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Contos de Segunda #51

Robson queria roubar uma cadeira. Obviamente ele não precisava de uma cadeira em um nível tão grande de urgência, Robson apenas queria roubar uma cadeira.

    Tudo começou em um sábado. Robson estava no shopping esperando a esposa concluir as compras. Como a loja em questão era cheia de toda a espécie de perfume que atacava a alergia de Robson, ele esperou do lado de fora. Avistou uma cadeira convidativa e se sentou. Foi amor a primeira vista. A partir daquele momento o coração de Robson nunca mais saiu daquela cadeira, ele precisava roubá-la.

    Claro que roubar foi a última opção do pobre coitado. Ele tentou encontrar a cadeira em todas as lojas possíveis e imagináveis. Tentou entrar em contato com a gerência do shopping para tentar comprar a cadeira e não teve nenhuma resposta positiva. Ao longo de meses Robson foi ao shopping apenas para sentar naquela cadeira maravilhosa… E para planejar como levaria ela de lá. Não devia ser muito difícil, afinal era só uma cadeira.

    O plano foi executado em uma segunda-feira na hora do shopping fechar. Robson tinha passado em uma sex shop mais cedo e comprado um par de algemas. Assim que os corredores esvaziaram ele se algemou na cadeira. Alguns minutos depois o segurança do shopping chegou para ver o que estava havendo, Robson usou o máximo dos seus dotes de ator para convencer o segurança de que tinha se algemado à cadeira por acidente. No carro ele tinha as ferramentas necessárias para quebrar as algemas, porém precisaria da ajuda do segurança para carregar a cadeira. O segurança, no auge do seu altruísmo e morrendo de pena de um homem que tinha se algemado acidentalmente com algemas eróticas no meio de um local público, carregou a cadeira com Robson até o estacionamento.

    Estacionado entre duas picapes estava o carro de Robson. Ele abriu o porta malas e pediu gentilmente para que o segurança procurasse pelas ferramentas. Enquanto o solícito funcionário procurava pelas ferramentas, Robson jogou a cadeira na caçamba da picape, abriu as algemas, o carro deu a partida e saiu. O segurança levou uns dois minutos para perceber o que tinha ocorrido. A desculpa de Robson foi que colocou a cadeira na caçamba para ter uma posição melhor para quebrar as algemas, o segurança não sabia se tinha acreditado ou não, ele estava muito ocupado passando um rádio para os outros seguranças.

Robson fechou o porta malas e foi andando disfarçadamente na direção da porta do motorista. A satisfação gerada pelo plano bem sucedido foi gigante. Agora bastava ligar para o cúmplice e combinar o horário de entrega. Não é difícil imaginar a surpresa de Robson ao ouvir o toque do celular do cúmplice vindo da picape que ainda estava parada ao lado do seu carro. Mais surpreso ainda ficou Robson ao ver o seu cúmplice dormindo  do banco do motorista.

Robson entrou no carro, deu a partida e saiu. A derrota amargava em sua boca, a tristeza pesava em seu peito e como se não bastasse tudo isso, ele chegou na cancela de saída, colocou o ticket na máquina, mas não conseguiu sair. Ele tinha esquecido de pagar o estacionamento.

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  1. Bernardete

    Essa cadeira me lembra de alguém que trabalhou uns anos e que quando saiu do emprego trouxe a cadeira pra casa de tão boa que era a cadeira, roubar uma cadeira é muito legal, eu diria que é por amor.

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