Não é um blog sobre cachorros e bikinis

Contos de Segunda #29

— Jogue a arma pra cá e saia de mãos pra cima, Carmim. Você não tem como fugir.

    Por esse e outros motivos eu não trabalho nas segundas, sempre acontece alguma coisa assim. Ossos do ofício, ou não, a verdade é que nem tudo são flores na vida de um detetive particular.

    Tudo começou naquela manhã. Apesar do dia nublado fazia um calor dos infernos. Eu estava esperando a ligação do meu contato no escritório do juiz, mas quando o telefone tocou uma voz diferente estava do outro lado da linha.

    — Você nunca conseguiu deixar o telefone tocar muito tempo, não é? — A voz feminina do outro lado da linha era mais do que familiar. As silabas lentas e a voz ligeiramente rouca eram inconfundíveis.

    — Só acontece quando você liga, Ângela, costumo ter pressa para arrumar problemas — eu não estava exagerando, ela nunca ligava quando o assunto não era problema. Algum problema dela que acabava virando problema meu.

    — Não seja tão rude comigo, meu querido, eu não ligaria se não estivesse realmente precisando.

    — Estou ouvindo.

    — Mataram meu marido e a polícia está convencida de que fui eu quem fez o serviço — Eu também pensaria assim se fosse a polícia, afinal não é todo dia que um banqueiro morre e deixa como herdeira apenas sua esposa vinte anos mais nova. Principalmente quando essa esposa é Ângela Bevoir.

    — Você não parece muito triste para uma mulher que acabou de perder o marido.

    — Eu estaria bem menos triste se não corresse o risco de ser presa — a voz dela estava mais séria. — Estou desesperada, Carmim, não tenho mais a quem recorrer.

    — O que você precisa que eu faça, Ângela?

    — Preciso que encontre um homem, Humberto Solini, ele estava com meu marido pouco antes do assassinato. Eles trabalhavam juntos no banco e coincidentemente ninguém tem noticias dele desde o ocorrido. Não deve ser problema pra você.

    — A menos que alguém além de mim esteja procurando pelo sujeito.

    — Creio que não haverá qualquer tipo de complicação… Mas devido ao caráter urgente da situação, quanto antes nossa testemunha for localizada melhor.

    Eu já tinha um nome e uma pista. Peguei o meu chapéu, tranquei a porta e desci as escadas. Olhei minha caixa de correio e lá estava uma foto de Ângela, no verso estava escrito:

Você não sabe no que está se metendo, detetive

    De fato eu não sabia, mas estava começando a ficar interessante. Já sabiam que Ângela ia me procurar, e aparentemente não faz muita diferença se eu aceitei ou não ajudá-la. Dessa vez ela deve ter ido longe demais e acabou me levando junto. Eu não tinha ideia no que eu estava me metendo, mas escapar dessas roubadas sempre era bom para os negócios.

Compartilhe esse canino em traje de banho

Facebooktwittergoogle_plusredditpinterestlinkedinmail

Anteriores

Voltar pra Casa

Próximo

A Odisseia Espacial de David Bowie

  1. Belo conto, campeão! Ainda espero que vc jogue L.A. Noire algum dia!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén