Quando eu era pequeno, assim como muitas outras crianças, gostava muito de ler as histórias da Turma da Mônica. Algumas coisas que eu li naquela época estão vivas na minha cabeça até hoje, mas nenhuma outra ficou tão gravada na minha memória quanto uma certa história do Chico Bento. Até porque ela inspirou o título desse texto. Hoje vamos falar de algo comum a todos nós: o Protocolo Chico Bento.

    Mas antes vamos começar pelo começo. Na história em questão nosso querido personagem está apressado. Ele rouba goiaba, nada no ribeirão, namora e faz mais uma série de coisas em uma velocidade digna de Usain Bolt. No último quadrinho a mãe de Chico ao ser questionada sobre a pressa do menino responde: “último dia das férias”.

    Assim como vários outros animais, o ser humano possui alguns procedimentos pré configurados no seu cérebro. Apesar da nossa capacidade de raciocínio, nem todos os nossos instintos foram superados, alguns deles foram adaptados aos tempos modernos, a maioria deles é ligado ao sentimento de urgência. O fim do dia, fim do prazo, fim das férias ou qualquer outro tipo de encerramento tem o potencial para se tornar uma verdadeira bomba de ansiedade gerando alguns comportamentos meio estranhos. No caso do fim das férias o nosso cérebro ativa um protocolo que direciona nossas ações e influencia nosso julgamento. Entra em ação o Protocolo Chico Bento.

    No início das férias é comum listarmos todas as coisas que queremos fazer para “aproveitar bem as férias”. Como boa parte dos seres humanos não lida muito bem com os compromissos que assume consigo mesmo, não é difícil que nada do que foi listado anteriormente seja, nem que minimamente, cumprido. A preguiça, a rotina de vagabundagem, o Netflix, o Steam, os livros comprados na Black Friday do ano anterior e tantas outras coisas acabam nos afastando do nosso propósito inicial, seja ele qual for. Os dias passam e quando nos damos conta as férias já estão no fim. Automaticamente nos lembramos de tudo que deveríamos ter feito, é o gatilho para a ativação do protocolo. Nos tornamos o Chico daquela história. Começamos a ter dias mais cheios, arrumamos compromissos e consumimos conteúdo em um nível de produtividade quase robótico.

Janeiro está exatamente na metade. Logo logo ele chega ao fim, e com ele as férias de muita gente. As minhas vão terminar um pouco antes, apesar de não sentir muito esse ano, o protocolo continua rodando no meu cérebro em segundo plano. Ainda tenho alguns dias, ele ainda pode entrar em ação.

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