Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Mês: janeiro 2017

Previsões Para 2017 (Segundo O Sobrevivente)

Esse ano eu resolvi assistir a um dos maiores clássicos do cinema moderno. Um filme sobre futuro distópico que marcou época e até hoje é considerado uma obra prima do cinema. Estou falando do maravilhoso…

O Sobrevivente 1987

Essa obra espetacular de 1987 mostra um futuro onde a merda virou boné tudo deu errado e o maior sucesso no mundo do entretenimento é um programa de TV chamado O Sobrevivente (The Running Man no original). O filme conseguiu me ganhar logo nos primeiros segundos, quando eu me deparei com as primeiras palavras do texto de abertura..

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“Por volta de 2017”. É assim que o texto começa e já que estamos quase em 2017, resolvi tomar esse filme como base para fazer previsões para 2017.

Primeiro vamos para as novidades. No começo do filme o personagem do nosso amigo Arnold vai pra casa do irmão dele. Chega lá na porta, digita a senha e entra. O problema é que o irmão dele não mora mais lá, a atual residente do apartamento é a mocinha do filme. Ou seja, em 2017 você não vai mais poder redefinir as suas senhas, principalmente quando estiver utilizando coisas que pertenceram a outras pessoas.

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Outra tecnologia que estará disponível para todos os cidadãos comuns é o controle de tudo dentro de casa com comando de voz. Os preguiçosos agradecem. Também temos uma amostra de como o fim do sinal de TV analógico vai nos beneficiar. Com o advento da TV Digital nós vamos poder realizar as mais diversas transações direto dos nossos televisores. No intervalo da novela você vai poder, por exemplo, planejar sua viagem pro Havaí.

 

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Aqueles que não conseguiram migrar para o sinal digital podem ficar despreocupados. Ninguém vai perder os programas de maiores audiência por causa de sinal incompatível. As redes de televisão vão transmitir seus programas diretamente para os telões instalados em locais públicos, de fácil acesso e com grande circulação de pessoas.

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Problemas com WiFi, redes sem fio e falta de conectividade entre os aparelhos? Tudo isso vai ficar no passado. Depois de dar um passo em falso para o futuro daremos dois em direção ao passado e tudo vai voltar a ter fio.

Claro que não devemos esquecer do maior programa de televisão do universo. Em 2017 os condenados pela justiça vão lutar por suas vidas no reality show mais bizarro e violento da história. Estou falando de O Sobrevivente. Obviamente os participantes usarão aparatos esportivos de ponta e serão patrocinados por grandes marcas do esporte, como aquela marca famosa das três listras.

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Agora vamos pra parte ruim do negócio. Para aqueles que detestam injeção temos uma notícia péssima. A partir de 2017 vão começar a aplicar injeção no lugar mais desgraçado possível. Se o termo técnico é “injeção interfalângica” já dá pra imaginar como vai ser.

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Para aqueles que sempre estão levantando acusações contra a manipulação de informação através da imprensa sensacionalista. Em 2017 chutarão todos os paus das barracas e a manipulação da informação vai ser descarada e absurda em níveis nunca antes vistos.

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Eu poderia continuar listando as maravilhas que o mundo retrofuturista de O Sobrevivente previu para o nosso 2017, mas eu não quero tirar toda a graça desse ano que está só começando. Estou aqui esperando ansioso pra que tudo isso aconteça e você?

 

Contos de Segunda #69

Jorge e Cristina são os protagonistas do nosso especial de ano novo, mas a história de hoje é uma continuação direta dos eventos de Contos de Segunda #66.

— Fábio vai mesmo arrumar os ingressos?

    — Vai. Hoje mesmo ele deve deixar comigo.

    Cristina e Luciana estavam resolvendo os planos para a virada de ano. Cristina estava um pouco tensa, os planos foram deixados para o último momento, já que Fábio, namorado de Luciana e guitarrista, estava esperando aparecer algum convite para tocar em uma festa de Reveillon e possivelmente conseguir levar as duas amigas de graça. Dois dias atrás Fábio recebeu a confirmação, mas Cristina não estava nem um pouco crédula e já tinha preparado o psicológico para uma virada de ano assistindo duas queimas de fogos.  Das cidades dentro e fora do horário de verão.

    — Pena que não vai ter ingresso pra Roberta — lamentou Luciana.

    — Roberta viajou — replicou Cristina. — Adiantou uns dias das férias, colocou o cachorro na mala do carro e partiu pra casa da família no interior.

    — E eu aqui preocupada com ela — Luciana fez uma pausa para olhar a mensagem de Fábio no celular. — Tudo certo. Hoje de noite eu pego os ingressos.

    Dois dias depois Cristina estava diante do espelho, toda de branco, conferindo a maquiagem antes de Luciana aparecer com o carro. Depois de contemplar o reflexo por alguns segundos, Cristina chegou à conclusão de que estava realmente bem bonita. Ela nem lembrava qual foi a última vez em que tinha se sentido daquele jeito, tanto que imediatamente começou a vislumbrar a possibilidade de aparecer algum fulano interessante que estivesse igualmente interessado… E a possibilidade de aparecer alguns fulanos não tão interessantes assim. Repassou mentalmente o repertório de foras e as bebidas que seriam evitadas por deixarem o jogo mais fácil para os fulanos menos interessantes.

    — Uau — disse Luciana quando Cristina entrou no carro. — Por favor, moça, você poderia sentar no banco de trás? Minha amiga vem aí e ela gosta de andar no banco da frente.

    — Nossa, Luciana. Demorou muito pra pensar nessa piada?

    — Que mulher azeda, meu Deus — respondeu Luciana. — Mudando um pouco de assunto. Fábio disse que vai entrar no palco logo depois dos fogos. Vou ficar na contagem regressiva atrás do palco com ele, quando ele for tocar a gente se encontra. Antes de chamarem ele a gente fica no bar.

    — Não tô com muita vontade de ficar de vela hoje, Luciana. Depois que a gente definir o ponto de encontro eu deixo vocês sozinhos.

    Foi exatamente o que aconteceu. Depois de cumprimentar Fábio, Cristina pegou uma bebida colorida e foi circular pelo evento. Uma multidão vestida de branco estava na frente do palco. Infelizmente a banda da vez tinha um repertório baseado em sertanejo universitário e forró estilizado. Baseado nas piores músicas possíveis de forró e sertanejo. Já que assistir esse show estava fora de questão, ela resolveu arrumar um bom lugar para ver os fogos. Depois de muito procurar, Cristina encontrou um mirante em cima do bar. Dali a visão do palco era péssima, mas a visão do céu estava ótima. Aparentemente as outras pessoas da festa estavam pouco interessadas em ver o céu, deixando a varanda só para Cristina e mais um ou dois casais. Com um pouco de esforço Cristina localizou Luciana e Fábio. O namoro dos dois ainda era uma surpresa e, do jeito que ia, o casamento não tardaria a chegar. Sem dúvida uma das apostas de Cristina para o ano novo. E aparentemente não tinha só ela fazendo apostas de ano novo. Várias pessoas fugiram do branco e estavam usando cores que chamam dinheiro, saúde, amor… Menos uma pessoa que estava usando uma camiseta marrom.

    — Que tipo de mané vira o ano usando marrom? — Questionou ela num tom irônico. O tal fulano vestido de marrom acabou olhando de volta para ela. — Jorge? Só me faltava essa.

    Jorge aparentemente não reconheceu Cristina. Ele estava mais preocupado em manter a conversa com uma moça de cabelo loiro comprido e jeito de musa fitness. Para Cristina a cena era mais uma surpresa do que um incômodo. Na cabeça dela Jorge era incapaz de sustentar uma conversa interessante por muito tempo. Riu sem querer dos próprios pensamentos. Lembrou do incidente do elevador, do jantar desastroso no dia dos namorados e de como tudo estava mais tranquilo agora que Jorge não trabalhava mais com ela. Tranquilo demais. Cristina sentia falta de um rival. Ninguém conseguia oferecer tanto desafio quanto Jorge.

    Ela olhou para o relógio. O ano terminaria em dez minutos. O céu estava sem nuvens e a lua crescente abria um sorriso fino no céu. Infelizmente todas as estrelas estavam cegas pelas luzes. A bebida acabou, ela pegou outra com um garçom errante que passava por ali. Olhou novamente para Jorge e notou que a conversa com a loira fitness não estava indo muito bem. Entre um gole e outro da bebida Jorge ficou fora de vista. Mais cinco minutos e o ano daria adeus. Luciana e Fábio já deviam estar atrás do palco esperando o ano novo chegar.

    — Não imaginei que te veria por aqui — disse uma voz familiar.

    — Não imaginei que existisse gente que vira o ano de marrom.

    Jorge estava parado do lado dela. Ele segurava um copo com alguma bebida transparente e olhava direto para a Lua.

    — Nunca gostei muito dessas coisas de cor de roupa no ano novo. Algumas pessoas ficam realmente incomodadas quando você diz isso ou quando você não acredita em horóscopo.

    — Foi por causa disso que a tua amiga galega desistiu de conversar contigo?

    — Mais ou menos — disse ele sem jeito. — Ela disse que eu tinha que prestar atenção nela e não na moça que estava no mirante. Claro que ela usou alguns termos menos brandos, mas é melhor não repetir exatamente o que ela me falou.

    Cristina corou de leve. As palavras de Jorge a pegaram de surpresa.

    — Mal sabe ela do que se livrou.

    — Concordo. Hoje eu não estou muito pra interagir com desconhecidos. Se Fábio não precisasse de uma ajuda com o equipamento eu nem estaria aqui.

    Começou a contagem regressiva.

    — Hora de fazer um pedido de ano novo, Jorge.

    — Pedido? Nem sei se tem alguma coisa pra pedir. Acho que vou pedir alguém pra arengar contigo no escritório.

    — Acho válido. Não tem ninguém naquele escritório que dê uma briga boa.

    — Claro que tem. É só saber bater que aparece alguém pra bater de volta.

    Os gritos interromperam a conversa. Os fogos iluminaram o céu. Por dez minutos todos contemplaram o céu em silêncio.

    — Vou lá encontrar com Luciana — disse ela olhando para o celular. — Foi bom te ver, Jorge.

    — Vai ver Fábio tocar?

    — Acho que não. Luciana me adiantou o set list do show e a gente não gostou muito. E você?

    — Acho que vou ficar por aqui pro caso de vocês ficarem com vontade de conversar com alguém conhecido.

    — Volta pra tua galega, Jorge. Se depender da gente, o teu começo de ano vai ser bem solitário.

    A frase mal terminou e Cristina saiu andando. Depois de dois passos ela ouviu a resposta de Jorge.

    — Feliz ano novo, Cristina

    Ela não se incomodou em parar, muito menos em desejar o mesmo.

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