Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Tag: Leitores

Poucos

Existem algumas vantagens em ser um escritor com poucos leitores. A principal delas é que não tem muitas pessoas pra decepcionar com aquilo que você escreve.

    Não tenho certeza de quantas pessoas já leram meus textos, os poucos publicados antes e os vários publicados depois da criação do Cachorros devem ter atingido algumas poucas centenas de pessoas numa projeção muito otimista. Porém o feedback que eu recebo sobre aquilo que eu coloco no papel, ou publico por aqui, vem de um grupo bem restrito. Meus leitores regulares são todos conhecidos. Uns são amigos de longa data, outros de uma data nem tão longa assim, mas todos dedicam um pouco do seu precioso tempo pra me ajudar a escrever alguma coisa decente. Eles são poucos, são meus amigos, mas nem por isso cobram menos de mim.

    Quantas vezes eu já fui intimado a produzir mais coisas novas. Outras tantas me cobraram a publicação de um ou de outro texto ainda em fase de revisão. Fora as vezes em que eu recebo um “Esse tá legal, mas não tá melhor que aquele outro” por um texto que consumiu horas pra ser escrito e revisado ou ainda um “Essa é a melhor coisa que você escreveu” por um texto ainda inacabado. Isso sem contar os comentários do tipo “Queria que tivesse mais coisa, acabou rápido” ou o tão temido “Isso daria um livro, escreve mais”.

    Fico pensando nos escritores que vendem milhares de livros e na forma feroz como são cobrados pelos seus leitores. Muita gente pra atender e muita gente pra decepcionar. Espero o dia em que serei cobrado por desconhecidos e decepcionarei pessoas que eu nunca vi mais gordas. Enquanto não chega esse dia continuo aqui, escrevendo pros que colocam os olhos nos meus rascunhos e apontam os defeitos que eu não consigo ver. Pessoas que aguardam as versões finais como se esperassem pelo ultimo capítulo da novela. Que comentam o bom e o ruim sem reservas e reclamam dos finais que os enche de curiosidade.

    Para esses poucos eu digo: “Um dia sai”, “Falta sentar e escrever”, “Não sei o que fazer com ele no final”, “Ainda não sei como colocar no papel”, “Falta revisar”, “Escrever um livro dá muito trabalho” e por último, mas não menos importante, eu digo “Obrigado”.

Vamos Falar Sério?

“Eu vou falar algo sério?”, essa é uma pergunta que eu me fiz assim que comecei a pensar no que seria o Cachorros de Bikini. Essa é uma pergunta que eu tenho me feito nesses últimos dias. Antes de responder tal questionamento prefiro explicar qual foi a origem dele.

A internet acabou proporcionando algo nunca antes visto na história desse país: todo mundo ganhou voz. Em uma era em que o textão toma conta de quase todas as redes sociais, por motivos óbvios o Twitter está fora dessa onda, e o mimimi se alastra como uma praga, ainda existem pessoas que usam a internet de forma racional para falar com seriedade sobre assuntos realmente relevantes. Para a minha sorte eu conheço algumas dessas pessoas. Pessoas que eu chamo de “amigos” e que, para minha sorte, também usam essa palavra quando se referem a mim. Em boa parte das vezes eu os encho de razão e assino em baixo daquilo que é declamado no meu feed. Nessas horas eu penso “talvez eu devesse expor minha opinião sincera sobre um assunto realmente relevante, afinal eu consigo falar sobre coisas sérias”. Logo depois eu paro e penso “será que eu devo mesmo?”.

Quando escolhi o nome “Cachorros de Bikini” o que eu tinha em mente era, em primeiro lugar, falar sobre coisas conhecidas de todos, mas de um jeito um pouco diferente do comum. Se eu consigo ou não fazer isso é outra história, mas a ideia sempre foi essa. Em segundo lugar eu sempre pensei nessas páginas azuladas como uma espécie de refúgio, um lugar onde o leitor pudesse desligar da vida real por um ou dois minutos. Um lugar onde o banal e o irrelevante podiam ser enxergados como coisas que realmente fazem a diferença na nossa vida, pelo menos por um ou dois minutos. Por isso quando eu estou tentando ter uma ideia para um texto novo a pergunta sempre volta. “Eu vou falar algo sério?”.

A resposta é sempre a mesma: Não. Quem me conhece há mais tempo sabe bem, quando eu começo a ficar sério em algum texto rola uma velha tesourada e alguma coisa acaba sendo censurada. Eu poderia falar algo sério e relevante? Talvez, mas não aqui dentro, aqui é não é lugar pra isso. Ser crítico e ácido é algo que eu até consigo, mas eu deixo pra ser assim fora daqui, caso contrário aquelas frases que aparecem junto com o título do blog seriam mentira. Aqui dentro temos “Coisas bestas da vida tratadas com o cuidado que elas merecem”, “Reflexões rasas sobre coisas profundas e reflexões profundas sobre coisas rasas”, por isso o Cachorros de Bikini se compromete a continuar “Sem nenhum compromisso de mudar a sua vida”. Caso você, caro leitor, queira ver opiniões balizadas sobre questões sérias e importantes, eu posso até indicar algumas pessoas muito mais competentes nesse campo do que eu pra você seguir, mas não espere isso de mim, pelo menos não aqui dentro.

Bem Vindo ao Cachorros de Bikini

Finalmente ficou pronto, nem acredito, depois de mais de um ano procrastinando me preparando está no ar meu humilde xalé nas internets.

Eu lembro de quando comecei a escrever e pensava que fantasia seria a única coisa que eu escreveria. O tempo passou, eu escrevi alguma coisa de fantasia, mas um belo dia eu resolvi escrever esse texto aqui. Esse foi o verdadeiro ponto de virada. Foi quando eu percebi que poderia escrever sobre qualquer coisa. Isso aconteceu em 2013, quando a ideia do Cachorros de Bikini nasceu.

Era uma promessa de ano novo pra 2014, era pra ter saído pelo menos a um ano atrás, mas eu não tive coragem. Na minha cabeça eu ainda precisava de uma reserva de textos grande pra afastar o fantasma da falta de postagens. Não consegui fazer uma reserva muito grande, mas a gordura que tem me deixa confortável pra trabalhar.

Ao longo desses quase 2 anos eu tive o apoio de algumas pessoas muito queridas, pessoas que merecem muito mais do que a minha gratidão: meus amigos leitores regulares. Pessoas que sempre me deram opiniões sinceras e bem úteis sobre tudo, que além de me dar mais confiança em relação a esse projeto tentaram me convencer de todas as formas a começar logo com as publicações e deixar de frescura. Tá na cara que nenhum deles conseguiu me convencer, mas eis que surge o dia 03 de Junho do ano da graça de 2015. Uma quarta-feira mais do que comum. O dia em que eu abro os trabalhos do Cachorros de Bikini.

Nem preciso dizer que eu estou bem animado. Também não preciso dizer que não to levando muita fé de que eu dou conta do recado, por isso mesmo eu estou me desafiando a fazer postagens três vezes na semana (segundas, quartas e sextas), mas não vai adiantar de muita coisa sem a sua presença, querido leitor. Por isso faço esse pequeno convite: sempre que estiver de bobeira aproveite e dê uma passada por aqui. Não garanto que todas as vezes você vai encontrar um texto excelente, mas garanto que uma visitinha não vai gerar arrependimento algum.

Então é isso. Deixe as coisas sérias na porta, puxe uma cadeira, fique a vontade e seja bem vindo ao Cachorros de Bikini.

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