Sentei na cadeira. Escrevi. Não consegui continuar. Parei pra ler. Ficou ruim. Levantei e arrumei algo melhor pra fazer.

Foi exatamente isso que aconteceu com um texto que eu queria escrever há tempos. Um tema que na minha cabeça prometia, tema bastante conhecido por mim inclusive: a hora extra. Tive umas ideias, pensei que ficariam legais no papel. Eu comecei o texto até empolgado. Mas não veio, não deu aquele barato. Quando eu percebi que o processo de escrita estava me incomodando resolvi ler o que tinha saído até então. Na hora eu notei, mas demorou pra que finalmente eu aceitasse. Ficou tão ruim que não dava vontade de continuar escrevendo.

Não é a primeira vez que acontece. Faz tempo que eu abandonei a ideia de que cada texto escrito precisa ser melhor do que o anterior. Mas esse texto conseguiu me tirar o sossego. Não sei se foi a frustração de ver um tema, aparentemente, divertido ser transposto pro papel de forma tão desinteressante e sem brilho.

Eu queria ter conseguido falar sobre a trilha sonora pitoresca que rola nas horas extras, das besteiras que a galera consome e das coisas esquisitas que acontecem conforme o relógio avança. De como a proximidade da meia-noite nos deixa com as ideias trocadas e de como é chato chegar de manhã no escritório e ver que o sono te fez esmerdalhar tudo e que o seu adicional noturno não valeu de muita coisa. Fazer isso tudo de um jeito interessante não rolou. Sério. Não deu.

Fiquei desanimado um tempo. Isso somado com as correrias da vida me fizeram perder um pouco da vontade de escrever por um tempo, mas agora já foi. Não tenho coragem de apagar o coitado, assim como não apaguei os meus outros escritos que deram errado, pouco certo ou ficaram bem ruins. É bom deixar ele lá pra caso eu escreva alguma coisa muito boa. Vou precisar de algo pra me lembrar que a qualquer hora eu posso escrever uma coisa muito ruim.

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