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Voltar pra Casa

Existem algumas poucas coisas que são comuns a todos. Coisas que mostram que no fundo todo mundo é feito do mesmo material. Que pensa e sente de um jeito muito parecido.

    Um desses sentimentos comuns é aquele que desperta quando você, depois de muito ou de pouco tempo, volta pra casa.

    Muitos já disseram: o lar é onde o coração está. Apesar de não gostar de pensar no coração como alguma coisa além daquilo que ele é de fato, concordo com a afirmação.

Sair de casa é um ato de auto-agressão. Antes que me acusem de instigar a reclusão ou qualquer coisa do gênero, deixem-me explicar. As nossas casas, de maneira geral, são locais onde nos sentimos seguros. Essa segurança vem justamente do fato de conhecermos tudo que existe dentro dela. Desde o rangido que a porta faz até a parte do sofá que é mais fofa. Quando saímos somos lançados em um mundo hostil que cada vez mais parece querer devorar as nossas tripas e beber o nosso sangue.

Considerando o ato de sair de casa como uma coisa tão traumática, não é difícil pensar no retorno pra casa como uma benção divina. Gosto de pensar que todos os dias colocamos nossas roupas de mergulho, penduramos o tanque de oxigênio nas costas e mergulhamos no mundo. Quando voltamos no fim do dia, exaustos por tanto lutar com os inimigos que nos espreitam do lado de fora, conseguimos finalmente respirar. Tiramos todo o peso das costas, as roupas de borracha e os pés de pato e nos recuperamos pro dia seguinte.

Mas nem sempre saímos de casa pra matar um leão. As vezes, vezes essas que se tornam mais raras conforme a idade avança, saímos de casa apenas por diversão. Inclusive acredito que só conseguimos nos divertir por saber que temos pra onde voltar. Em algumas dessas vezes saímos de casa por vários dias, e em casos como esse tudo é bem mais forte.

Vamos manter em mente a analogia com o mergulhador. Imagine que ao sair de casa por vários dias você leva oxigênio suficiente pra respirar debaixo d’água até a hora de voltar. O tempo vai passando, e com o passar do tempo você se acostuma a ficar submerso, respirando com máscara e usando uma roupa de borracha. Em um determinado momento começa a pensar que não seria tão ruim continuar no fundo do mar, que poderia passar mais tempo vivendo daquele jeito. Mas chega a hora de voltar, a tristeza que o fim de uma boa viagem traz começa a se misturar com a ansiedade por voltar logo pra um canto conhecido. Assim como um mergulhador que vai se aproximando devagar da superfície, nos aproximamos vagarosamente do nosso destino, e quando finalmente colocamos os pés dentro de casa… Aquilo que sentimos faz todo o tempo fora ter valido a pena. Vale a pena passar um tempo longe, só pra poder se sentir mais feliz quando chegar em casa… É isso.

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  1. Bernardete

    Já dizia um filósofo chamado Eli nos seus 4 anos,lar doce lar,não importa como é esse lar,importa é que estão ali os que amamos e que nos ama. Seja bem vindo!

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