatos de um amigo meu, outro restaurante vende pizza, isso mesmo, pizza para aqueles enganchados no trânsito. Não duvido que logo estaremos no patamar angolano, onde eu vi gente vendendo até cachorro no meio do trânsito.

Trânsito é uma bosta. Um engarrafamento do bom, daquele que quase triplica o tempo do nosso trajeto, tem o poder de drenar todas as nossas alegrias e esgotar as nossas mentes. Para minimizar isso eu recomendo uma carona que não seja mimizenta, até porque nenhum motorista precisa de alguém pra aumentar o nível de derrota daquela situação, ou alguma coisa que ocupe o tempo gerando o mínimo de entretenimento. Um conhecido meu começou a ouvir audiolivros, eu costumo ouvir podcasts, outros se aproveitam do rádio ou da televisão de suas centrais de mídia. Eu não recomendo muito ouvir música porque é uma maneira simples de você marcar o tamanho da demora que aquilo tudo está te causando, além de achar que nunca é muito legal colocar trilha sonora na desgraça. Mas a maior recomendação que eu dou é uma coisa que eu tento fazer sempre e em algumas vezes eu tenho sucesso: tente não esquentar a cabeça com coisas que fogem do seu controle. Até semana que vem

Está Aberta a Temporada de Bombardeio

No início da semana a revista Entertainment Weekly fez um certo barulho na internet publicando uma série de imagens exclusivas do próximo Star Wars. Imediatamente eu senti um cheiro de 2015 no ar. Imediatamente eu soube que a temporada dos bombardeios estava aberta.

Em 2015 estava todo mundo comentando como os trailers de Star Wars Episódio VII não revelavam nada de concreto sobre o filme e de como todo mundo que faz trailer devia aprender com Star Wars. Não lembro exatamente quando começou, mas em algum ponto do ano o pessoal do marketing do filme começou a bombardear a internet com todo tipo de teaser, tv spot, featurette, trailer ou seja lá que nome você pode dar praquele tanto de coisa que foi disparado na cara do público. Isso sem contar os pôsteres, fotos e derivados. Apesar de simplesmente ignorar a imensa maioria do material de divulgação, eu me senti exatamente como esse Destroyer imperial na Batalha de Scarif.

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Foi então que eu me lembrei que não só de Star Wars viverá o nerd neste fim de 2017. Em outubro temos Blade Runner 2049, em novembro temos Thor: Ragnarok e Linga da Gutiça Liga da Justiça e só em dezembro chega o Star Wars Episódio VIII. Nada me tira da cabeça que a galera que trabalha no marketing desses filmes logo vai estar assim:

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E se os estúdios sonharem que o público não tá confiando muito na qualidade desses filmes, aí a coisa fica ainda mais louca. Até porque se as pessoas estão em dúvida sobre suas expectativas, nada mais justo do que abrir a estação e embarcar todo mundo no trem no hype.

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Caso você não esteja familiarizado com a expressão, deixe-me explicar. Muitas vezes as pessoas ficam muito ansiosas e empolgadas por causa de alguma coisa que está pra sair. Já no anuncio os fãs já começam a especular, depois saem as prévias, os teasers e os trailers. Fotos da produção, confirmações de elenco e mais e mais prévias. Toda essa expectativa, ansiedade e fantasia em cima da coisa que ainda não chegou recebe o nome de hype. Só que não é todo mundo que vai na onda, algumas pessoas são mais cautelosas e preferem manter um pé atrás. Por isso convencionou-se falar do hype como um trem, você embarca se quiser. Isso seria algo mais simples se não houvesse tanta safadeza por parte dos nossos brothers dos grandes estúdios.

Infelizmente a gente tá careca de saber que nossos amigos marqueteiros nem sempre tem um material legal na mão ou nem sempre sacam bem qual é a do filme e até mesmo acham que o filme não tem atrativos suficientes pra chamar o público. O resultado disso é que muitos filmes são vendidos errado, outros tantos perdem aquele momento impactante por causa das cenas que já saíram nos trailers e deixaram de ser surpresa e aqueles que tem TODAS as suas cenas boas mostradas antes pro público.

Seja você um passageiro do trem do hype, um daqueles que só vai ficar esperando na estação pelo próximo trem passar ou a pessoa que vai levar mais bomba que aquele pobre Star Destroyer o que interessa é que o fim do ano está chegando, os últimos blockbusters de 2017 já estão logo ali e a disputa será feroz. Se prepare que lá vem bomba.

Faltam 351 Dias pra Agosto Acabar

Normalmente eu consigo me lembrar exatamente quando e como algumas ideias de tema pros posts daqui do Cachorros surgiram. Dessa vez eu não lembro, por isso a introdução desse tema vai parecer uma história contada por alguém que consumiu alguma substância estranha, mas é só falta de memória mesmo.

Outro dia estava em algum lugar da internet, não lembro exatamente, quando uma amiga minha, acho que sei qual amiga é, mas tô na dúvida se era ela mesmo, publicou uma imagem que eu acho que não era essa que eu vou colocar aqui embaixo, só que era muito parecida.

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Quase dois anos atrás eu fiz um post sobre o glorioso mês de Agosto, mas na ocasião eu estava tão preocupado em ostentar minha antipatia pelo mês oito que deixei um aspecto muito importante passar batido: Agosto tá na lista dos meses mais longos do ano. “Mas, Filipe, Agosto tem 31 dias, metade do calendário tem 31 dias”. Exato, querido leitor, metade do calendário possui 31 dias, mas alguns meses possuem uma habilidade maior para fazer o tempo render. Março, Julho, Agosto e, dependendo do ano, Outubro também faz o tempo render, mas nenhum desses meses têm o mesmo perfil do nosso querido Agosto.

Março é a ressaca do Carnaval, ou o mês do próprio Carnaval, e também a preparação pra Páscoa, ou o mês da própria Páscoa, se mostrando um mês bem versátil com uma variação razoável de um ano pra outro. Julho é um mês de férias escolares, isso quer dizer que boa parte das atividades diárias é facilitada pela ausência de xofens estudando, quer dizer também que ninguém tem muita pressa pra que acabe logo esse mês. A longevidade de Outubro depende muito do ano, do Outubro e de você, portanto não vamos atribuir um motivo realmente claro pra acontecer essa elasticidade cronológica no nosso amigo mês dez. Aí voltamos pra Agosto, um mês sem feriados que impõe uma rotina praticamente uniforme e sem muita diferença entre um dia e outro. O resultado disso é que em Agosto nos sentimos assim:

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Mas dessa vez temos uma ajuda muito bem vinda. Nosso amigo 2017 meteu o pé no acelerador e já fez passar um terço desse mês tão longo. Tudo me leva a crer que em 2017 teremos o Agosto mais rápido de todos os tempos, mas ainda é cedo pra falar… Ainda faltam 351 dias pro final de Agosto.

Não Quis Peidar Na Casa da Namorada e Morreu

Ontem estava eu em minha residência quando minha mãe me perguntou se eu sabia do caso de um jovem mexicano que segurou o peido até morrer. Estarrecido por um evento tão trágico, peculiar, mas ainda assim trágico, fui olhar nas internets e me deparei com manchetes desse calibre:

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Curiosamente essa notícia só foi veiculada por sites de notícia menores e no Facebook, provavelmente por gente que compartilhou as notícias desses mesmos sites. Se você quiser saber mais sobre essa história e ainda de quebra ver alguns motivos para não segurar a flatulência, clique NESSE LINK AQUI.

O ocorrido foi o seguinte: nosso amigo mexicano, identificado apenas como Jorge M., foi visitar sua namorada perto da hora do almoço. Não sei se ele já tinha essa intenção, mas acabou sendo convidado para almoçar com a namorada e a sogra. Segundo relatos a refeição em questão exigiu bastante das capacidades digestivas do pobre Jorge e seu corpo começou a produzir uma quantidade inesperada de gases. Como o espaço disponível nos intestinos é limitado, o gás pediu pra ser liberado e foi nesse momento que Jorge teve a péssima ideia de não deixar o gás sair. Não sei se o namoro dele era recente ou se ele nunca tinha ido pra casa da namorada, mas o jovem mexicano não quis passar a vergonha de liberar os gases na casa da sua amada e sacrificou o próprio bem estar em nome da reputação. Até aí tudo bem, dá pra entender os motivos do sujeito, mas o tempo passou e perto das oito da noite Jorge, que ainda estava na casa da namorada, caiu no chão com dores abdominais fortíssimas. Foi levado ao hospital, mas não resistiu à uma parada muito louca que deu no intestino dele por causa do acúmulo de gases e morreu.

Vamos pensar um pouco. O cara foi almoçar na casa da namorada, ficou com vergonha de peidar e segurou a onda, não conseguiu um momento livre de testemunhas para liberar os flatos, manteve sua vontade inabalável até o momento em que seu corpo desistiu e entrou em colapso, quase oito horas depois. Olha…

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Esse ser humano tá de parabéns. Ele não só fez uma coisa complicada, ele provocou o colapso do próprio intestino e MORREU pra não passar a vergonha de peidar na frente da namorada. Ele não conseguiu dar uma chegadinha no banheiro? Não conseguiu inventar uma desculpa pra voltar pra casa mais cedo e sair peidando pela rua? E que peido nefasto é esse? O cara tinha comido alguma coisa morta? Alguma coisa viva que morreu e apodreceu dentro dele? Ele tinha alguma doença que transformava o peido dele numa nuvem de veneno mortal? Ou será que ele tinha apenas o costume de segurar o gás e essa foi a gota que transbordou o copo? Impossível responder, mas o resultado tá aí e com ele uma valiosa lição pra todos nós.

Passar vergonha é uma bosta. Vergonha é uma sensação terrível e muita gente prefere uma topada com o dedinho na quina da cama do que passar um pouco de vergonha. Ninguém quer se queimar com a galera por causa de uma besteira, mas até que ponto estamos dispostos a suportar qualquer tipo de sofrimento para evitar a vergonha? Jorge M. era só um carinha mexicano que não queria peidar e acabou morrendo por causa disso. Não quero nem pensar quanta gente tá morrendo por ter vergonha de fazer coisas que são tão naturais quanto respirar.

Fui Ver Sem Saber e Olha No Que Deu

Essa semana assisti aquele que já é um dos melhores filmes de 2017, Baby Driver ou, na versão brasileira Herbert Richards, Em Ritmo de Fuga. Eu poderia falar de como o filme é sensacional e dar alguns vários motivos pra você que está lendo isso aqui partir imediatamente para o cinema mais próximo pra ver esse filme. Eu não vou fazer isso porque surgiu a chance de falar de algo sobre a minha história com esse filme e com alguns outros.

Tudo começou quando eu fui ver o filme novo do Homem-Aranha. Por causa de alguns problemas logísticos acabei entrando na sala já no meio dos trailers, o trailer de Em Ritmo de Fuga terminou exatamente quando eu sentei na cadeira, mas pela reação de uma das pessoas que estavam comigo percebi que aquele não era só mais um trailer. Os dias passaram e vários dos veículos de mídia que eu consumo começaram a publicar suas críticas (extremamente) positivas sobre o filme. De fato não li mais do que a chamada das resenhas, mas comecei a notar que esse não era só mais um dos blockbusters do verão americano. O filme estreou e eu fui dar uma sacada nas notas dele por aí, todas elas bem altas, nesse ponto eu já estava pra comprar o meu ingresso motivado pela pura curiosidade de assistir ao filme que eu não fazia a mínima ideia do que se tratava.

Fui lá. Vi o Filme. Achei maravilhoso e, depois de passar a sensação de ser atropelado por aquela obra cinematográfica, comecei a pensar.

A internet mudou muita coisa nas nossas vidas, talvez a principal delas foi a forma como conseguimos nos informar sobre as coisas. Hoje em dia os livros que não saíram têm prévias divulgadas pelas editoras, se é material traduzido você pode facilmente obter o material estrangeiro pra dar uma avaliada, provavelmente o primeiro lugar onde vemos um trailer de um filme novo é o YouTube e pra ler uma resenha ninguém precisa mais comprar um jornal ou uma revista. Quantas vezes já fomos ao cinema sabendo tudo sobre um filme? Quantas vezes a quantidade de críticas negativas te fez economizar o dinheiro do ingresso?  Quando foi a última vez que você parou na frente do cinema, olhou o que estava em cartaz e foi ver um filme do qual você não sabia absolutamente nada? Para entendermos melhor o tamanho da mudança precisamos lembrar como as coisas eram e pra ilustrar bem eu vou contar uma historinha.

Um dos maiores traumas da vida da minha querida mãe envolve um dos filmes da franquia Alien. Uma vez ela me contou de como foi levar meus tios pra assistir o filme, na verdade de como ela foi enganada por eles, já que nunca que ela veria um filme daqueles por livre e espontânea vontade. Até hoje ela lembra do alien saindo do peito do cara com uma dose de terror no olhar. Fui lá apurar a história pelo outro lado, perguntei ao meu tio por que ele tinha enganado minha mãe só pra ver aquele filme, a resposta foi bem interessante. Na prática ele não enganou ninguém, já que ele não sabia nada sobre o filme. Segundo ele a forma que as pessoas escolhiam o que iam ver no cinema era bem simples: você abria o jornal, via o cartaz do filme, com sorte conseguiria identificar o nome de algum dos atores ou do diretor, olhava o horário e ia pro cinema. Hoje em dia ainda dá pra fazer isso? Dá. Você tem opção de não fazer as coisas desse jeito? É lógico que tem, mas antes não existia essa possibilidade.

Pra terminar só digo que vale a pena dar uns tiros no escuro de vez em quando. Vá lá ver sem saber de nada, sem compromisso e esteja aberto pra receber aquilo que aparecer na tela… A menos que o ingresso esteja muito caro, se o ingresso estiver caro não faça isso, espere sair no Netflix.

Ficando Velho Cada Vez Mais Novo

Essa semana estava eu procurando coisas pra ouvir. Dei uma passeada na lista de artistas que eu sigo no Spotify e resolvi jogar na fila de reprodução os discos que saíram esse ano. Puxei rapidamente da memória alguns fulanos que tinham disco recente e fui lá catar as músicas pra jogar na fila. Fui lá no primeiro artista todo animado e descobri que o disco do cara era do ano passado. Passei para o próximo, para o seguinte e o que veio depois dele, quase todos tinham discos que datavam de 2016. Obviamente minha reação inicial foi:

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Parei pra pensar um pouco sobre a questão e acabei achando a explicação na obra de uma pessoa que parece entender muito de como funciona o mundo: Neil Gaiman. Lá em Sandman ele define que os Perpétuos, seres imortais próximos do que entendemos como divindade, têm uma percepção diferente do tempo conforme a idade deles avança. Um Perpétuo recém nascido provavelmente percebe o tempo como nós percebemos, com as horas, dias e anos com a duração padrão, um Perpétuo com milhares de anos provavelmente sente o tempo passando bem mais rápido. Imediatamente eu pensei em algo que já vem martelando na minha cabeça faz algum tempo. Eu olhei pra mim mesmo e pensei “eu tô velho mesmo”.

Uma certa vez uma amiga minha me mandou uma playlist com o sugestivo título de “ficando velho cada vez mais novo”. Você pode ouvir ela logo aqui embaixo.

Não preciso dizer que nenhuma das músicas dessa lista é nova, a mais recente tem quase dez anos. Dez anos que englobam praticamente todos os eventos e coisas que eu tenho na minha cabeça como coisas recentes. Qualquer coisa que ocorreu a menos de quatro anos aconteceu “um tempo desses” e é muito fácil confundir os acontecimentos de um ano com os do anterior. Também não é difícil levar um susto ao descobrir que coisas que aconteceram ontem já têm mais de cinco anos e que boa parte das crianças que eu conheci já estão na faculdade ou que os bebês já sabem ler. Aí chego à questão crucial desta dissertação. Como a gente tá ficando velho tão rápido?

A definição de velho é bastante abrangente. Em valores absolutos a velhice só chega quando a gente já passou um tanto bom da metade dos nossos anos estimados de vida. Em valores relativos depende muito de quem observa. Uma pessoa idosa pode não me achar velho enquanto um adolescente pode pensar exatamente o contrário. Mas e a gente? Como é que a gente chega à conclusão de que tá velho?

Pessoalmente considero que você se sente velho quando de alguma forma a idade pesa. Seja na dor das costas depois de sentar numa posição errada ou nas marcas dos anos que a gente vê no espelho. Qualquer período de tempo inferior a dois anos parece pouco e você lembra de um monte de coisa que existiam até um dia desses, mas que uma geração inteira não vai fazer ideia do que é. 

Ficar impressionado com as facilidades mais bestas da tecnologias e usar com uma frequência razoável expressões como “no meu tempo” e “antigamente”.

Assim como a percepção do tempo é relativa, podemos dizer que a percepção da própria idade é tão relativa quanto. Enquanto eu já vivi, em termos numéricos absolutos, duas vezes mais do que algumas pessoas que eu conheço, não vivi nem um terço do que viveu meu avô e nem metade do que viveu meu pai, chegarei a essa marca no ano que vem. Mesmo me achando velho quando eu olho no calendário, por dentro eu ainda não me sinto com essas idades todas. A falta de maturidade e uma aversão ao comportamento adulto padrão estão ajudando nesse sentido. Fico pensando quando eu não só me sentirei, mas de fato estarei velho. Fico pensando como é ter a idade dos meus avós e se o tempo vai parecer mais ligeiro do que me parece hoje… Ia concluir, mas esqueci como era pra terminar, deve ser a idade

O Inverno Chegou… Mas Tá Quase Acabando

    Estava eu pensando sobre o que escrever nesta sexta-feira gloriosa quando a internet me lembrou disso aqui:

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    Daqui a dois dias vai ao ar o primeiro episódio da sétima temporada de Game of Thrones e eu acabei lembrando que eu nunca parei pra fazer um post sobre a adaptação televisiva das Crônicas de Gelo e Fogo. Justamente por não ter assistido a adaptação televisiva das Crônicas de Gelo e Fogo eu vou parar pra comentar um pouco sobre o que acontece com o planeta Terra quando uma temporada nova do GoT(inho) começa a passar.

    Antes de mais nada devemos lembrar que o sucesso de Game of Thrones, apesar de grande desde o início, veio numa crescente ao longo desses últimos seis anos até atingir o nível de loucura que a gente vê atualmente. Trama cheia de reviravoltas, personagens carismáticos, uma quantidade (muito) acima da média de personagens morrendo de forma inesperada, aquela dose de sacanagem com gente pelada que sempre alavanca a audiência, além de jogar tudo isso dentro daquela temática de fantasia medieval que todo mundo gosta. Não é por acaso que GoT bate todos os anos os recordes de pirataria e vídeos com as reações das pessoas às principais cenas da série tomam conta do YouTube.

Inclusive eu costumo dizer que Game of Thrones é a série que os fãs adoram esperar, quando tá passando a galera fica louca esperando pelo próximo episódio e quando a temporada acaba fica todo mundo louco esperando a temporada seguinte. Depois de analisarmos esse contexto, digamos, cultural vamos pro ponto principal desta postagem.

Se você é tão macaco velho quanto eu, já deve ter notado que Game of Thrones não multiplicou o número de fãs ao longo dos anos, mas sim o seu número de futuras viúvas. Por que eu digo isso? Só porque já foi anunciado que a temporada do ano que vem será a última da série.

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    Exatamente, amiguinhos. 2018 vai ter o final de Game of Thrones. Os motivos pra isso são vários, incluindo os custos de produção e o material fonte das primeiras cinco temporadas e mais umas paradas da sexta estar esgotado. Trocando em miúdos o que rolou foi o seguinte, pegaram os livros pra fazer a série, quatro quando a série começou e mais um que saiu algum tempo depois. A série foi andando, o material foi sendo adaptado e chegou um momento que os livros acabaram. Aí você me pergunta “como assim acabaram?” uma pergunta com uma resposta bem simples. Se você for olhar a data de publicação do primeiro livro, vai ver que a galera tá disputando o Trono de Ferro faz um tempão. Foram lançados cinco livros ao longo de quinze anos (entre 1996 e 2011) e faz uns três anos que tão dizendo que o sexto livro tá pra sair. Como levou apenas um terço do tempo pra série chegar no ponto onde os livros estão atualmente e como na televisão normalmente não rola de dar uma pausa na série e voltar uns cinco anos depois, a galera resolveu se virar e encaminhar a história pro final, seguindo mais ou menos as diretrizes do autor dos livros. Ainda bem que eles resolveram não estender demais a parada pra não correr o risco de cagar tudo mais do que eles já cagaram.

    E eis que nos adiantamos pro fatídico ano de 2018. Já consigo sentir a perturbação gerada pelos gritos de lamento de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Eu tô calculando uma comoção parecida com aquela que rolou quando terminou Lost, inclusive com a mesma proporção de gente reclamando do final. Eu não tô ligando muito pra o que pode acontecer na TV, afinal eu só ligo pros livros mesmo e se nos livros a parada sair boa pra mim tá tudo certo, mas eu sou grato por tudo aquilo que apareceu por causa da série, seja camisa, caneca, boneco, jogo,  meme ou até um monte de gente que tá muito longe de ser nerd desesperado pra assistir uma série de fantasia medieval. Mas eu já tô falando demais e o assunto acabou. O assunto, mas o inverno…

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    Esse ainda demora um bocadinho pra terminar.

Eu, Você e Os Personagens Definitivos

Semana passada rolou a estreia do filme novo do Homem-Aranha. Já vi um monte de gente internet a fora dizendo não só que o filme é espetacular, mas também que nosso compadre Tom Holland é o Peter Parker definitivo. Peguei essa última afirmação e comecei a matutar. Não foi a primeira vez que eu ouvi sobre as versão definitiva de determinado personagem. Quando você consome conteúdo relacionado com cinema e (principalmente) histórias em quadrinhos, onde um personagem pode, ao longo de sua existência, passar por uma infinidade de roteiristas, diretores e produtores, é bem normal ouvir que a versão de tal diretor é a melhor ou que tal roteirista fez a versão que vale de tal personagem. Aí eu chego e pergunto: o que faz da interpretação que um autor dá a um personagem uma versão definitiva?

Superman, Homem-Aranha, Batman, Coringa, Hulk, James Bond, Sherlock Holmes, Rei Arthur, Hércules, Robin Hood, Mad Max, Jesus (sim, ele mesmo), Hannibal Lecter, Zorro e mais uma porrada de personagens tiveram várias versões em várias mídias diferentes. Se você parar pra pensar é bem possível que você tenha suas versões preferidos de cada um deles, assim como eu tenho as minhas, mas por que ela é a sua versão preferida?

Antes de nos direcionarmos ao questionamento de fato, vamos primeiro definir aqui o que é uma boa versão de um personagem. Primeiro devemos lembrar que cada personagem tem a sua versão original, nela estão estabelecidas as principais características do personagem, normalmente atendendo às demandas e preferências do público alvo daquele material. Nesse esquema que foi definido, por exemplo, que o Superman era o último filho de um planeta que explodiu, que Robin Hood roubava dos ricos pra dar aos pobres e que o James Bond era um espião super elegante que pegava todas as mulheres que estivessem dando sopa. Quando rola uma mudança muito drástica em algum desses conceitos base duas coisas podem acontecer: o personagem pode ficar totalmente descaracterizado ou o público pode ficar bem insatisfeito. Depois de garantir que os fundamentos estão lá chega a hora de começar a pensar na interpretação que vai ser dada ao personagem. É aí que chegamos ao cerne do papo das versões definitivas.

Para alguns a versão definitiva se aproveita dos conceitos clássicos e os eleva a um novo patamar, para outros a versão definitiva pode ser um olhar único sobre aquele personagem ou uma reimaginação do personagem para tempos mais modernos e até mesmo a abordagem de um aspecto nunca antes ou pouco explorado. O que importa é que o personagem pareça original mesmo para aqueles que o conhecem bem e, acima de tudo e qualquer coisa, a tal da versão definitiva precisa ser cativante.

Por mais técnica que possa parecer, a escolha da versão definitiva de um personagem é uma decisão emocional. Antes de pensarmos em versões de personagens devemos lembrar que um bom personagem consegue cativar o público. Ele pode ser um personagem secundário, um vilão ou um capanga, mas um bom personagem sempre será cativante e muitas vezes esse carisma acaba superando todos os outros fatores listados acima. Inclusive vale lembrar que muita versão tida como definitiva de alguns personagens não são assim tão definitivas. Vide lá o Coringa do nosso amigo do Heath Ledger.

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Antes de me xingar permita que eu me justifique. Nosso amigo falecido fez um trabalho ótimo como palhaço do crime, bem acima do esperado dele e o melhor que ele poderia fazer tendo um Batema bem qualquer coisa pra contracenar com ele. A questão é que ele não faz a melhor versão do personagem, a mais crua e impactante talvez, mas ainda assim não é a melhor, do cinema talvez, mas não dá pra dizer que é o melhor de todas as mídias, seria uma injustiça muito grande com Mark Hamil, que fez a voz do Coringa em tudo por uns vinte anos, e com a inacreditável versão do Coringa no Batman da Feira da Fruta. Creio que isso pode ser aplicado a vários outros personagens, mas em vez de falarmos mais disso vamos para uma rápida conclusão

De fato existe uma versão definitiva? Claro que existe, pelo menos até a próxima aparecer.

O Homem-Aranha que (Ainda) Não Está no Cinema

Ontem estreou  o mais novo filme do amigão da vizinhança, Homem-Aranha: De Volta Ao Lar. Aí você pode pensar “não aguento mais filme do Homaranha, Filipe, já vai no terceiro Homaranha. Pra quê isso?”. Bem, seria só mais um filme do Homem-Aranha se, em 2016, não tivesse acontecido isso aqui:

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O nosso amigo aracnídeo foi integrado ao universo cinematográfico da Marvel e, muito provavelmente, vão fazer uma caracterização mais legal do Aranha no cinema. Só que não é por isso que eu resolvi escrever esta publicação. Hoje o Cachorros de Bikini vai fazer um serviço de utilidade pública e apresentar para você, ser humano que não acompanha a publicação de quadrinhos da Marvel, um Homem-Aranha que pode aparecer no cinema em algum ponto do futuro: Miles Morales, o Homem-Aranha do (extinto) Universo Ultimate.

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Miles foi criado em 2011 para atender uma única necessidade: o Homem-Aranha precisava voltar a dialogar com seus leitores. Pra entender melhor como essa necessidade surgiu precisamos antes voltar um pouco mais no tempo. Em 1962 Peter Parker,o Homem-Aranha, nasceu e se tornou o personagem mais popular da Marvel porque os leitores se identificavam muito com ele. Aí os anos passaram, ele ficou mais velho, casou, descasou, casou de novo, arrumou emprego, terminou a faculdade e se afastou um pouco dos leitores. Aí a Marvel lançou, no início dos anos 2000, o Universo Ultimate, uma versão mais moderna do seu universo regular onde havia mais espaço pra criar novas interpretações dos personagens. O Homem-Aranha voltou a ser adolescente e teve sua origem atualizada. Depois disso foi o mundo real que começou a mudar. Os dados demográficos dos Estados Unidos começaram a mostrar que a ´proporção de “americanos padrão” da população tinha diminuído muito e proporção de americanos negros, hispânicos e de outras etnias variadas estava crescendo. Por consequência o público não era mais o mesmo. Peter Parker não estava mais dialogando tanto com todo mundo. Era hora de alguém novo entrar em cena. Foi por isso que o Peter Parker Ultimate morreu. Foi assim que Miles Morales nasceu para assumir o manto do Homem-Aranha.

Se você não tem familiaridade com o mercado de quadrinhos, pode até pensar que ninguém ligou muito pra esse Aranha novo. Um personagem novo, criado em uma linha editorial secundária pra substituir um personagem já consolidado. Só que, ao contrário do que pode parecer inicialmente, Miles foi um sucesso instantâneo. O público não só abraçou o novo Homem-Aranha, como também tornou o título dele o mais vendido da linha Ultimate. O sucesso do personagem foi tanto que, quando a linha Ultimate acabou, Miles foi o ÚNICO herói daquele universo incorporado ao universo regular, chegando a participar dos Vingadores. Ele se tornou tão querido pelo público que foi só sair a notícia sobre um filme do Homem-Aranha feito pela Marvel Studios que imediatamente começaram os pedidos para que Miles Morales fosse parar na tela grande.

Não preciso dizer que a estreia de Miles no cinema não aconteceu. Temos um novo Peter Parker e parece que ele vai passar um bom tempo nesse papel. Aí você pode pensar que o sonho morreu, só que isso não é bem verdade. Primeiro porque pra ter um novo Homem-Aranha é necessário ter o primeiro, já que Miles é um personagem de legado, segundo porque o cara que manda na Marvel do cinema, Kevin Feige, disse que nosso amigo Morales não só existe no universo do cinema como já tem dica disso no filme novo. AimeuDeusdocéuquefelicidade.

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Por hoje é só, crianças. Nos vemos na semana que vem.

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