Eu lembro de quando eu era pequeno e muitos dos clássicos dos anos 80 ainda eram reprisados na TV. Dentre os mais reprisados, e com certeza o que está mais vivo na minha memória, está um dos filmes mais icônicos da história desse nosso universo: Rocky IV. Onde Rocky Balboa, “interpretado brilhantemente” por Silvester Stallone, luta contra Ivan Drago, interpretado com bem menos brilho por Dolph Lundgren. Rocky e Rocky II eu só vi quando estava bem mais velho, juntamente com o sexto filme da série Rocky Balboa. O sexto filme não foi só o retorno do velho Balboa, mas também a sua despedida dos ringues. Rocky voltou para mais uma luta e como sempre a luta não foi apenas dentro do ringue, principalmente por causa da relação conflituosa de Rocky com o filho, que acabou gerando uma das cenas mais icônicas do cinema nos últimos anos. Não é difícil adivinhar a minha felicidade quando soube que Rocky Balboa voltaria para o cinema. Dessa vez não seria ele a subir no ringue. Nesse novo filme seriamos apresentados a um novo lutador: Adonis Creed. E para treinar o filho do antigo rival e amigo, Apollo Creed, Rocky Balboa retornou no sensacional Creed, que recebeu merecidamente o subtítulo nacional de “Nascido para Lutar”.

    Eu não vou falar sobre a história do filme. Qualquer resumo que eu fizesse aqui não seria melhor do que qualquer sinopse que tem por aí. Falar sobre como gostei do filme, como o Stallone está atuando muito melhor do que o normal ou de como a trilha sonora é sensacional seria perda de tempo. “Então o que eu tô fazendo lendo esse texto?” deve ser a pergunta que surgiu na sua cabeça, caro leitor. Vamos analisar sob outra ótica. Se repararmos bem, em todos esses filmes, o boxe não é a coisa mais importante.

Em todos esses filmes não só a vida daqueles que lutam gira em torno do ringue. O boxe era uma oportunidade única pra Balboa e ele agarrou com unhas e dentes, e essa escolha mudou a vida dele e de todos ao seu redor. Mas e se lutar fosse uma pura questão de escolha e não a melhor chance de mudar de vida? Não seria spoiler dizer que é justamente isso que acontece com nosso novo protagonista. Adonis Creed escolhe o boxe. Decide ceder à atração irresistível do ringue e mergulha de cabeça. Mas o peso do nome acaba tornando ele o tipo de personagem que eu mais gosto: o personagem de Legado.

Wally West, Tim Drake, Kyle Rayner, Miles Morales e tantos outros personagens das histórias em quadrinhos herdaram o manto dos heróis que vieram antes deles. O que eles tem em comum é a vontade de honrar o manto, o desejo de se provar digno do título, de ser maior que o nome e deixar a sua marca no mundo, de construir algo seu. Adonis não foge muito desse modelo, mas foge totalmente do personagem que Rocky Balboa foi nos primeiros filmes. E é aí que está o brilho do personagem. É nesse ponto que nos enxergamos um pouco no jovem Creed. Foi nesse ponto que eu me rendi à essa história.

Não dá pra discutir muito mais sem entregar mais coisas da história. O que eu vi na tela grande não foi nada revolucionário, mas eu saí do cinema com a impressão de que tinha acabado de ver um clássico instantâneo. Assim como o seu protagonista, o filme é o herdeiro de um legado, o novo detentor do manto, aquele que será responsável por essa série daqui pra frente. E é só o começo da construção de um novo legado.

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