Creio que todos saibam que antes de escrever o sujeito metido a brincar com as letras era um simples leitor. Não que deixe de ser depois que inventa de escrever, mas isso é conversa pra outra hora. Enfim, completemos o raciocínio. Como todo leitor eu tenho um péssimo hábito: Comprar mais livros do que eu posso ler.

 Leitores são como as formigas da fábula famosa: gostam de garantir sua sobrevivência durante o inverno. E como já dizia aquele Stark que não é o Homem de Ferro “O Inverno está chegando”. E ele chega, pode crer que chega. E, assim como as formigas, os leitores começam seus trabalhos com antecedência, sem pressa, movidos pelo medo da escassez. A fobia de olhar pra uma estante repleta de livros que já foram lidos.

Pode parecer besteira, pode soar parcial ou redundante, mas eu concordo com a atitude desses seres que permeiam entre a ganância e a precaução. Antes que você, caro leitor, ache que eu estou justificando meus próprios maus costumes deixe-me concluir.

Todos nós precisamos de um tomo ainda não lido em nossas prateleiras. A própria perspectiva de uma novidade ao alcance de nossos dedos nos enche de esperança em um amanhã melhor. Ao nos relembrarmos constantemente de que ainda não lemos aquele livro que já fez aniversário exercitamos nossos instintos de zelo e responsabilidade. Mas acima de tudo, quando chegar a hora certa eles serão lidos.

É certo que por causa da escola acabamos lendo um monte de coisa imprópria para a nossa idade. Mas não é disso que eu falo. Livros são que nem músicas. Faz muito mais efeito quando lidos na hora certa. E, dependendo do momento, podem deixar de ser um simples entretenimento e se tornar uma parte importante da sua vida, da sua formação como pessoa ou simplesmente algo que aquece o coração só de lembrar. Podem nos ajudar em momentos difíceis e depois nos esquecermos deles. Ou então não fazerem sentido algum daqui a 2 meses, dois anos ou mais. Mas isso é depois. Antes disso tem magnetismo inicial, o flerte discreto e a atração irresistível que nos faz abrir páginas inexploradas e mergulhar nas suas profundezas durante um bom tempo. E o durante faz com que todo o antes faça sentido.

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