Renato tinha um blog. Lá ele publicava um conto toda segunda-feira até então. Porém havia um problema: ele não tinha ideias para o conto da próxima segunda. Sentado diante do computador contemplava há horas o documento ainda em branco. Nada. Nenhuma palavra. Os olhos ardiam de tanto encarar o branco do editor de texto. Os dedos se contorciam de tensão sobre o teclado. A cabeça fervilhava com inúmeras coisas, nenhuma delas era uma ideia aproveitável. Ele precisava pensar em alguma coisa.
A primeira tentativa de ativar as ideias foi assistir um episódio de alguma série há muito deixada de lado. Depois de três episódios Renato estava plenamente convencido dos motivos que o levaram a abandonar a série. A segunda tentativa foi retomar a leitura de um livro enorme de fantasia medieval que estava sendo consumido em ordens homeopáticas. Depois de dois capítulos um dos personagens mais importantes morre de forma tão inexplicável e brutal que as próxima meia hora foi dedicada a xingar muito em alguma rede social. A terceira tentativa consistiu em olhar ao redor em busca de alguma inspiração, nisso e em pedir pelo amor de Deus que uma ideia viesse logo.
A ideia veio. Talvez não fosse a melhor ideia do mundo, mas qualquer coisa é melhor que nada. Os dedos correram frenéticos pelo teclado, os olhos mal piscavam e poucos instantes depois o primeiro parágrafo estava pronto. Estava bom o suficiente para garantir que o texto não seria abandonado sem conclusão. Escrever sobre alguém que não tinha o que escrever pareceu bastante interessante, talvez rendesse alguma coisa que prestasse. Começava mais ou menos assim:
“Tadeu tinha um blog. Lá ele publicava um conto toda segunda-feira até então. Porém havia um problema: ele não tinha ideias para o conto da próxima segunda…”
Jefferson Nóbrega
ótimo texto! Felipe Renato Tadeu! 😀
Filipe Sena
Só faltou acertar meu nome, Jefferson xD
Rodrigo Cerveira Cittadino
“A segunda tentativa foi retomar a leitura de um livro enorme de fantasia medieval que estava sendo consumido em ordens homeopáticas.” Não, não, não! O personagem está fazendo tudo errado. Não se consome fantasia medieval de pouquinho em pouquinho: é para beber como se estivesse morrendo de sede em meio a um calor infernal – e beber rápido a ponto de quase engasgar, rs! Fantasia medieval é a coca-cola de garrafa semicongelada dos comerciais da Coca-Cola; não é vinho. 🙂
E, caramba, é muita metalinguagem num texto só. Achei irado! Você não sabia o que escrever, então escreveu sobre um cara que não sabia o que escrever, que por sua vez escreveu sobre um cara que não sabia o que escrever. Muito bom!
Capitão
Repito, pare de falar mal das segundas. Algum dia ela realmente se irritará com você! E neste dia…