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Tag: Ódio

(Finalmente) Acabou O Campeonato Brasileiro

    Existem coisas que demoram. Existem coisas que parecem mais que nunca vão acabar. Existem coisas que parecem infinitas… E existe o Campeonato Brasileiro.

    Quem me conhece sabe que eu tenho pouquíssima afinidade com futebol. O time indo bem ou mal, pra mim faz muito pouca diferença. Algumas vezes é até divertido entrar na brincadeira e tentar irritar alguém que leva essa história de bola mais a sério. Tem vez que eu presto atenção na tabela pra ter mais assunto pra conversar com meu pai e nas copas do mundo eu vou na casa do meu avô assistir o jogo do Brasil e torcer pelo naufrágio da seleção canarinho. Mas em todo o universo do futebol existe uma coisa que eu odeio: o Campeonato Brasileiro.

    Antes de continuar gostaria de avisar aos meus amigos torcedores que não é nada pessoal. Eu entendo (pelo menos parcialmente) a paixão de vocês pelo nobre esporte bretão e pelas agremiações futebolísticas que moram em seus corações. O problema não é, pelo menos não totalmente, com vocês. Meu problema é com todo o resto.

    O Brasileirão é uma coisa que enche o meu saco. Começa com o fato do campeonato ser praticamente infinito. O Campeonato Brasileiro começa em maio e termina em dezembro, ou seja, dura de sete pra oito meses. Se uma mulher engravidar na primeira rodada do campeonato, existe uma possibilidade dela segurar o filho nos braços no mesmo momento que o capitão do time campeão levanta a taça. Pra você ter uma ideia, toda a temporada européia de futebol acontece numa janela de dez meses, e se o pessoal lá disputasse as partidas com os mesmos intervalos que disputa o pessoal aqui, é certo que duraria muito menos.

    Outra coisa que desperta o ódio no meu coração é o tanto que se fala de futebol por causa do Campeonato Brasileiro. Imagine o tempo que é destinado em todos os noticiários, ou o espaço destinado em todos os jornais e o quanto que existe de conteúdo na internet sobre coisas relacionadas ao futebol Tá lá você vendo de boa as desgraças notícias do dia ou alguma discussão sobre um tema mais sério. Aí do nada para tudo pra falar sobre futebol…

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    Mas aí chegamos no terceiro ponto que sustenta a minha aversão pelo Brasileirão: conversa sobre futebol me cansa. Eu entendo perfeitamente quando uma pessoa fala sobre o que acontece com o seu time e até acho normal falar disso. O que me cansa é quando as pessoas começam a falar sobre TUDO que está rolando no campeonato. Lá vai um que começa a falar da lesão de fulano, da recuperação de num sei quem, de outro beltrano que tá jogando muito, de outro que foi vendido. E por incrível que pareça o assunto NUNCA esgota. Basta ligar no rádio e ouvir algum programa sobre futebol pra ver. Os caras passam literalmente HORAS falando sobre futebol e muitas vezes eles passam horas falando da MESMA COISA e o assunto NUNCA ACABA.

    Pode parecer chato da minha parte, mas num país onde futebol é o assunto preferido de uma parcela grande da população, é praticamente impossível ficar isolado de toda a comoção, discussão, briga e derivados que são gerados por causa da bola. Pelo menos acabou, finalmente acabou, demorou que só, mas acabou. Até o Brasileirão acabou e 2016 não acaba. Esse ano tá demorando a passar mesmo

Dois Minutos de Ódio

Eu nunca li nem assisti 1984. Em um tempo que nem se pensava em coisas como Jogos Vorazes, Divergente, Convergente, Detergente, Vem Com A Gente e outras distopias juvenis, uma galera já escrevia sobre futuros que não tinham dado certo. Um desses caras foi George Orwell, autor de 1984. Apesar de nunca ter lido esse clássico da ficção do século XX, acabei ouvindo um ou outro comentário aqui e ali a cerca da obra. E uma das coisas que mais ficou na minha memória foi justamente o horário que unificava toda uma nação: os Dois Minutos de Ódio.

    Funcionava de uma maneira bem simples. Todos os dias o governo super controlador retratado no livro exibia na casa das pessoas um vídeo mostrando um famoso inimigo do Estado. Durante essa exibição todas as pessoas colocavam pra fora todo o ódio que sentiam. Direcionando esse sentimento destrutivo para um inimigo do Estado e não para o Estado, que era o verdadeiro vilão dessa história. Aí fica a duvida de onde eu quero chegar com esse papo todo. Estava eu pensando outro dia se talvez não fosse bom instituir os Dois Minutos de Ódio.

    Ódio é uma palavra muito feia e normalmente usada de forma precipitada. Um sentimento tão negativo talvez tenha sido experimentado genuinamente em pouquíssimas ocasiões ao longo de nossas vidas. Talvez se somarmos todas as coisas que nos irritam na vida, possamos chegar perto do que é o ódio verdadeiro, e se de fato fizéssemos isso? Se resolvêssemos focar todos os nossos sentimentos negativos em um único ponto? Será que o efeito seria igual ao livro? Esqueceríamos de detestar aquilo que realmente nos faz mal e simplesmente agíssemos como se nada de realmente ruim estivesse nos acontecendo?

    Imagino que instituir esse tipo de extravasor tenha um efeito positivo. Principalmente pelo fato de deixarmos de nos irritar com coisas q não valem a pena, pois todo o nosso ódio estaria direcionado para um único ponto. Quem sabe eu institua algo como Dois Parágrafos de Ódio, só pra descarregar toda a minha raiva sobre alguma coisa. Isso provavelmente ocorreria pouquíssimas vezes… Talvez só depois de ler algo do tipo “Filmes Que Você Vai Querer Ver em 20XX”… Sempre tem uns filmes que me dão uma raiva descomunal, principalmente certos filmes de super herói produzidos pela FOX, mas isso fica pra outra hora. Esse tipo de ódio tem hora pra ser externado… Dois minutos, pra ser mais preciso.

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