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Sexta-Feira

Sexta-feira.

De todos os dias da semana não há mística maior do que aquela que envolve a Sexta.  Nem mesmo a Segunda consagrada como um dia maldito pelos seus eternos desafetos consegue superar o véu tecido pelos adoradores do sexto dia. Não são todos que detestam a pobre Segunda-feira, mas dificilmente existe um ser racional que não goste da Sexta.

Ela é um daqueles bastiões de igualdade que existem no mundo. Não importa o que você vai fazer. Se você vai beber até cair, se vai até altas horas em uma balada, se vai se agarrar com um numero incontável de elementos do sexo oposto ou se vai simplesmente capotar no sofá durante o intervalo da novela. O momento único em que todas as amarras se soltam, você respira fundo e pensa: “Agora só Segunda” não acontece só comigo e com você, é algo compartilhado por todos os mortais.

É nesse momento mágico que a deusa Sexta desce de seu trono celeste e abraça todos os mortais com amor, liberdade e a possibilidade de não trabalhar ressacado no outro dia. Em um instante o abraço quase materno do fim do sexto dia tira de você o gosto amargo das quatro segundas-feiras que vieram antes, trocando-o pelo sabor doce da noite de sexta-feira.

A noite de Sexta não é excludente e discriminatória como a noite de Sábado, que massacra sem dó os solitários, os tímidos e os desprovidos de grana ou de ânimo pra sair de sua casa. Para noite de Sexta está reservado o ritual mais sagrado da semana, aquele que normalmente nos faz acordar mais tarde no outro dia e dar graças a Deus por ser sábado. Depois disso o que resta são os 20 minutos que o fim de semana costuma durar. Mas os dois dias que se seguem nunca serão tão mágicos quanto a doce Sexta, são logo eclipsados pela sombra negra da segunda-feira. E quando ela finalmente chega não é por sábados ou domingos que nossos corações anseiam. Clamamos por ela, clamamos pela Sexta. É só ela que queremos.

No final nada disso importa, até por que hoje é sexta, qualquer coisa além disso pode esperar até semana que vem.

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Contos de Segunda #1

  1. Michele Costa

    Filipe! Vim aqui, com muito carinho, conferir as palavras do meu grande amigo!
    Amei o que encontrei! Realmente, tudo que eu mais queria era a deusa da minha Sexta-feira … Chegou, minha querida! E você conseguiu expressar tudo que todos nós sentimos por ela. Gratidão por isso!

    Sucessooooo aqui meu amigo querido! =D

    ♥♥♥♥

  2. Paola Siviero

    Ótimo texto, Filipe!!! Compartilho totalmente dessas sensações, ainda mais hoje que é domingo… :/
    Muitas sextas para todos nós!

  3. Ouch: “A noite de Sexta não é excludente e discriminatória como a noite de Sábado, que massacra sem dó os solitários, os tímidos e os desprovidos de grana ou de ânimo pra sair de sua casa.” O texto estava bom até você tocar nessa ferida, hahahaha! Brincando: está genial em todos os aspectos.

    Bem, no meu caso específico, a sexta-feira é mágica, sim, mas tenho que acordar cedo no sábado, por causa do japonês. X.X

  4. Claudeir

    Chega domingo, já me dá dores de pensar na Segunda-Feira. Sexta é sempre o dia mais querido, traz esperança 🙂 Sair com os amigos na noite e passar a madrugada no clube, só se divertindo. Texto bem criativo, pois não é cansativo, gostei bastante.

  5. Cara, esse texto me lembrou da agonia da Era pré-TV por assinatura, quando o som da música de início do Fantástico anunciava o fim do domingo e, consequentemente, o começo de mais uma semana de choro e ranger de dentes.
    Realmente há algo de mágico na sexta-feira, quando nos juntamos aos amigos e brindamos por mais um fim de jornada. É um momento (pois dura muito pouco) em que todos – ao menos assim parece – se unem para espantar os ressentimentos e dores dos dias passados.
    Acho que Neil Gaiman um dia irá escrever sobre esse novo e idolatrado deus chamado “Sexta”.
    Bem divertido e bacana sua crônica.
    Abração…
    Franz.

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