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Quase

Acho que não existe nada mais desesperador do que o Quase. Não falo daqueles que usamos quando uma coisa não aconteceu por pouco. O Quase que consegue ser o verdadeiro vilão da história é aquele que usamos em frases como “Quase lá”, “Quase terminando” ou “Quase acabando”. Esse é o verdadeiro vilão da história.

A espera é um dos piores males que afligem o ser humano. Mas a pior de todas as esperas, aquela que consegue fritar os nervos de qualquer super-homem e faz até o homem mais frio arrancar seus cabelos de nervosismo, é aquela que dura alguns instantes, menos que alguns segundos. A espera do Quase.

O Quase é o suspense da vida real. Maior do que qualquer coisa que o cinema já ousou produzir. Inclusive os suspenses do cinema são responsáveis por boa parte das nossas agonias do mundo real. Acho impossível que exista uma pessoa que nunca ficou com pelo menos uma ponta de ansiedade ao ver uma cena de tensão no cinema, daquelas que a vítima desavisada não vê o assassino/zumbi/monstro/demônio que se aproxima silenciosamente. Onde o pobre espectador no alto de seu nervosismo, impotente diante do que está na tela, deseja ardentemente que o pobre personagem seja logo exterminado e a tensão diminua.

Mas os piores suspenses estão nas coisas mais simples da vida. Basta lembrar dos minutos que antecedem o final daquela aula no último horário ou da ligação que demora a ser atendida. Pequenas partes do circulo das horas que mais parecem horas inteiras. Momentos em que até a batida das asas de um beija-flor passa em câmera lenta diante dos nossos olhos.

O elevador que não chega, o sinal que não abre, o arquivo que não sobe, o download que não termina. O expediente que não encerra, o computador que não sai da tela de “Bem Vindo”, os 5 segundos de propaganda que o youtube te obriga a assistir antes dos vídeos e tantas outras coisas que fritam nossos juízos e consomem a nossa paciência… Inclusive, depois de tanto falar dessas coisas e com o texto quase no fim, decidi abreviar o final e reduzir a tensão do momento terminando tudo da forma mais brusca possível.

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  1. Nem me fale em “quase”. “Quase” nessa minha empreitada de concurseiro é como… bem, é muito pior do que os vááários “quases” que rolam durante uma batalha pokémon, heh!

    “O elevador que não chega, o sinal que não abre, o arquivo que não sobe, o download que não termina.” Sim!!! O “quase” é o fardo dos impacientes.

    Novamente, excelente final. Congratulações! 🙂

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