Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Tag: Televisão

Dragão Agora é Dinossauro

Na última terça-feira estava eu passeando alegremente e praticando um hábito antigo que eu nunca deixo morrer, o hábito de olhar lojas de brinquedo. Durante meu passeio me deparei com algo que chamou muito a minha atenção: um boneco de um réptil vermelho com asas. Busquei no meu relativamente vasto acervo mental de criaturas fantásticas e não consegui identificar nenhuma que batesse com o tal boneco. Foi então que resolvi olhar o verso da caixa e averiguar se lá havia alguma identificação do bicho.

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    Caso você não tenha reparado, na coleção com o sugestivo nome de Megassauro temos quatro bonecos: um tiranossauro, um pteranodonte, um espinossauro e um dragão. Sim, isso mesmo, um DRAGÃO.  D-R-A-G-Ã-O. Na hora eu não sabia se achava graça ou ficava indignado, só consegui pensar “e dragão é dinossauro agora?”.

    Passado o susto inicial, não consegui de parar de pensar em como a indústria de brinquedos não está nem aí para a educação das crianças. “Ai, Filipe, que frescura da bexiga, só por causa de uma bosta de um dinossauro?”, sim, é SÓ por causa de uma bosta de um dinossauro. Raciocine comigo, caro leitor. Uma criança compra um brinquedo, se ela compra um dinossauro isso mostra que a criança já tem alguma afinidade com ciências, já que ela escolheu um brinquedo mais “pé no chão”, mas ela comprou um dragão da coleção Megassauro, um brinquedo sem o menor compromisso de ajudar na formação do pequeno cientista, que não só vai aprender errado com o brinquedo, mas também associar sem querer os bichos extintos com seres fantasiosos. Promovendo uma mistureba generalizada na cabeça do infante que não terá mais distinção entre o que é (ou foi) real e o que é imaginário desde sua concepção.

    Já não bastava o fim da Tv Globinho, a indústria de brinquedos acha pouco e faz sua parte pra acabar com a infância brasileira. E eu ainda não falei a pior parte. Não basta dizer que dragão é dinossauro, eles ainda tem a pachorra de colocar um wyvern e chamar de dragão.

    Aprendam, pessoas das industrias de brinquedos, se tem duas patas traseiras e as asas estão no lugar dos braços não é dragão, é wyvern ou dragonete, nunca dragão. E nem me venham dizer que Smaug tem asa no lugar dos braços e é dragão. Tinha tanta coisa errada naquele filme que é de se esperar que até o dragão esteja errado.

Maisa de Bikini

Uma das coisas mais legais de ter um site/blog ou derivado é justamente saber como as pessoas chegaram nas suas dependências internéticas. Quando eu olho as estatísticas do Cachorros de Bikini eu sempre presto atenção nas buscas que levam ao site. Algumas delas não tem nada demais, como por exemplo gente de fato procurando por cachorros em trajes de banho ou procurando por crônicas de temas específicos. Outras vezes aparece alguém procurando por coisas que não tem nada com nada, o exemplo mais recente disso foi alguém procurando por “quais os meses de sorte e de azar num ano e os piores do ano”. Mas até hoje a busca frequente mais estranha é “Maisa de Bikini”.

    Pra entender como isso começou precisamos voltar ao longínquo 24 de Julho de 2015. O Cachorros de Bikini não tinha nem dois meses de vida quando publicou naquela sexta-feira o texto Maisa Abandona a Infância. Desde aquele tempo não é raro aparecer alguém por aqui procurando por “Maisa de bikini”, “Maisa de biquine”, “Maisa Bikini” ou qualquer coisas desse tipo. Quando eu vi essas buscas aparecendo eu fiquei assim:

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Sério, qual a motivação que um ser humano racional teria pra procurar por Maisa de Bikini? Pare pra pensar juntamente comigo, caro leitor. Você está alegremente navegando na internet e não mais que de repente dá um estalo na sua cabeça e você pensa: “Deve ter fotos de Maisa de biquíni em algum lugar da internet”. Faz sentido? “Claro que não, Filipe, por que diabos eu vou querer ver imagens de Maisa em trajes de banho?”, concordo com você, não faz o MENOR SENTIDO alguém procurar por um negócio desses. Já tentei entender, já tentei achar o mínimo de lógica e propósito nessa busca. Busca essa tão infrutífera, que o povo vem bater aqui no Cachorros. Comparado com isso a busca por “quais os meses de sorte e de azar num ano e os piores do ano” fica bem menos absurdo. Afinal informações sobre sorte e azar são coisas com plena aplicação prática e normalmente atrelada a estudos empíricos de eventos que obedecem a certos padrões. Eu não acredito em nada disso, mas ainda me parece mais coerente do que procurar por Maisa de biquíni.

O texto de hoje não tem conclusão. O fato em si é suficiente pra me deixar sem palavras. Na falta de algo mais importante pra dizer fico só no bom dia/boa tarde/boa noite, fiquem com Deus e Maisa ama vocês.

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2015, 75 Anos e 75 Textos

    Semana passada dei uma olhada no contador de postagens do painel do WordPress e percebi que estava se aproximando a postagem de número 75. Como eu tenho um certo gosto por números terminados em cinco, não podia deixar de fazer uma postagem alusiva a esse número tão bonito. Mas o que eu poderia falar sobre o número 75? Depois de matutar um pouco acabei lembrando que 2015 foi o ano em que vários personagens de histórias em quadrinhos completaram 75 anos, isso me levou a questionar: quem mais completou 75 anos em 2015?

    Começando pela música temos Sérgio Reis chegando ao 75º aniversário. Juntamente com Milionário, da dupla Milionário e José Rico. Além deles tem uns outros carinhas menos importantes como Ringo Starr e John Lennon, que morreu tem um bom tempo e nem chegou a ficar tão velho quanto seu outro companheiro de banda.

    No cinema temos umas coisas mais interessantes. Como os 75 anos do Pinóquio da Disney. Sim, você não leu errado, Pinóquio completou 75 anos em 2015 e provavelmente é um dos únicos, ou o único, filme de 1940 que é lembrado até hoje pelo grande público. Na lista de contemporâneos do garoto de madeira temos George Romero, o cara responsável por trazer os zumbis pro estrelato, Al Pacino, Bruce Lee e mais uma galera. Obviamente nenhum deles chega aos pés do ser humano mais notável que nasceu naquele ano, o mito maior das internets, Chuck Norris. Depois dessa vou até passar pro próximo tópico.

    Entre os personagens fictícios da televisão os maiores destaques são uma parte considerável do que passava no SBT quando eu era pequeno: Pernalonga, Pica-Pau, Tom e Jerry. Além deles temos Margarida, namorada do pato Donald, e Lassie, um dos cães mais famosos da ficção. Não sei se o que me deixa mais impressionado é a longevidade desses personagens ou o tempo que esses desenhos foram reprisados

    Por último eu gostaria de listar os personagens das histórias em quadrinhos que estão completando 75 anos em 2015. Entre os vilões mais relevantes temos o Coringa, talvez o vilão mais conhecido dessa lista, a Mulher Gato, o Cara de Barro e o Lex Luthor, o único dessa lista que não é inimigo do Batema. Entre os heróis temos as primeiras versões do Flash e do Lanterna Verde, o Espectro, o Capitão Marvel, que é atualmente conhecido como Shazam, e o primeiro Robin, Dick Grayson.

Sempre simpatizei com o primeiro Robin, e recentemente eu descobri, através de um podcast que eu gosto muito, que ele foi criado por que o Batman não tinha com quem interagir durante suas investigações. Como ficar discutindo sozinho era uma parada meio esquizofrênica, foi criado o menino prodígio. Mais tarde ele acabou servindo como desculpa pra questionar a sexualidade do Batman, o que acabou ajudando a desencadear uma onda de censura nos quadrinhos que moldou toda a indústria nos anos seguintes. Mas isso é assunto pra outra hora. Agora eu desejo parabéns aos aniversariantes e comemoro o 75º texto desse humilde blog.

Quando Setembro Acabar

O ano era 2004. Onze anos atrás o Green Day lançou um disco que fez um sucesso bem grande na época: o American Idiot. Nunca simpatizei muito com o Green Day, tanto é que nunca ouvi nada deles além do que vi na Mtv, mas sempre achei legal o conceito de lançar um disco que contava uma história. Apesar de nunca ter ouvido o famigerado disco lembro de boa parte das músicas, das que viraram video clipe pelo menos.De todas as músicas daquele disco, muito provavelmente, uma das únicas que é lembrada até hoje é Wake Me Up When September Ends, ou simplesmente “Me Acorde Quando Setembro Acabar”. Setembro acaba hoje, não tem melhor dia pra falar dessa música.

Em 2004 os ataques terroristas do 11 de Setembro tinham acontecido fazia apenas três anos e boa parte das cicatrizes que vemos hoje nos norte-americanos ainda eram feridas naquele tempo. Essa música não fala dos ataques, ela fala do passado, mas não do passado como estamos acostumados. Wake Me Up When September Ends é uma reflexão de como as coisas passam, de como o tempo passa sem nos darmos conta, de como algumas coisas traumáticas não parecem se distanciar de nós com o passar do tempo. Tudo isso está ligado ao mês de Setembro, tão marcante e traumático para o autor da música quanto para o público que ainda sentia os efeitos do 11 de Setembro.

Setembro é um mês doloroso pra muita gente, mesmo para aqueles que nunca escreveram uma música ou sofreram com os ataques terroristas. Muitas pessoas viram a folha do calendário torcendo para que o o mês nove não demore pra acabar. Muitos gostariam de poder dormir e só acordar quando Setembro acabar. Infelizmente não dá pra fazer isso, mas pelo menos Setembro do ano da graça de 2015 deu uma forcinha, correu e passou voando. Setembro veio e acabou. Qualquer coisa ruim que ele acabou trazendo não durou mais do que trinta dias. Já podem acordar, mais um Setembro acabou.

Maisa Abandona a Infância

Outro dia eu estava na página de notícias que eu visito automaticamente toda vez que eu saio do meu email. Normalmente eu só dou uma olhada nas manchetes, algumas vezes elas são melhores do que as próprias noticias, sendo as noticias sobre famosos as que possuem as melhores dentre as melhores manchetes, principalmente por elas não serem 100% condizentes com o conteúdo das matérias. Eu estou fazendo essa volta enorme só pra dizer que eu estava de bobeira nesse site quando eu vi uma chamada que dizia “Maisa Abandona a Infância”.

Se você leu a matéria deve ter percebido que ela não fala de nenhum abandono da infância de ninguém, muito menos da infância de Maisa. Lembro de ter imaginado como seria uma cena de abandono de infância. Diante do absurdo da cena, percebi que não rola de abandonar a infância.

Crescer demora. Mesmo que passemos a menor parte da nossa vida crescendo, não é uma parada que acontece do dia pra noite, a menos que você seja um personagem de filme da Disney ou um Pokémon. A infância também não é algo que você consegue abandonar, pelo menos não como sugeria a chamada da matéria. Não é como se você pudesse dizer “Já deu, Infância, cansei de você, considere-se abandonada”.

Infância é etapa, pedaço da vida, caminho. Não é algo que você carrega, é o primeiro lugar onde encontramos coisas que valem a pena ser carregadas por toda a vida. Só somos adultos hoje por que antes fomos crianças. Inexperientes, inaptos, infantes. Por mais que alguns queiram esquecer, é impossível não lembrar quando olhamos pra trás. Sem isso seriamos como árvores sem raízes, não teríamos de onde tirar forças para continuar crescendo.

Contos de Segunda #6

Rubens estava deprimido, como em todos os domingos quando terminava o Fantástico. O ultimo suspiro do fim de semana. O primeiro indício da chegada da segunda-feira. De tão tranquilo provavelmente a única coisa que fazia Rubens reclamar era a segunda-feira e tudo que tinha alguma relação com ela. Ele tinha isso bem vivo no pensamento quando tropeçou em uma lâmpada mágica de onde saiu um gênio oferecendo três desejos.

– Eu desejo que não exista mais segunda-feira – disse ele entusiasmado.

– Pense bem – respondeu o gênio – a semana de trabalho tem que começar por algum lugar, se não for a segunda será a terça. Não posso realizar esse tipo de desejo.

– Então acabe com o domingo. No desejo seguinte farei a sexta-feira se tornar um feriado eterno.

– O mal será o mesmo. Os dias mudarão de nome e carregarão o mesmo estigma. Não posso desperdiçar meus poderes cósmicos dessa forma. Não posso realizar esse tipo de desejo.

“Foi-se o tempo em que as coisas de graça eram realmente de graça” pensou Rubens. A suspeita de que o gênio estava tentando dar um jeito de não atender desejo algum. Tinha que ser algo que funcionasse bem e que o gênio não pudesse deixar de fazer. E foi o que aconteceu.

Na noite daquela mesma segunda-feira, Jorge ligou a TV e viu o resultado do seu primeiro desejo: o Fantástico mudara de horário, agora seria exibido nas noites de segunda. Logo depois o resultado do segundo desejo: nos domingos a noite os programas exibidos seriam totalmente aleatórios, impedindo que esses programas fossem de alguma forma associados com o fim do final de semana. Mas e o terceiro?

Bem, o terceiro desejo foi simples. Motivado pela insatisfação, raiva e frustração. Além da vontade de ajudar o próximo ser humano que topasse com o gênio. Rubens desejou que a partir daquele dia mais nenhum desejo podia ser negado. Nunca mais.

 

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