“Feliz Natal”

    Foi o que disse o taxista ao deixar Ribeiro no aeroporto. Uma viagem de trabalho tinha colocado em risco os planos de Natal dele, mas, mesmo com o cronograma apertado, Ribeiro chegaria a tempo para a ceia. Bem em cima da hora, mas ainda assim a tempo.

    “Feliz Natal”

    Foi o que Ribeiro ouviu da moça no guichê da companhia aérea. Algumas horas de atraso fizeram ele perder a conexão no aeroporto seguinte e consequentemente a ceia de Natal. Por sorte ele conseguiu ser encaixado em um voo direto… Que sairia algumas horas depois. Segundo a previsão ele chegaria em casa com umas duas horas de atraso, mas pelo menos ainda poderia desejar “Feliz Natal” para a maioria dos parentes.

    “Feliz Natal”

    Rosnou Ribeiro entre os dentes ao se despedir do funcionário da companhia aérea. Depois de uma hora correndo pelo aeroporto num estado que deixaria qualquer barata tonta com inveja, Ribeiro descobriu que conseguiu mudar de voo… Só ele, a bagagem estava no outro avião e só chegaria de manhã. Juntamente com os presentes que ele tinha comprado para os sobrinhos.

    Ele olhou no relógio. Os ponteiros marcavam três horas da manhã. Nenhum familiar atendia o celular e Ribeiro estava esperando apenas uma boa desculpa pra assassinar alguém. Todo mundo já tinha ido embora e a área do desembarque estava vazia. Nenhum voo estava previsto para o resto da madrugada. Tudo estava vazio e silencioso.

    O som de vários passos encheu o ambiente. O cheiro de comida encheu o ar e algumas vozes conhecidas foram ouvidas. Ao se virar para ver, Ribeiro deu de cara com a família. Duas dúzias de Ribeiros que estavam ali com uma parte considerável da ceia de Natal nas mãos. Ele não sabia bem como reagir. Poderia abraçar os sobrinhos, dar um beijo na mãe ou na avó, pegar um pedaço do chester ou se jogar no meio dos primos. Na dúvida ele só disse.

    “Feliz Natal”.

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