Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Categoria: Crônicas e Similares Page 4 of 21

Meio Cagado Esse Vilão Aí

Na semana passada eu comentei ligeiramente sobre os finais cagados de alguns filmes que eu vi recentemente. Um dos motivos apontados como determinantes para a qualidade dos finais foi justamente a qualidade dos vilões e hoje eu vou dar um destaque maior pra essa galera que nós detestamos tanto odiar: os vilões bosta.

    O vilão é, por definição, o opositor principal do mocinho da história. Essa relação de oposição costuma ser um dos maiores atrativos da história, nos fazendo esperar ansiosamente por cada confronto entre o herói e o vilão, tornando todo o filme apenas um prelúdio para o embate final entre o bem e o mal. Só que tem vez que isso não rola e tudo acaba sendo meio decepcionante por uma série de motivos, alguns deles serão debatidos a seguir.

O primeiro motivo é justamente o fato de alguns vilões não fazerem nada. Sabe aquele bandido que aparece, faz pose, diz umas linhas de diálogo legais, mas acaba entrando e saindo do filme meio sem fazer nada? É exatamente disso que eu tô falando. Um exemplo bom desse tipo de vilão é o Pierce de Logan.

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O cara tem uns equipamentos legais, uns capangas mal encarados e uma aura bem ameaçadora. Só que ele não faz muita coisa além de soltar graça do Hugh Jackman durante o filme todo, além de ter um final que joga na cara do espectador que o nível de periculosidade dele é bem baixo.

Outro vilão que eu considero bem fraco é aquele vilão extremamente bidimensional. O cara não tem motivações e normalmente os objetivos dele estão mais pra uma desculpa do que pra uma justificativa, isso quando a desculpa existe. Normalmente todas as questões relativas ao seu propósito e conduta podem ser respondidas com um “Porque sim”. Pode incluir aí praticamente todos os vilões genéricos de filmes de ação e alguns dos filmes com vilões que querem conquistar/destruir o mundo. Menção honrosa pra nossa amiga Magia do Esquadrão Suicida

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    O próximo vilão da lista dos marromeno é o vilão marqueteiro. Ele sabe vender o peixe dele, deixa todo mundo com medo, faz todas as ameaças do mundo e no final não entrega nada disso. Em algumas ocasiões isso é proposital, como foi o Mandarin de Homem de Ferro 3, mas nem sempre isso funciona muito bem. Os exemplos que me vêm à mente são justamente o Diretor Krennic, de Rogue One, e Santino D’Antonio e seus amigos lá do John Wick 2.

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Por último eu quero destacar aqui um vilão que, na minha humilde opinião, é uma mistura de todos os tipos de vilão citados anteriormente. Provavelmente o vilão que mais me decepcionou na vida, nosso amigo Tom Ridle, que prefere ser chamado pela alcunha de Lord Voldemort.

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Nosso amigo sem venta é um vilão até bem construído. Sua origem e motivações iniciais são bem explorados, e porque não dizer esmiuçadas, ao longo de pelo menos uns dois ou três dos sete livros da série Harry Potter. Só que é justamente o que tem depois disso que complica a parada. Voldemort, pelo menos inicialmente, funciona quase como uma versão mais moderna do Sauron de Senhor dos Anéis. Ele foi, teoricamente, destruído e começa a arquitetar o seu retorno. Nesse período da história ele funciona como uma sombra que paira sobre o protagonista e praticamente tudo de ruim que acontece é através dos seus seguidores. Nessa época ele é um vilão até de boa, aquele lance do mal oculto e da ameaça constante realmente funciona bem. Aí o cara volta e… Assim… Né? Tudo que o cara faz parece meio gratuito, aquela grandeza toda que era pra ele ter praticamente só existe no imaginário popular e no máximo morre alguém por culpa dele. Mas a parada que mais me incomoda é justamente a obsessão que ele tem pelo Harry Potter. Isso até que faria sentido, já que boa parte dos vilões tem relação com a origem do herói e tem todo o lance do elo que existe entre os dois e tal. Só que acaba ficando uma parada meio qualquer coisa quando paro pra pensar que Harry Potter é um dos protagonistas mais incapazes que eu conheço. Desde o começo ele é colocado no posto de escolhido que vai derrotar o mal supremo, mas ao longo dos livros ele não desenvolve nenhuma capacidade ou habilidade que pode ameaçar o Voldemort. Inclusive ele se livra da maioria dos rolos por causa da ajuda da galera dele. Tudo bem que Voldemort não é o melhor vilão do mundo, mas ele seria bem melhor se o herói da história oferecesse um desafio melhorzinho ou se ele tratasse seu inimigo como o adversário fraco que ele é.

Por fim eu só tenho uma coisa a dizer: tem um carinha que também mexe com cobra, é inimigo de um órfão que tem uma origem trágica, é obcecado pela imortalidade e também deixa pedaços dele espalhados por aí pra poder ressuscitar em caso de óbito inesperado. E ele dá de dez a zero no Voldemort… E em boa parte dos vilões que eu vejo por aí.

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Até a próxima.

Meio Cagado Esse Final Aí

Essa semana comemoraram os 20 anos do lançamento do primeiro livro da série Harry Potter. Eu estava sinceramente inclinado a escrever algo sobre, mas aí percebi que ia ser mais um post explicando o por quê do meu gosto por Harry Potter ter diminuído ao longo dos anos do que uma homenagem. Achei que não ia casar bem com a data, foi então que eu comecei a matutar mais sobre o assunto e lembrei que foi justamente por causa do bruxo inglês mais famoso do mundo que eu comecei a escrever. Eu tinha acabado de ler um dos livros, provavelmente o quarto da série, e estava indignado com o final. Não demorou muito pra chegar à conclusão de que se eu mesmo escrevesse a história, eu teria o final que eu quisesse. Relembrando esse sentimento acabei percebendo que, de uns tempos pra cá, eu tenho experimentado dele com muita frequência. Mais uma vez Harry Potter me dando motivos para escrever

Estamos bem no meio do verão americano, isso quer dizer que estamos também na temporada dos principais lançamentos do cinema em 2017. Alguns deles já saíram, outros ainda vão sair e boa parte deles você acaba assistindo. Dos grandes lançamentos programados para o meio deste ano eu assisti três: Alien Covenant, A Múmia e Mulher Maravilha. Dá pra dizer sem medo de errar que esses três filmes não são muito parecidos, mas o curioso é que eu tenho exatamente a mesma coisa pra falar dos três: o final foi meio cagado.

Um tem o clímax bem fraco, outro tem um final que caga a cronologia da franquia e outro só tem um final merda, mas todos pecam ao entregar a conclusão daquela jornada. Aí eu paro pra pensar mais um pouco e percebo que temos esse problema em outros filmes recentes e chegamos à conclusão de que tá rolando uma praga em Hollywood que tá contaminando um monte de block buster: a praga dos vilões bosta e dos finais cagados.

Alguns dos maiores sucessos de bilheteria dos últimos anos possuem vilões bem qualquer coisa. Guerra Civil (até nos quadrinhos o final é fraco e nem é o mesmo final), Batman vs Superman, Doutor Estranho, Esquadrão Suicida (esse daí não é só o final que é ruim), Mulher Maravilha e vários outros caem na graça do público por vários motivos, dificilmente algum desses motivos é o vilão da história. Do vilão bosta pro final cagado basta um pulo, afinal o vilão é o desafio final, o mal a ser vencido, o obstáculo que vai testar ao máximo os valores e capacidades dos heróis e se esse desafio final não é lá essas coisas… Bem… Digamos que a parada dá aquela desandada e vai todo mundo pra casa quase 100% satisfeito, afinal o resto do filme foi legal.

Acabo de perceber que eu tô meio com medo dos filmes que eu mais espero pra esse ano. O receio de parecer um disco arranhado repetindo a mesma coisa pra todo mundo sobre tudo que é filme é bem grande. Ingresso de cinema tá bem caro e eu queria que os finais fossem mais satisfatórios. Espero que pelo menos Star Wars escape dessa, se bem que rolou uma cagada ligeira ali no final do Episódio VII, mas isso já é outra história.

O Sexo dos Pombos

Esses dias eu estava viajando a trabalho. Como da outra vez em que isso aconteceu, interrompi o fluxo normal de publicações deste maravilhoso blog. Nessa onda de parar de publicar eu não fiz post por causa do meu aniversário, nem por causa do dia das mães ou por causa do aniversário do Cachorros de Bikini (completamos dois anos no começo deste mês). Também mantive a política editorial em relação aos temas pessoais que chegam a ser publicados por aqui. Normalmente ninguém liga pra essa parada, mas um certo amigo do trabalho passou o último mês e meio inconformado com a minha negligência. Em um dos picos de insatisfação ele me disse: “Vou te dar um tema, você vai fazer um post sobre o sexo dos pombos”. O pedido era compreensível, afinal um par dessas aves tão singulares estava passando as últimas noites tendo um romance ardente na janela do quarto desse meu amigo. Imediatamente eu preparei o “não”, mas o meu cérebro acabou me traindo. Durante o meio segundo que levou pra negativa sair do cérebro e chegar na garganta, as engrenagens trabalharam e cá estou eu pra falar do sexo dos pombos.

Sempre ouvi falar que duas coisas que não se vê muito por aí é enterro de anão e filhote de pombo. Tendo isso em mente, não parece absurdo pensar que os pombos são gerados espontaneamente já na forma adulta, o que removeria de suas vidas a necessidade do envolvimento carnal entre os indivíduos de gêneros opostos, removeria inclusive a necessidade de haver a diferenciação de gêneros. Mesmo contrariando esse conhecimento popular perpetuado ao longo de tantas gerações, os pombos não só se reproduzem da mesma forma que as outras aves, como também são um padrão para os casais apaixonados. Não é raro ouvir em novelas ou filmes dublados que os casais apaixonados são “dois pombinhos”. Isso nos leva ao primeiro ponto relevante dessa nossa conversa: o romance dos pombos.

Nunca consegui processar direito essa associação entre os casais apaixonados e os pombos. Normalmente aves não são muito expressivas, o pombo não foge muito a essa regra, mas eis que estou um dia olhando pela janela e vejo uma cena muito semelhante à essa aqui:

Sim, você acabou de ver o registro de um pombo cortejando uma pomba e, por incrível que pareça, o pombo me pareceu bem mais respeitoso com sua paquera do que boa parte dos animais que eu já vi em situação similar. Antes que você ache que eu sou um voyeur de bicho, devo dizer que assisti um tanto considerável de Globo Rural ao longo da minha, não tão curta assim, vida de 27 anos. Também devemos lembrar que os pombos são monogâmicos, ou seja, não possuem mais de um parceiro por vez. Levando isso tudo em consideração podemos dizer que o pombo é um animal relativamente romântico. Então chegamos ao ponto principal deste post: o tal sexo dos pombos.

Segundo a Wikipédia, os pombos se reproduzem ao longo de todo ano e preferem fazer isso em locais que se assemelham aos ambientes onde eles fazem seus ninhos na natureza. Os locais preferidos atualmente são os parapeitos das janelas e estruturas similares. Essas duas informações nos levam a duas conclusões: a primeira é que os pombos são seres naturalmente fogosos e não tão nem aí pra épocas propícias, o negócio é procriar. A segunda é que os pombos querem mais é que todo mundo testemunhe o amor deles.

Aí acaba o bem bom. Os ovos chegam ao ninho e lá vão os dois pombinhos pro revezamento de chocar as crias. Depois que eles nascem eles são “amamentados” por suas mães com o chamado leite de bucho, presente nas aves amamentadoras. Depois dessa acho que não tenho mais o que dizer. Até a próxima e não alimente os pombos.

Hiato de Bikini #2

Pois é, queridos leitores, chegamos a mais um anuncio de hiato. Só que dessa vez o hiato vai ser só para o esquema atual de publicações. Nas próximas seis ou sete semanas os Contos de Segunda e os nossos posts sobre assuntos diversos vão tirar uma folga… Na verdade os personagens de segunda estão de greve, mas isso é outra história.
Esse hiato vai ser uma boa oportunidade pra fazer outras coisas e colocar outras ideias no papel. Por isso não se preocupe, ainda vai ter coisa saindo aqui, só que vão ser outras coisas. As coisas de sempre voltam em junho.
Vejo você por aí.

 

Estamos Em Greve

Hoje é sexta, dia 28 de abril do ano da Graça de Nosso Senhor de 2017. No dia de hoje convocaram uma greve geral. Caso você não saiba, uma greve geral acontece quando sindicatos que costumam fazer greve separados resolvem fazer uma greve juntos. Normalmente isso rola em um dia só e também recebe o nome de “paralisação nacional”, principalmente porque se rolar por vários dias o prejuízo vai ser grande demais e essas coisas. Como o Cachorros de Bikini não apoia nem desapoia nada, a gente não vai discutir a greve, os grevistas, as reivindicações e nem nada disso. Hoje vamos falar um pouco sobre o que rola com as pessoas que não estão envolvidas com a greve.

Quando acontece uma greve é normal que o transtorno venha junto. Obviamente o tamanho do transtorno depende de duas coisas. A primeira é o quanto você precisa daquela categoria que está de greve. Ficar doente durante greve de médico, ser estudante durante a greve dos professores ou dar entrada na aposentadoria durante a greve da previdência normalmente são problemas bem grandes, mas só são grandes mesmo se você depende da galera grevista. A segunda é se você precisa passar por algum local afetado pelas manifestações grevistas. Normalmente os grevistas fazem manifestações, passeatas, protestos de cores e sabores diversos. Na maioria dos casos, essas manifestações criam algum problema de trânsito, principalmente se for alguma greve de profissionais do transporte. Isso nos leva à seguinte conclusão: existe uma grande chance da greve ser que nem a Copa do Mundo, você só vê pela televisão e só se importa com o resultado se for bom pro time que você torce.

É bem provável que você já tenha se lascado por causa de greve e se isso aconteceu, é bem provável que você deteste greve e ache que os grevistas tinham mais que estar trabalhando do que fazendo piquete. Existe uma possibilidade de você já ter se lascado antes da greve e fez greve por isso, nesse caso você consegue ser mais solidário com os grevistas e até responda ao chamado de greve geral. A questão é: Greve é uma daquelas paradas que envolve pessoas que se lascaram ou que vão se lascar, na prática é um mal que, possivelmente, vem para algum bem. Digo possivelmente pelo fato do fracasso de algumas greves e porque nem sempre fica muito claro pra quem vem o benefício da greve. Se vem pra todo mundo, só pra algumas pessoas ou pra ninguém, mas aí é outra história.

Vou aproveitar pra dizer que aqui no Cachorros também tá rolando greve. Os personagens dos contos resolveram aderir ao movimento e uma paralisação geral foi convocada. Aparentemente o autor deste blog não está deixando os coitados muito contentes. Uma lista de reivindicações já foi entregue pelo sindicato e as negociações acontecerão logo. Para mais detalhes fique ligado no conto da próxima segunda-feira. Até mais e cuidado na greve.

Nem Vi Que Chegou no 250

Hoje entrei na área de administrador deste humilde blog e reparei que o número de posts estava em 252. Por alguns segundos o cérebro deu uma bugada. “Como assim passou do 250 e eu não vi?”, foi o que passou pela minha mente naquele instante. Parei pra pensar um pouco e lembrei que o post de número 250 saiu na quarta da semana passada, já que não saiu nada na sexta por causa de uma noite em claro e uma sessão de Pathfinder. Voltei lá na lista de posts e vi que o post de número 250 foi esse aqui:ababa

Acabo de reparar que esse texto foi publicado no Dia do Índio. Obviamente isso não tem nada a ver com as outras coisas que eu vou escrever, mas fique sabendo que, até a hora de publicação deste texto, eu estarei extremamente tentado a dar o maior Alt+Tab da história deste blog para falar de índio. Só não faço isso porque essa marca histórica precisa ser devidamente registrada e comentada.

Originalmente o post de número 250 seria, mais uma vez, sobre o tema que traz mais pessoas da busca do Google para este pequeno site: Maísa de biquini.

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Esse tema já tá maturando na minha cabeça faz um tempo e, se as coisas saírem como eu tô pensando, vai render o texto mais divertido da história deste site. Mas, como vocês já devem ter notado, eu resolvi falar de outra coisa e Maísa vai ficar pra depois. Mal aí, Maísa.

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Fico pensando como seria se eu tivesse lembrado da quantidade de posts na semana passada. Provavelmente faria uma publicação comemorativa nos moldes dos especiais de 100 e 200 publicações… Se bem que o número 200 foi um conto e o especial foi o 199… Enfim, detalhes. Pensando direito, com exceção do número 200 e do número 75 que foi o primeiro de uma série anual, todos os números mais significativos foram ocupados por posts que falam de como esses números são significativos. Não teve nada que fizesse deles uma publicação verdadeiramente marcante. Pelo menos até agora. Pois no último Dia do Índio, eu publiquei o meu post preferido de 2017, pelo menos até a presente data. Uma publicação carregada de sinceridade, de verdade e, principalmente, da paixão que eu tenho enquanto pessoa fã das coisas. Além disso, ele é o lembrete de um dos momentos mais legais, se não o mais legal, da minha vida de fã. Toda vez que eu der uma lida nele vou lembrar disso e saber que ele é o número 250 só deixa ele com um gosto ainda mais especial.

O final desse post vai ser com aquela velha conversa de sempre. 250 é um número lindo, mas não quer dizer tanta coisa assim. Quando (e se) chegarmos aos 500, 1000 ou 10.000 posts, essa marca não será nada… Mas isso é no futuro, agora esse 250 é tão bom quanto qualquer número que vai ter depois dele.

Coração de Fã

    Na semana passada estava eu falando com uma amiga. Em pauta estava um grande evento nerd que aconteceu esses dias no Centro de Convenções de Pernambuco. A partir de certo momento da conversa o tema mudou um pouco, começamos a falar dos problemas de ter um “coração nerd” e de como a racionalidade nem sempre entra na equação quando o assunto é tomar uma decisão que envolve algo que nós gostamos. Desde então fiquei matutando sobre esse assunto e decidi expandir um pouco mais esse conceito. É por isso que hoje eu não vou falar do “coração nerd”, afinal esse termo é muito restritivo. No final as pessoas anerdalhadas só se diferem dos outros seres humanos por causa de suas paixões por certas coisas. Hoje vou falar do coração de fã.

    Por definição o fã é uma pessoa que nutre uma grande admiração por algo ou alguém. O termo é derivado de “fanático” e é utilizado mesmo quando não existe de fato um fanatismo. Essas pessoas possuem um amor irrestrito pelos alvos de sua admiração e por elas sofrem, riem, choram e brigam (ah, como brigam). O fã é aquele tipo de pessoa que vai achar um absurdo o fato de você nunca ter ouvido falar daquilo que ele gosta, lido aquela série de 513.614 livros e visto todos os filmes de uma certa franquia. Obviamente depois disso ele vai encaixar coisa do tipo “tu precisa ver”, “tem todas as temporadas no Netflix” ou “eu te empresto se tu quiser” e “eu trago pra tu jogar”.

    O fã é o tipo de pessoa que se sente no dever de espalhar aquilo que ele gosta pelo mundo. Porque ser fã sozinho não tem graça e é por isso que os fãs costumam ser extremamente sociáveis com outros fãs, mesmo quando sua capacidade (ou vontade) de socializar é quase nula no contexto normal da vida cotidiana. Isso é potencializado ainda mais quando o fã em questão gosta de algo que pertence a um nicho muito específico, o tipo de coisa que a maioria dos seus amigos não gosta ou gosta de forma muito moderada, que seu pai não faz a menor ideia do que é e que, em alguns momentos, é também um motivo para se envergonhar. Afinal sempre rola um “isso é coisa de tabacudo virjão”,  “isso não é coisa pra mulherzinha?” ou o clássico “isso é negócio de criança” quando você tem certos gostos.

Mas nada difere tanto o fã do transeunte do que o coração.

O coração do fã é, acima de tudo, o maior inimigo das decisões racionais. Todo mundo sabe que as decisões tomadas com base na emoção costumam ser um pouco inconsequentes. Dormir em horários absurdos, encarar filas enormes, correr alguns riscos, prejudicar o orçamento, estourar o cartão, faltar àquela aula da faculdade e até mesmo escapulir do trabalho são coisas que, no mínimo, todo fã já cogitou fazer e pelo menos uma delas já foi feita. Até porque o fã é uma pessoa que faz sacrifícios, seja sacrificando seu tempo, seu dinheiro, seu conforto e até sua reputação. Para o fã muitas coisas são inevitáveis. Comprar aquele livro, aquela HQ, gastar dezenas de horas com aquele jogo ou na maratona daquela série, ver pela milionésima vez aquele filme ou infartar quando o time do coração joga não é uma opção, é inevitável. Pode demorar para acontecer, mas acaba acontecendo. É quase um comportamento compulsivo, algo puramente movido pela emoção. É a tradução literal do que é ser fã.

Eu sou um fã. Tomo decisões puramente emocionais, passo horas discutindo sobre coisas que não mudam em nada a minha vida, indico coisas pros outros, gasto uma parte do meu dinheiro com as minhas paixões e uma parte muito maior do meu tempo com essas mesmas paixões. Cresci numa família de fãs e é provável que, se eu chegar a formar uma família, ela seja uma família de fãs. Fui ensinado a gostar das coisas de forma saudável, mas nem por isso gostar menos. Já fui, e sou, diminuído e hostilizado por causa das coisas que eu gosto, as mesmas coisas que ajudaram a criar algumas das maiores amizades que eu tenho hoje. Sou um fã, não é por opção, é inevitável.

Temporada 2017 de Feriadões

    No longínquo ano de 2014 eu estava ensaiando para o que viria a ser o Cachorros de Bikini. Justamente naquele ano ocorreu uma coisa bastante curiosa: praticamente todos os feriados caíram em finais de semana. Inspirado por isso eu fiz um texto que nunca pude usar pelo simples fato dele já ter nascido datado. Eis que olho para o calendário do ano da Graça de Nosso Senhor de 2017 e vejo que esse ano teremos um bom número de possíveis feriados e agora que passamos do carnaval, a temporada de feriadões desse ano já pode começar.

2017 vai ter o primeiro semestre com uma sucessão de feriados daquelas que deixa todo mundo preguiçoso. Teremos o feriado da Semana Santa e na semana seguinte teremos o Dia de Tiradentes na sexta, apenas dez dias antes do Dia do Trabalhador, que vai cair em uma segunda. Já no segundo semestre temos 7 de Setembro, 12 de Outubro e 2 de Novembro que caem em dias de quinta. Podendo ser convertidos em feriadões, dependendo das possibilidades e das situações trabalhistas e/ou acadêmicas de cada um, evidentemente. O Dia de Natal vai cair em uma segunda e o último dia do ano vai ser um domingo.

A parte ruim disso tudo é que todo mundo vai ficar mal acostumado, principalmente porque em 2018 não vai ser muito diferente, e quando chegar 2019 vai rolar aquela escassez bonita de feriado e a gente vai ter um agosto de 300 dias, a menos que você more em uma cidade que tem feriado em agosto. Se esse for o seu caso, mude essa sensação pra um mês em que a sua cidade não tem nenhum feriado e multiplique por dez.

Saber que, pelo menos por enquanto, o calendário vai ser minimamente gentil conosco me deixa bem aliviado. Alguns dias de folga pra quebrar a rotina e quem sabe até fazer alguma coisa diferente. Ou simplesmente algum dia em que você não é necessariamente obrigado a sair de casa e pode maratonar alguma série no Netflix ou falecer entre travesseiros e lençóis por um dia inteiro. A melhor parte disso é que 2017 tá passando tão rápido que vai parecer mais que tem feriado toda semana.

Acabou… Ainda Bem

    No último domingo foi ao ar o episódio final da série mais recente da franquia Gundam. Eu acompanhei, episódio por episódio, ao longo de semanas a reta final dessa história. Faz mais sentido dizer que eu acompanhei toda a sucessão de desgraças que aconteceram ao longo de toda a segunda temporada, principalmente nos últimos oito ou dez episódios. Foi tanta desgraça que, quando o último episódio chegou ao fim, em vez de ficar triste pelo fim de um anime tão bom, eu fiquei aliviado. E foi essa sensação tão singular que me deu a ideia pro post dessa quarta-feira.

    Nós, espectadores/leitores/ouvintes/jogadores, temos um hábito que é, no mínimo, pouco saudável: o hábito de se apegar aos personagens. O nível de apego varia muito de pessoa pra pessoa e depende principalmente de três fatores. O primeiro é o nível de identificação que o personagem gera no espectador. Quanto mais nós nos enxergamos naquele personagem, quanto mais vemos ali uma representação de nós mesmos, mais nos apegamos, afinal é a gente que tá ali. A identificação pode não acontecer exatamente com o personagem, pode acontecer uma identificação com a causa que aquele personagem, ou grupo de personagens defendem. Você compra a ideia. O segundo fator é o nível de admiração que o espectador tem por aquele personagem. Enquanto no primeiro caso temos os personagens mais “gente como a gente”, nesse segundo nós temos personagens que são mais icônicos, verdadeiras fontes de inspiração, algo mais parecido com o herói clássico ou uma adaptação dos arquétipos clássicos e ideais de heroísmo para o contexto da trama em questão. O terceiro fator é justamente o desempenho ou a importância do personagem dentro da história. Quanto mais diferença os personagens fazem na trama, mais queremos que ele continue fazendo a diferença. Claro que existem os personagens que fazem a diferença de forma negativa, mas esse não é o foco no momento. Aí chegamos na parte principal desta publicação: o sofrimento.

    Normalmente uma boa história apresenta um conflito interessante. Existe um desafio, um obstáculo, um inimigo, ou vários, que estão lá pra complicar a vida dos mocinhos. O mocinho vence os desafios e a história acaba. Só que existem algumas histórias em que tudo é conseguido à duras penas e os mocinhos se lascam de uma maneira absurda. Os fãs de Guerra dos Tronos, Homem-Aranha, Demolidor e de alguns desenhos japoneses sabem bem do que eu tô falando.

Todo esse sofrimento acaba ultrapassando as fronteiras da ficção e chega na gente quase como uma agressão. Em algumas histórias o mais maltratado é, sem dúvidas, o leitor/jogador/espectador. Vale aqui a menção honrosa do autor mais lembrado atualmente por maltratar seus personagens e o público, nosso amigo autor de Guerra dos Tronos, George R.R. Martin.

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Aí um dia acaba a história e junto com ela o sofrimento daqueles personagens. Quando o final do Gundam finalmente chegou, eu não tive pena de ver aquela série fantástica terminando. Eu só queria parar de esperar pela próxima desgraça. Agora não preciso esperar mais… Ainda bem. Ainda bem que acabou. Que alívio.

 

Vamos (Finalmente) Falar de Logan

Hoje é um dia feliz, não só por ser sexta-feira, mas também por ser o dia de cumprir uma promessa. Depois de exatos vinte e um dias prometendo, hoje finalmente cumprirei a promessa de falar de uma obra cinematográfica que, não só será lembrada como um dos melhores filmes de 2017, mas também como um marco dentro do “gênero” de filmes de quadrinhos/super-heróis. Hoje o Cachorros de Bikini vai falar de Logan.

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Posso estar falando uma besteira inacreditável, mas eu tenho pra mim que a história de todo mundo com esse filme começou bem antes da primeiras notícias sobre o início da produção. Boa parte do público que foi esse mês no cinema ver o filme novo do Wolverino assistiu aqueles dois filmes horrorosos que tiveram nosso amigo Logan como protagonista. Tanto o X-Men Origens: Wolverine quanto o Wolverine: Imortal foram tão fracos que todo mundo estava com expectativas baixíssimas para o “Wolverine 3”. Aí começaram a sair os anúncios do filme novo, imagens e derivados, muita gente já tava dizendo “agora vai”. Então, em outubro de 2016, saiu esse trailer:

Aí 99,9% das pessoas disseram “agora vai”.

Eis que chegamos ao fatídico março de 2017 e todo mundo foi ver se, mais uma vez, o público tinha sido iludido pelo trailer. Depois de ver o filme duas vezes, de discutir muito sobre o filme e de ouvir algumas discussões sobre ele, posso dizer com todas as letras: não, ninguém foi enganado pelo trailer.

Wolverine é um personagem violento. Não falo isso só pelo fato dele ser extremamente agressivo, ou pelo fato dele ter garras feitas de um metal indestrutível saindo das mãos e nem por usar essas garras pra estripar seus inimigos. Wolverino é um personagem violento justamente por ter uma vida marcada por violência. Durante experiências militares, a chamada Arma X perdeu suas memórias. Restando apenas o instinto selvagem derivado da natureza da sua mutação. O caminho dele de reencontro com sua humanidade perdida é pavimentado por sangue e morte. E mesmo depois desse reencontro, o tanto de sangue e morte não diminuem.

O Logan que dá título ao filme ilustra bem isso. Um personagem envelhecido e amargurado que tenta viver longe da morte enquanto trabalha e cuida do seu antigo mentor, o Prof. Xavier, que sofre de uma doença neurológica degenerativa. Alguém que está caminhando o mais rápido que pode para o fim da vida, que não só tem o corpo em ruínas, mas uma vontade de viver tão degenerada quanto. Wolverine não é mais o que era antes e isso fica bem claro só de ver o título do filme: Logan. Um aviso de que esse não é um filme sobre um super-herói. Sem capa, sem a nobreza, sem a missão de salvar o mundo do mal e sem um nome heroico. Esse é um filme sobre o homem debaixo da máscara, sobre um cara que viveu uma vida, na medida do possível heroica, mas que deixou isso tudo pra trás. O tempo dele passou e só resta esperar pelo fim. Só que uma certa menina cruza do caminho do nosso amigo Wolverino.

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Laura, a X-23, não é só a fugitiva de um projeto secreto que transformava mutantes em armas. Não é só a menina mais badass que eu me lembro de ter visto em um filme. Ela é uma pessoa com a vida marcada pela violência. Ela lembra ao Wolverine da forma mais brutal como aquela vida desgraçada que ele teve começou e de como a mesma coisa já está acontecendo com ela. A partir daí a história se desenvolve e as coisas legais vão acontecendo, não cabe falar delas em específico aqui.

A melhor coisa do filme é, de longe, a química entre os três personagens principais: Wolverine, Prof. Xavier e Laura. Enquanto o Professor tenta ao máximo se manter fiél aos seus princípios e ajudar um mutante em dificuldades, Wolverine vive um conflito entre a sua vontade de ajudar a garota e a tentação de fugir de todos os problemas que ela trouxe consigo e Laura se vê pela primeira vez fora do laboratório onde nasceu, com pessoas que ela mal conhece, mas que já significam tanto pra ela. Vale ressaltar que Laura também foi a maior surpresa do filme, tanto a personagem quanto a atriz que interpreta.

Se a química dos três é a melhor coisa do filme, a relação da X-23 com Wolverine é o mais divertido. Ver Logan assumindo um papel paterno que ele claramente não está pronto pra assumir rende os momentos mais divertidos e, na medida do possível, leves do filme. Que são bem poucos porque no geral a vibe do filme é bem pra baixo.

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Logan é um filme pesado, violento, pra baixo, sem esperança e muito bom. E, apesar de todas as desgraceiras que acontecem o tempo todo nesse filme, o que mais ficou na minha memória foram os momentos mais leves, felizes e divertidos do filme.

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Infelizmente essa foi a despedida do Hugh Jackman do papel de Wolverine. Digo infelizmente porque esse foi o único filme solo do Wolverino que foi realmente bom. Na verdade foi um dos únicos filmes do universo X-Men que foram realmente bons. É uma pena, mas é da vida. Valeu, Hugh Jackman, até a próxima.

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