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Foi A Vida Adulta que Aconteceu Conosco

    Essa semana estava eu tentando marcar uma jogatina offline com meu irmão. Eu digo tentando porque hoje é sexta, a gente tentou desde segunda e o sábado vai chegar sem a gente conseguir fazer nada. Imediatamente eu lembrei de todas as coisas que eu não consigo fazer com os meus amigos por motivos de agenda, trabalho ou grana. Também lembrei que esses mesmos amigos estão em momentos diferentes da vida. Tem amigo que já casou, ou que já é mais ou menos casado, tem amigo noivo com casamento previsto, tem amigo noivo sem previsão de casar, tem amigo trabalhando demais, tem amigo sem trabalho, uns que estão saindo da faculdade e outros que acabaram de entrar e ainda amigo que marcaria “Nenhuma das Alternativas” no questionário da pesquisa. Nesse ponto da história surge uma pergunta em minha cabeça:

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Independente de quem meus amigos são na fila do pão, a verdade é que aquela história de fazer aquilo que a gente quer quando a gente quer se provou mito muito mais ligeiro do que eu imaginei. Hoje em dia você quer marcar pra encontrar os amigos, mas aí tá todo mundo ocupado ou com algum impedimento. Você resolve juntar a galera pra jogar pela internet ou pra fazer uma atividade lúdica pelo Skype, só que esbarra nos mesmos empecilhos mesmo com cada um na sua casa. Muitas vezes até conversar pelo vatezape com alguns se mostra um trabalho hercúleo. Mais uma vez a pergunta retorna: o que diabos está acontecendo? Não demora muito pra resposta vir.

    Quando eu penso direito na pergunta eu vejo o quão absurda ela é. Acontecendo? Sinto muito, mas não tem nada acontecendo, já aconteceu. O que foi que aconteceu? Acho que no título desse post eu já adiantei a resposta. Foi a vida adulta que aconteceu conosco.

    Em 2017 todos os nascidos na década de 1990 serão maiores de idade. Isso quer dizer que as crianças do início dos 90 já tão nessa de ser adulto faz um bom tempo. Assim como aqueles do final dos 80 e outros que nasceram um pouco antes. Isso quer dizer que a esmagadora maioria dos meus chegados está vivendo na plenitude das suas ocupações e responsabilidades. Isso quer dizer que todo mundo já recebeu o seu diploma de adulto e se brincar já tem gente terminando o mestrado ou o doutorado.

A verdade é que ninguém quer ser adulto. Ser adulto é uma bela de uma bosta e muito se ilude quem tá doido pra ser crescido e dono do próprio nariz. Trabalho, salário, dinheiro, boleto, falta de dinheiro pra pagar o boleto, falta tempo pra gastar com você, sobra tempo que você só pode gastar com você porque os outros não tem tempo pra você gastar tempo com eles, hora extra, preço das coisas subindo, imposto, dor nas costas, taxa, orçamento, voto obrigatório. No final você olha pro lado e tá todo mundo meio perdido nesse tiroteio que é a vida adulta. Os que ficam menos perdidos são os que aceitam mais rápido o estado adulto do seu ser. Simplesmente se jogam aos leões sem olhar pra trás e param de tentar utilizar plenamente a suposta liberdade que a gente achava que ia ter quando fosse adulto.

Antes que você diga que esse post ficou muito pra baixo eu vou deixar uma mensagem de esperança. Hoje eu quero dizer que vale a pena sim lutar contra os intempéries da vida adulta. Vale a pena porque de tanto tentar a gente acaba conseguindo. Acontece muito? Não, mas quando acontece é tão bom que a gente fica com gás suficiente pra continuar tentando. Na prática só vira adulto de vez quem quer ou quem deixa. Eu todo dia reafirmo meu compromisso de tentar levar uma vida menos adulta e é por isso que eu desejo uma vida menos adulta pra todo mundo.

Hoje é Black Friday

Sexta-feira. Até pouco tempo atrás esta seria uma sexta comum, afinal faz bem pouco tempo que a sexta-feira depois da 4ª quinta-feira de novembro começou a significar alguma coisa para nós brasileiros. Faz pouco tempo que chegou no Brasil a Black Friday.

Pelo nome já dá pra concluir que a Black Friday é coisa de norte-americano. Nos Estados Unidos as lojas costumam fazer promoções violentas na sexta-feira depois do Dia de Ação de Graças como uma forma de abrir a temporada de compras de Natal e aproveitar que muita gente está de folga por causa do feriado de Ação de Graças. Por lá isso rola faz bastante tempo. De acordo com um artigo da Wikipédia em inglês, o costume de fazer promoções nesse dia começou em 1932. Obviamente naquela época as coisas aconteciam em escala muito menor.

Então chegamos ao Brasil. A Black Friday brasileira começou lá em 2010 em mais ou menos cinquenta lojas online. A prática Black Friday foi ganhando força até chegar às lojas físicas e até mesmo aos comerciantes informais. Aparentemente todo mundo quer entrar na brincadeira, mas não, ninguém quer uma multidão de consumidores em uma histeria coletiva e por isso que a Black Friday no Brasil não é aquela coisa que se diga “minha nossa, mas que Black Friday”.

A verdade é que os calendários das promoções para os lojistas é mais ou menos fixo e adivinhem o que acontece quando entra uma data promocional nova no calendário? Exato, todo mundo quer participar, mas participar do dia do ano em que, pelo menos teoricamente, os preços deveriam atingir seu nível mais baixo menos de um mês antes do natal…

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É, se eu fosse um dono de loja não ia me parecer uma ideia muito boa, mas como participar então? Aí depende da matemática de cada um. Tem loja que sobe preço e dá o desconto que puxa de volta o produto pro preço antigo, tem loja que aproveita pra desencalhar aquelas paradas que ninguém quer e outras gambiarras diversas que só o brasileiro é capaz de fazer. E como tudo feito por brasileiro, boa parte dessas promoções realmente estão tirando onda com a sua cara.

Imagine que você quer um negócio. Agora imagine que existe um produto similar que é um pouco melhor, mas bem mais caro e que provavelmente é bem menos vendido. Você espera pela Black Friday e quando ela chega… O produto mais caro ficou um pouco mais barato e o que você queria continua a mesma bosta. Não é muito difícil que você acabe comprando exatamente aquilo que o lojista quer. Pior que isso só aqueles descontos mínimos que no máximo compensam o valor do frete.

Mas aí eu pergunto: como vai ser a Black Friday com todo mundo liso?

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É, acho que vai ser meio, digamos, morna essa Black Friday de hoje. Desconto é desconto, mas a fatura do cartão ainda chega no fim do mês e o efeito das magias mentais dos lojistas andam cada vez mais fracos. Eu mesmo estou determinado a não… Pior que tem um negócio que eu ia comprar de todo jeito na promoção e um jogo que eu sou bem curioso pra jogar tá com um desconto muito louco… Boa Black Friday pra vocês e até semana que vem.

Tá Todo Mundo Liso

Em 2016 um sentimento tomou conta dos brasileiros. Talvez “sentimento” não seja a palavra certa, provavelmente “condição” seria a palavra. Condição, penalidade, status alimentos negativo ou simplesmente mazela. Todas essas palavras definem bem o que aconteceu com a esmagadora maioria da população brasileira porque em 2016 todo mundo ficou liso.

Caso você seja que nem as maravilhosas pessoas de Orlândia (amo vocês, povo de Orlândia #ChupaBatatais) e não more em Pernambuco ou em outro estado do nordeste onde o termo é normalmente empregado, não se preocupe que eu vou esclarecer. Normalmente dizemos que estamos lisos quando falta grana, na pindaíba, falidos, quando as vacas magras ficaram anoréxicas e o maior sonho da vida é o salário do mês que vem. E em 2016 o liseu (estado de liseira) foi uma condição que afligiu muita gente e no final do ano essa realidade vai bater ainda mais forte.

Todo mundo está careca de saber o que normalmente acontece no fim do ano, mas resumindo bem resumido dá pra dizer que no fim do ano as pessoas gastam. Confraternizações, presentes de Natal, amigos secretos e a vinda do décimo terceiro são o combo matador da gastança. Você pode até querer gastar pouco, mas o que provavelmente acontece é você gastar mais do que queria e não gastar mais nada ou gastar pouco várias vezes de modo que no final você gastou mais do que queria. Só que estamos em 2016, ano em que todo mundo ficou liso e quem conseguiu escapar do liseu ainda está sofrendo com os efeitos do liseu ou se livrou dele faz tão pouco tempo que o trauma ainda não passou. Seja apenas psicologicamente ou na prática, a verdade é uma só: tá todo mundo liso.

O que eu mais ouvi em 2016 foram frases do tipo “posso não, tô liso”, “vou nada, tô liso”, “queria, mas tô liso”. Se você não estivesse liso a coisa mais fácil de acontecer era você não fazer nada junto com sua galera pelo fato de alguém, ou todo mundo, estar liso. É bem provável que isso se replique massivamente ao primeiro sinal de amigo secreto, confra da galera ou celebração natalina.

Pra encerrar, querido leitor, digo apenas que o liseu passa… Se não passar pelo menos diminui. Vai ser chato fim de ano sem grana? Já está sendo desde o começo do ano. Por isso não esquente sua cabeça, fica peixe que já já tudo melhora. Por enquanto dá pra ser otimista mesmo estando liso.    

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