Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Tag: Amigos

Você Não Sabe de Nada, João das Neves

Todo mundo que atualmente habita nas internets sabe que um dos personagens mais populares da atualidade é Jon Snow. Personagem preferido de muitos fãs de Game of Thrones e um dos meus personagens preferidos d’As Crônicas de Gelo e Fogo, João das Neves é um cara relativamente azarado fora da série. Mesmo depois de fazer e acontecer nas últimas seis temporadas de Game of Thrones e em quatro dos últimos cinco livros, ele tem todas as suas proezas ofuscadas por uma única frase.

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    Isso mesmo, por causa dessa moça ruiva o bastardo preferido da cultura pop ficou conhecido como o cara que não sabe nada. De fato Jon Snow percebe que no fim das contas ele não sabe de nada. Seguindo o exemplo de João das Neves, eu já me convenci tem um tempo que eu não sei de nada, mas acho que até essa semana eu nunca tinha percebido o quanto eu sei pouco. Por uma grande coincidência essa epifania me ocorreu por causa de uma moça ruiva.

Aconteceu no último domingo. Estava eu conversando com uma comadre minha sobre uma conquista pessoal que ela tinha compartilhado no Facebook. Entre um ou outro parabéns acabamos conversando um pouco sobre a vida, o universo e tudo mais. Como em todas as vezes em que eu converso com essa minha comadre ruiva, a conversa terminou e eu fiquei com a sensação de que tava conversando com uma pessoa muito mais adulta que eu. Essa sensação pra mim é bastante familiar, até por que boa parte dos meus amigos é bem mais adulta que eu, mas nenhuma dessas outras pessoas é oito anos mais novo que eu e parece ser uns dez anos mais velho.

Não que seja muito difícil parecer mais adulto que eu, mas eu costumo ganhar da galera que nunca foi obrigado a votar ou que precisou fazer CPF pra poder se inscrever no ENEM. Não é muito difícil de imaginar que eu olhei pra minha tela de chat e cheguei à conclusão que o significado por trás de toda aquela troca de mensagens era: “você não sabe de nada, Filipe Sena”. Aí percebi que estávamos eu e Jon Snow no mesmo barco. Estávamos nós dois sem saber de nada.

A vida depois dos meus vinte anos me fez pensar que eu tinha virado adulto. De fato quando eu coloco meu disfarce e saio pra trabalhar, quando eu pago minhas contas ou quando eu fico com dor nas costas por passar muito tempo num banco sem encosto, eu me sinto adulto (seja lá qual for a sensação de se sentir adulto). Mas a realidade é que eu nunca precisei ser muito adulto, só o suficiente pra passar por média. Não que isso me incomode, não que adultecer seja uma meta pra minha vida, o lance é que lembrar que você tá sabendo tanto quanto Jão Snow e que tem gente que saiu do colégio mais adulto que você te faz parar pra refletir.

Pra finalizar gostaria de compartilhar com todos o jeito que eu encontrei pra me conformar com essa história toda. Quando eu vejo essa minha comadre ruiva nas internets sendo mais adulta que eu, basta lembrar que algum tempo atrás ela publicou no Facebucket que X-Men: Apocalipse tinha sido o melhor filme do ano até então… Ela pode até estar uns dez anos na minha frente, mas essa menina ainda tem muito o que aprender. Pelo menos nisso eu (acho que) ganhei dela.

Poucos

Existem algumas vantagens em ser um escritor com poucos leitores. A principal delas é que não tem muitas pessoas pra decepcionar com aquilo que você escreve.

    Não tenho certeza de quantas pessoas já leram meus textos, os poucos publicados antes e os vários publicados depois da criação do Cachorros devem ter atingido algumas poucas centenas de pessoas numa projeção muito otimista. Porém o feedback que eu recebo sobre aquilo que eu coloco no papel, ou publico por aqui, vem de um grupo bem restrito. Meus leitores regulares são todos conhecidos. Uns são amigos de longa data, outros de uma data nem tão longa assim, mas todos dedicam um pouco do seu precioso tempo pra me ajudar a escrever alguma coisa decente. Eles são poucos, são meus amigos, mas nem por isso cobram menos de mim.

    Quantas vezes eu já fui intimado a produzir mais coisas novas. Outras tantas me cobraram a publicação de um ou de outro texto ainda em fase de revisão. Fora as vezes em que eu recebo um “Esse tá legal, mas não tá melhor que aquele outro” por um texto que consumiu horas pra ser escrito e revisado ou ainda um “Essa é a melhor coisa que você escreveu” por um texto ainda inacabado. Isso sem contar os comentários do tipo “Queria que tivesse mais coisa, acabou rápido” ou o tão temido “Isso daria um livro, escreve mais”.

    Fico pensando nos escritores que vendem milhares de livros e na forma feroz como são cobrados pelos seus leitores. Muita gente pra atender e muita gente pra decepcionar. Espero o dia em que serei cobrado por desconhecidos e decepcionarei pessoas que eu nunca vi mais gordas. Enquanto não chega esse dia continuo aqui, escrevendo pros que colocam os olhos nos meus rascunhos e apontam os defeitos que eu não consigo ver. Pessoas que aguardam as versões finais como se esperassem pelo ultimo capítulo da novela. Que comentam o bom e o ruim sem reservas e reclamam dos finais que os enche de curiosidade.

    Para esses poucos eu digo: “Um dia sai”, “Falta sentar e escrever”, “Não sei o que fazer com ele no final”, “Ainda não sei como colocar no papel”, “Falta revisar”, “Escrever um livro dá muito trabalho” e por último, mas não menos importante, eu digo “Obrigado”.

Facebook de Bikini

Ontem aconteceu um dos eventos mais importantes da internet no ano de 2016. Na quinta-feira, 26 de Maio, entrou no ar a página do Cachorros de Bikini no Facebook.  A notícia, que contraria as projeções mais otimistas, pegou até os mais experientes das redes sociais desprevenidos. Foi algo tão inesperado que nem Zuckerberg viu essa chegando.

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    Quando eu comecei o blog eu sabia que em algum momento ele iria pras redes sociais. Compartilhar as postagens e pedir pros amigos fazerem o mesmo deu algum resultado, mas em algum momento isso precisaria passar para o próximo nível. Depois de procrastinar pra caramba planejar muito resolvi colocar o plano em prática. Consegui alguém pra fazer uma imagem de capa e foi só ela chegar que eu fiz a página. Só que nesse intervalo de tempo entre receber a ilustração da capa e colocar a página no ar eu notei uma parada muito importante: eu não sei mexer na bexiga do Facebook.

    Sem exagero nenhum, o máximo de coisa que eu já fiz na cria de Zuckerberg foi configurar a privacidade das postagens e só. Diante dessa informação não é difícil acreditar que eu não tenho a menor ideia do que eu estou fazendo. Toda a experiência em redes sociais que está no meu currículo se resume a curtir uma página e em um belo dia virar administrador dela, e isso já aconteceu umas três vezes. Em uma delas eu nem conheço o dono da página, acabei virando administrador só por que estava lá junto com a meia dúzia de pessoas que curtia a página no começo. A prova final da minha inaptidão pra isso foi a dificuldade de criar a maldita página.

    Criar páginas no Facebook é simples e intuitivo. Não é difícil de mexer, mas é praticamente impossível achar uma categoria certa pra sua página se seu site for um blog pessoal. Depois de rodar por todas elas acabei me conformando em colocar a página na categoria “Site”. Nem vou falar sobre o desastre que foi escolher o público alvo da página pra minimizar a vergonha que eu já estou passando.

    Pra terminar vou agradecer primeiramente ao pessoal da Quadro a Quadro que fez essa ilustração maravilhosa pra capa da página. Agradeço a todos os amigos que aceitaram o convite de deixar seu like na página, principalmente aos que estão fazendo campanha pra conseguir mais gente pra curtir a página, agradeço muito a você que nunca nem me viu e de alguma forma chegou aqui pra ler esse post, mas o maior agradecimento vai pra Mark Zuckerberg. Muito obrigado, Mark, sem você nada disso seria possível.

A Magia da Discussão Aleatória

Essa semana estava eu conversando com uns amigos pelo vatezape. Não faço a menor ideia do que estávamos debatendo no momento, mas em certo ponto da conversa, um dos presentes no chat coloca essa imagem.

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Um questionamento completamente inesperado e tão absurdo quanto legitimamente intrigante. Afinal, como seria a calça de um cachorro? Eu escolhi a opção 2 e pensei q todos os demais concordariam comigo e a vida seguiria, mas não foi isso que aconteceu. Um dos presentes discordou e o que começou como uma simples piada nonsense de internet, acabou virando uma extensa discussão sobre vestuário humano adaptado para cachorros. Naquele momento eu percebi algo sublime, tive um lampejo de percepção e notei o que estava realmente acontecendo. Estávamos lá argumentando seriamente sobre um assunto totalmente fora da realidade e que não teria nenhuma aplicação prática na nossa vida. Uma genuína discussão aleatória, uma das coisas mais maravilhosas da comunicação humana.

O debate é algo inerente ao ser humano. Tudo pode gerar uma discussão, seja ela acalorada ou não. Mas a magia mesmo está no debate sobre temas absurdos, lógicas por trás de obras fictícias, especulações sobre coisas que não tem como ser comprovadas ou que abordam um ponto de vista totalmente descabido sobre algum fato perfeitamente comum. Diante do cenário atual dos ambientes de interação, reais ou virtuais, uma discussão sem propósito nem fundamento é uma ilha de tranquilidade no meio de um mar revolto. É aí que fica a magia do negócio.

Por isso eu digo, caro leitor. Sempre que puder entre num debate sem sentido como esse. Levante temas aleatórios ou fatos absurdos só pra ajudar a promover o debate. Argumente, discuta, ouça e respeite a opinião dos outros, será um excelente treino pra quando o debate for sobre algo sério. Mas o motivo principal pra promover uma discussão aleatória é justamente eclipsar as discussões sérias. “Tá maluco, Filipe? Vou ficar me ludibriando com calça de cachorro enquanto o país tá pegando fogo?”, a resposta é não. Obviamente eu não estou pedindo pra você, querido leitor, esquecer das questões importantes da vida, nem pra parar de discuti-las com seus amiguinhos. Estou pedindo pra deixar elas de lado as vezes e simplesmente aproveitar as maravilhas dos absurdos da nossa vida. Não precisamos levar tudo tão a sério. 

Amigo Secreto

    Poucas coisas no folclore do fim do ano conseguem ser mais notórias do que a boa e velha brincadeira de amigo secreto. Ponto alto de várias confraternizações  ou até mesmo algo que merece uma celebração particular, o amigo secreto é uma das poucas coisas que não muda em função da região, faixa etária ou da classe social dos participantes. Uma atividade lúdica e recreativa que movimenta o fim de ano de muita gente, principalmente quando se é adulto, gera uma comoção enorme entre os participantes e rende histórias pro ano inteiro. Mas o que o amigo secreto tem pra causar esse efeito nas pessoas?

    O primeiro fator determinante para a graça do amigo secreto é o fator aleatório. Não existe um ser humano na face do planeta que não veja nem um pouco de graça em sorteios e é isso que o amigo secreto é na prática, um jogo de sorte. O simples ato de tirar um papelzinho com o nome de uma pessoa já gera adrenalina equivalente à de um salto de paraquedas. A tensão, a expectativa e o risco de se dar mal transformam o ato do sorteio em algo único, ou nem tão único caso você tire seu próprio nome e tenha que refazer o sorteio. Logo depois da determinação dos resultados aleatórios temos mais uma etapa atribulada do processo: comprar o presente.

    Escolher presente pros outros nem sempre é uma tarefa simples. Caso a dama da sorte tenha lhe sorrido, seu amigo é uma pessoa que você conhece bem e, com um pouco mais de sorte, até mesmo um ser humano pelo qual você nutre alguma simpatia. Caso não você já começou a brincadeira se lascando na desvantagem, se a dama da sorte resolveu tirar uma bela onda com a sua face o risco de tirar uma pessoa que você detesta é bem grande, principalmente se o amigo secreto for realizado em ambiente de trabalho. Para fins pedagógicos vamos considerar que sempre ocorre a segunda opção. Lá está você quebrando a cabeça para dar um presente pra um ser humano que é quase um desconhecido, caso a pessoa tenha divulgado um presente que gostaria de ganhar a tarefa fica um pouco mais fácil, mas como estamos trabalhando com cenários adversos é melhor excluir essa possibilidade. Se você foi esperto o suficiente pra comprar algo genérico, não muito caro e que agrade todo tipo de pessoa, além de não ter caído na tentação de comprar um vale presente, você pode concorrer prêmio Nobel de amizade secreta, se não foi… Não tem muito o que fazer além de aceitar o fato de que o presente comprado só difere de um pedaço de cocô por causa do cheiro. Infelizmente é o que tem pra hoje, pelo menos o embrulho tá bonito e não vai fazer vergonha na hora da festa/confraternização/almoço/jantar/happy hour/desculpa que arrumaram pra justificar o amigo secreto.

    E eis que chega o grande dia. Cada um dos participantes aparece com pacotes e sacolas das mais variadas cores e tamanhos. A tensão e a expectativa crescem. Sempre tem algum desgraçado participante que falta, deixando uma pessoa sem presente e outra sem amigo secreto. Depois que finalmente todos chegam começa a brincadeira, alguém se habilita e começa o velho jogo de adivinhação, que acaba sendo meio furado por que ou o cara entrega de bandeja o nome do amigo ou faz uma descrição tão doida que ninguém acerta. O tempo vai passando e vai chegando a sua vez, a tensão começa a crescer, não só por causa do presente qualquer coisa que você comprou, mas também pelo medo de receber um presente tão qualquer coisa quanto. Sua vez chega antes, o cara que ia receber o presente acabou faltando rompendo a ordem da brincadeira, você começa a descrever seu amigo com o máximo de acurácia possível, vendo que ninguém vai acertar você diz logo quem é o fulano, entrega o presente e pela cara do sujeito se abrem duas possibilidades: ou você não errou o presente ou o cara merece o Oscar de melhor ator. Você volta pro seu lugar, aliviado, torcendo pra que o seu presente seja pelo menos o vale presente de uma loja legal.

“Meu Amigo Secreto…”

Nesses últimos dias uma hashtag tem figurado bastante nas redes sociais, estou falando da tag #MeuAmigoSecreto. Caso você, caro leitor desavisado, desconheça o que diabos é esse lance de #MeuAmigoSecreto, não se preocupe pois eu vou esclarecê-lo. Façamos um exercício de imaginação, imagine todas aquelas indiretas que vemos todos os dias no facebook, imaginou? Agora imagine que essas indiretas são disparadas, não para gerar a intriga virtual nossa de cada dia, mas para expôr o mau comportamento de outro ser humano. Tudo isso sem necessariamente revelar a identidade do sujeito, naquele esquema de “você sabe que eu estou falando de você seu babaca”. Obviamente toda essa onda me inspirou para escrever esse texto. Nem preciso dizer que aquilo que vem a seguir não tem muita coisa a ver com esse movimento da internet brasileira.

    Esses dias, por causa da hashtag, me lembrei da tradicional brincadeira de amigo secreto. Fim do ano chegando e com ele a temporada de confraternizações. Não vai ser dessa vez que eu vou falar de todas as desventuras que envolvem essa tão desgraçada maravilhosa brincadeira do folclore nacional, vou me ater a um dos aspectos mais notórios da brincadeira: a hora de entregar o presente para o amigo secreto.

    Quando eu vi #MeuAmigoSecreto pela primeira vez no meu feed imaginei que fosse só alguém falando do seu amigo secreto, tanto é que eu nem li o resto, desde aquele dia eu fiquei com uma coisa na cabeça: como é cabuloso fazer esse jogo de adivinhação do amigo secreto. Descrever uma pessoa pode parecer fácil, mas não é muito quando o objetivo é não deixar os outros saberem de quem você está falando. Lembrando que na tentativa de dificultar o jogo da adivinhação você acaba falando um monte de coisa que não tem nada com nada e que pode inclusive gerar um descontentamento gigantesco no seu amigo secreto. Aí fica você com um sorriso amarelo e o seu amigo com cara de bunda, logo depois ele solta um sonoro “mas eu não sou (insira aqui a característica nada a ver que você falou)”. Apesar da situação descrita anteriormente ser bem chata ainda existe a maldita possibilidade do amigo secreto não concordar com alguma  coisa verdadeira que você falou, e pode ter certeza que vai aparecer um gaiato pra confirmar tudo dizendo “fulano é assim mesmo”.

    Pra encerrar eu gostaria de dizer que esse ano eu estou duplamente feliz. Primeiramente pelo fato de não estar em nenhuma brincadeira de amigo secreto e em segundo lugar por finalmente encontrarem uma utilidade pras indiretas nas redes sociais.

Vamos Falar Sério?

“Eu vou falar algo sério?”, essa é uma pergunta que eu me fiz assim que comecei a pensar no que seria o Cachorros de Bikini. Essa é uma pergunta que eu tenho me feito nesses últimos dias. Antes de responder tal questionamento prefiro explicar qual foi a origem dele.

A internet acabou proporcionando algo nunca antes visto na história desse país: todo mundo ganhou voz. Em uma era em que o textão toma conta de quase todas as redes sociais, por motivos óbvios o Twitter está fora dessa onda, e o mimimi se alastra como uma praga, ainda existem pessoas que usam a internet de forma racional para falar com seriedade sobre assuntos realmente relevantes. Para a minha sorte eu conheço algumas dessas pessoas. Pessoas que eu chamo de “amigos” e que, para minha sorte, também usam essa palavra quando se referem a mim. Em boa parte das vezes eu os encho de razão e assino em baixo daquilo que é declamado no meu feed. Nessas horas eu penso “talvez eu devesse expor minha opinião sincera sobre um assunto realmente relevante, afinal eu consigo falar sobre coisas sérias”. Logo depois eu paro e penso “será que eu devo mesmo?”.

Quando escolhi o nome “Cachorros de Bikini” o que eu tinha em mente era, em primeiro lugar, falar sobre coisas conhecidas de todos, mas de um jeito um pouco diferente do comum. Se eu consigo ou não fazer isso é outra história, mas a ideia sempre foi essa. Em segundo lugar eu sempre pensei nessas páginas azuladas como uma espécie de refúgio, um lugar onde o leitor pudesse desligar da vida real por um ou dois minutos. Um lugar onde o banal e o irrelevante podiam ser enxergados como coisas que realmente fazem a diferença na nossa vida, pelo menos por um ou dois minutos. Por isso quando eu estou tentando ter uma ideia para um texto novo a pergunta sempre volta. “Eu vou falar algo sério?”.

A resposta é sempre a mesma: Não. Quem me conhece há mais tempo sabe bem, quando eu começo a ficar sério em algum texto rola uma velha tesourada e alguma coisa acaba sendo censurada. Eu poderia falar algo sério e relevante? Talvez, mas não aqui dentro, aqui é não é lugar pra isso. Ser crítico e ácido é algo que eu até consigo, mas eu deixo pra ser assim fora daqui, caso contrário aquelas frases que aparecem junto com o título do blog seriam mentira. Aqui dentro temos “Coisas bestas da vida tratadas com o cuidado que elas merecem”, “Reflexões rasas sobre coisas profundas e reflexões profundas sobre coisas rasas”, por isso o Cachorros de Bikini se compromete a continuar “Sem nenhum compromisso de mudar a sua vida”. Caso você, caro leitor, queira ver opiniões balizadas sobre questões sérias e importantes, eu posso até indicar algumas pessoas muito mais competentes nesse campo do que eu pra você seguir, mas não espere isso de mim, pelo menos não aqui dentro.

Aila e Ayla

Outro dia estava eu conversando com uma amiga. Em dado momento ela me manda a seguinte mensagem “Vou lá em Aila hj”. Imediatamente eu me lembrei desse video, a cena de apresentação de Ayla, personagem de um jogo relativamente antigo. Obviamente eu não podia perder a oportunidade de fazer uma graça com essa coincidência. Joguei uma imagem da personagem do jogo na conversa e fiz um resumo de quem era a sujeita. Em resposta minha amiga mandou um “hahahahah” seguido de um “Vou mostrar essa conversa a ela”. Naquele momento eu não fazia ideia do que tinha acabado de fazer.

Deixando de lado toda a roupagem fantasiosa do jogo e se concentrando na essência do personagem, podemos dizer que Ayla é uma mulher forte, independente, corajosa e que contribui de forma relevante para a sociedade onde vive. Eu não conheço Aila, da mesma forma que não conhecia quando fiz a brincadeira com o nome dela e o da personagem do jogo, mas pouco tempo depois descobri que ela vem passando por uma fase complicada da vida. Assim como muitas pessoas de verdade ela vem enfrentando problemas bem reais. Não cabe a mim dizer quais são esses problemas, mas de alguma forma apresentar as duas, a personagem e a pessoa de verdade, conseguiu produzir um efeito positivo. Pelo menos eu gosto de pensar dessa forma.

Não sei qual o corte do cabelo de Aila, se ela usa um porrete, se usa roupas feitas de pele ou se ela luta contra inimigos reptilianos em um mundo pré-histórico. Eu sei que ela tem enfrentado um inimigo bem mais assustador, inimigo esse que ainda não conseguiu vencer. Apesar disso sei que Aila provavelmente tem força e coragem suficientes pra deixar Ayla com inveja. Particularmente alimento a ilusão de que ao apresentar as duas eu tenha lembrado Aila de que ela é tão forte quanto Ayla. Se eu estiver enganado… Pelo menos valeu a pena fazer a pessoa de verdade conhecer alguém legal que carrega o mesmo nome dela, alguém que provavelmente ela nunca conheceria.

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