Aluísio tinha uma relação muito particular com a Segunda-feira. Praticamente todas as coisas relevantes da sua vida aconteciam no primeiro dia útil da semana. Todas elas.
Nasceu em uma segunda-feira dia 02 de fevereiro, no segundo ano de mandato do presidente na época, coincidentemente o segundo ano da década. Numa segunda aprendeu a falar, em outra a andar. Nos tempos que jogava futsal na escola sempre se destacava, caso o jogo acontecesse em uma segunda. Sempre se destacou nas provas, caso o resultado das mesmas fosse divulgado no começo da semana. O mesmo ocorreu quando ele passou no vestibular, na segunda vez. Ele também conheceu Amélia numa segunda.
Amélia e Aluísio se conheceram, começara a namorar e ficaram noivos em três segundas bem distintas. E apesar de todas essas coincidências eles tentaram se casar em um domingo. Mal sabiam eles que não conseguiriam.
Ao marcar a data o detalhe do dia da semana passou despercebido. Na verdade só quando Aluísio acordou naquele domingo percebeu o tamanho do problema. Ele deveria ter marcado o casamento na sexta ou no sábado. O domingo estava tão perigosamente perto da segunda que ele já estava conformado com o insucesso da cerimônia. Como preocupar a noiva só anteciparia o desastre, nada em relação ao problema do calendário foi informado.
A cerimônia estava marcada para as 16 horas. A noiva entrou na igreja às 17. Essa hora de atraso acabou fazendo com que o padre tivesse uma reação alérgica devido ao tempo exposto às flores no altar. Enquanto ele era socorrido um ex-namorado de uma das madrinhas, inconformado com a separação, entrou armado na igreja e fez os convidados de refém. A polícia conseguiu prender o ex-namorado após algumas horas de negociação, mas todos os convidados precisaram prestar depoimento sobre o fato ocorrido. Tudo isso fez com que a mãe da noiva tivesse uma forte crise de ansiedade, o que deixou a noiva psicologicamente incapacitada por mais de uma hora. Mais ou menos na hora que o padre voltou do hospital. Mas o pobre sacerdote voltara praticamente sem voz. Por sorte ele e os noivos sabiam falar em linguagem de sinais, mas faltou luz antes da cerimônia poder ser iniciada.
Quando o relógio bateu meia-noite a luz voltou, o ultimo convidado concluiu seu depoimento, a voz do padre voltou e os nervos da noiva se recuperaram. Afinal, era segunda e as coisas importantes da vida só aconteciam junto com ela, pelo menos com Aluísio era sempre assim.
Capitão
Muito bom! Teve uma ou duas engasgadas no texto, mas está uma delicia!
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Um salve para as segundas! *salve*
Rodrigo Cerveira Cittadino
Hahahahaha, muito bom o final. A ideia também.
Então todos os “contos de segunda” se referirão à segunda-feira?
Como o Rainier, também achei que ficou formal demais em certos trechos e acabou não fluindo idealmente. Uns ajustes dão conta. Mas compensou na criatividade.
Well done!
Filipe Sena
Pensei que tinha deixado essa parte dos temas dos contos bem clara xD. Os alguns contos tem personagens com potencial pra viver outras historias de Segunda. Esse daí volta com certeza (O.0)_b